Minas Gerais - Por volta da 5h30 deste domingo, a população da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, foi acordada pelo barulho de uma sirene de evacuação, devido ao risco de rompimento da barragem 6. À tarde,após a confirmação de que o risco de rompimento diminuiu, as buscas foram retomadas pelo Corpo de Bombeiros, e seguirão durante a noite. Cerca de 24 mil pessoas da região, que haviam começado a ser evacuadas, puderam retornar às suas residências, informou o porta-voz da Defesa Civil.
O porta-voz da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente coronel Godinho, informou, na noite deste domingo, um novo balanço da operação de resgate em Brumadinho, após rompimento em barragem na Mina do Feijão, pertencente à Vale. Oficialmente, são 58 mortos e 305 desaparecidos. Cento e noventa e duas pessoas foram resgatadas.
A Vale também havia divulgado, nesta manhã, nota informando sobre risco, ao ser detectado aumento dos níveis de água. Segue a nota na íntegra:
"A Vale informa que, por volta das 5h30 deste domingo, acionou as sirenes de alerta na região da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), ao detectar aumento dos níveis de água nos instrumentos que monitoram a barragem VI. Esta barragem faz parte do complexo de Brumadinho. As autoridades foram avisadas e, como medida preventiva, a comunidade da região está sendo deslocada para os pontos de encontro determinados previamente pelo Plano de Emergência. A Vale continuará monitorando a situação, juntamente com a Defesa Civil. Novas informações a qualquer momento."
Ônibus é encontrado
O porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Pedro Aihara, informou que dez corpos de funcionários da Vale foram encontrados dentro de um ônibus, que estava soterrado pela lama causada pelo rompimento da barragem.
O ônibus estava soterrado na lama, em Brumadinho e foi necessário um maquinário específico para a sua remoção. Os bombeiros já suspeitavam que tivessem mais pessoas sem vida no veículo.
Prefeito dispara contra Vale e governo de Minas
Em entrevista coletiva concedida na tarde deste domingo, o Prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo Barcelos, disse que "não tem que pedir desculpas" e culpou a Vale e o governo do Estado de Minas Gerais pela tragédia após o rompimento de uma barragem da mineradora.
"A responsabilidade tem que ser toda da Vale", afirmou o prefeito, após ser indagado pelo dano às milhares de famílias afetadas na região. "A Vale foi inconsequente e incompetente", disparou ele. "Não vamos aceitar a Vale ficar de braços cruzados. Eles não podem deixar as vítimas na mão".
Questionado sobre a fiscalização, Avimar foi assertivo: "A culpa é do Estado". "A prefeitura não tem nada a ver com isso".
Vale divulga nova lista com nome de 287 desaparecidos
A Vale divulgou na tarde deste domingo uma nova lista com os nomes de 287 funcionários desaparecidos. Segundo a mineradora, a lista é composta por quem a empresa não conseguiu contato desde o acidente ocorrido na última sexta-feira.
MP-MG cita Constituição cobra da Vale a retirada imediata de animais
O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) está cobrando da Vale, de forma imediata, o resgate dos animais isolados na região de Brumadinho em razão do rompimento da barragem. Também acionou a companhia para que garanta "a provisão de alimento, água e de cuidados veterinários àqueles animais cujo resgate não for tecnicamente recomendável".
No documento encaminhado à mineradora e divulgado neste domingo, são citados danos ambientais, sociais e humanos imensuráveis para a área em Brumadinho.
O Ministério Público informou que, ao acionar a companhia, considerou, entre outros pontos, o artigo 225 da Constituição Federal de 1988 que trata da proteção do meio ambiente.
* Com informações do Estadão Conteúdo
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