Jair Bolsonaro: 'Quem quiser vir aqui fazer sexo com mulher, fique à vontade tem conversado sobre mudanças nas estatais'AFP
Por *Jenifer Alves
Publicado 26/03/2019 17:00 | Atualizado 26/03/2019 17:28

Rio - A hashtag #Ditaduranuncamais foi o assunto mais comentado do Twitter da manhã desta terça-feira. O assunto ficou em alta após o presidente Jair Bolsonaro determinar a celebração do aniversário de 55 anos do golpe de 1964, nesta segunda-feira. Usuários da rede social compartilharam depoimentos, relatos, histórias sobre desaparecidos e torturados durante o período. Entre os mortos, pessoas classificadas como subversivas — professores, estudantes, funcionários públicos ou 'suspeitos' — também vítimas de perseguições contínuas, até mesmo entre círculos militares.

O anúncio para a realização das "devidas comemorações" foi feito pelo porta-voz da Presidência República Otávio Rêgo Barros: "O nosso presidente já determinou ao Ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com relação a 31 de março de 1964, incluindo uma ordem do dia, patrocinada pelo Ministério da Defesa, que já foi aprovada pelo nosso presidente", afirmou Rêgo Barros durante a coletiva realizada no Palácio do Planalto nesta segunda-feira. Segundo ele, as cerimônias devem ser realizadas da "maneiras que os comandantes acharem que devem ser feitas".

Em 2010, durante uma reunião da Comissão Nacional da Verdade, responsável por investigar, pesquisar e punir autores de crimes contra os direitos humanos durante a ditadura, Bolsonaro fez afirmações contra a cúpula: "Eu gostaria de torturar alguns aqui e o instrumento da minha tortura seria a verdade", disse. Segundo ele, que se refere ao golpe como revolução militar. A Lei de Anistia, de 1985, impediu o julgamento dos crimes cometidos pelos agentes da repressão.

O deputado federal David Miranda, membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, se posicionou sobre o caso. Ele afirmou que "o que ocorreu em 1964 foi um golpe que instalou uma ditadura civil-militar em nosso país, eu nunca pensei que estaríamos discutindo isso depois de tantos dados, estudos, depoimentos, análises e pesquisas sobre os 21 anos de ditadura, em que pessoas foram presas, torturadas - inclusive crianças, mandadas para fora do país e mortas por pensarem politicamente diferente", disse. O parlamentar citou ainda que a ida de Bolsonaro ao Chile, quando exaltou Pinochet, criando uma indisposição com o presidente do país.

O período da ditadura teve início no dia 1 de abril de 1964, quando militares deram um golpe de estado no então presidente João Goulart. A justificativa era de afastar a possível ameaça de um governo comunista no país. Durante os 21 anos do período, eleições para presidente foram suspensas e o Congresso Nacional foi fechado. A simpatia de parte da sociedade para com o período dá-se por conta do chamado "Milagre Econômico" e os investimentos na indústrias de base. O cenário, no entanto, gerou um drástico aumento na dívida externa e uma dependência do capital internacional. Em 2014, ano do cinquentenário do golpe, a Comissão Nacional da Verdade publicou relatório informando que a ditadura deixou 434 mortes e desaparecimentos, especialmente após o AI-5, em 1968.

*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes

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