Além da diversão com espetáculos de Parintins, bloco de Salvador e escolas de samba cariocas, a feira discute meio ambiente e perspectivas econômicas do mercadoFOTOS Divulgação
Por O Dia
Publicado 22/07/2018 03:00 | Atualizado 23/07/2018 22:38

Rio - As cartas ainda podem voltar a se embaralhar nas próximas semanas, mas o chamado Centrão fez na semana que passou o movimento mais importante na definição do cenário real no jogo da sucessão presidencial ao fechar acordo com o candidato tucano Geraldo Alckmin, que pode chegar a outubro com o apoio de mais de dez partidos. As cinco legendas que declararam apoio ao ex-governador paulista deram a ele muito tempo de TV - três vezes mais que qualquer dos adversários. O outro lado da moeda é a companhia. Um palanque formado pelos caciques de PP, SD, DEM, PRB e PR carrega o peso de uma montanha de denúncias.

O PP é um dos partidos recordistas em denunciados da Lava Jato, com 34 nomes sob investigação. Em abril, a Polícia Federal bateu às portas do gabinete e da casa do presidente do partido, Ciro Nogueira, suspeito da prática de associação criminosa. O partido é um exemplo da flexibilidade do Centrão, sempre pronto a "dar governabilidade". Até quinta-feira, considerava apoiar Alckmin, Ciro ou mesmo o PT.

O presidente do SD, Paulinho da Força, que impôs como condição a Alckmin o compromisso de apoiar novas formas de financiar o funcionamento de centrais sindicais, é investigado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

ACM Neto e Rodrigo Maia, os caciques do DEM, são alvos de delações das empreiteiras OAS e Odebrecht.

O PRB, ligado à Igreja Universal, é presidido por Marcos Pereira, que deixou o cargo de ministro da Indústria e Comércio em janeiro, após um áudio em que, supostamente, fazia um acerto de propina com Joesley Batista, da JBS.

E o PR, último partido a aderir ao blocão, é comandado por Valdemar da Costa Neto, que já foi condenado a sete anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas acabou indultado. A legenda deverá indicar o vice-presidente da chapa, o empresário mineirop Josué Gomes. "Isso não é ruim paro Alckmin, porque o PSDB já carrega uma imagem de partido corrupto", acredita o cientista político Sérgio Praça. "Alckmin não tem um discurso anticorrupção, então essas investigações sobre seus aliados não interferem na campanha dele".

A decisão pelo tucano foi por exclusão, admitem parlamentares do Centrão. Apesar da posição pouco favorável nas pesquisas, ele era o candidato que reunia menos inconvenientes e, portanto, vetos. "A decisão foi certamente correta", avalia o vereador Cesar Maia (DEM), pai e mentor de Rodrigo Maia, liderança maior do Centrão que vai abrir mão da pré-candidatura à Presidência e buscar a reeleição para a presidência da Câmara. "O fator decisivo foi chegar a uma unidade que só seria possível com Alckmin". 

Eleição 'sem intermediário' e enfraquecimento de Ciro
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'A gente corre o risco de ter a polarização de sempre' - Cláudio Couto, cientista político
Alckmin voltou ao jogo com o apoio do Centrão?
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Eu sinceramente acho que ele nunca esteve fora. Também nunca esteve em alta nas pesquisas, mas esse apoio foi uma vitória de seu jeito de fazer política. É um candidato muito sem graça, sem carisma, mas ao mesmo tempo ele mostra ser uma pessoa mais tranquila, que vai oferecer segurança. Nesse momento, não há ninguém que pareça, nos setores do empresariado, mais confiável do que ele.
Em certo momento, parecia que Ciro conseguiria o apoio dessa turma...
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Tem a questão de administrar os problemas de temperamento dele. Não considero Ciro um candidato esquerdista; na verdade, é um cara muito explosivo, fala demais. Ele mesmo foi estreitando os pactos que poderia eventualmente ter. Como o Bolsonaro não era opção confiável mesmo, Alckmin se tornou um candidato natural.
Veremos novos movimentos de aglutinação?
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O jogo começa a ficar mais sério; o outro lado terá que se mexer. O Lula, a gente sabe que vai pular fora em algum momento. O PT não vai querer morrer abraçado com o Lula, mas não pode esperar demais para lançar, por exemplo, o Fernando Haddad. A hora da verdade está chegando.
E quem vai chegar lá?
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A gente corre um certo 'risco' de ter de novo a polarização centro-direita e centro-esquerda, tendo o PSB com o Ciro ou o com o candidato do PT. Assim, Bolsonaro sobra, com o mesmo percentual da Marina.
 

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