Estado do Rio segue com fila de espera para leitos de covid-19Miguel SCHINCARIOL / AFP
Por Fernando Faria
Publicado 25/03/2021 07:00
Na angustiante e cotidiana contagem dos mortos pela covid-19, chegamos a 300.685 óbitos. O Ministério da Saúde impôs novas regras para o registro de mortes, o que dificultou muito a contabilização dos dados, mas recuou horas depois. Em São Paulo, por exemplo, foram 281 óbitos nesta quarta-feira, contra 1.021 no dia anterior. No Brasil, nas últimas 24 horas, as mortes somaram 2.009.
Nos últimos 76 dias no país, mais 100 mil vidas foram perdidas. Em um ano de pandemia, nos vemos no momento mais cruel: hospitais públicos e particulares superlotados, profissionais de saúde exaustos e abalados, familiares desesperados por uma vaga para o avô, o pai, a mãe, o filho... E a perspectiva é que em abril a situação se agrave. Ao menos três estados não têm mais UTI para pacientes infectados pelo coronavírus: Acre, Rondônia e Mato Grosso do Sul. Mais 13, além do Distrito Federal, estão com o índice acima de 90%: Amapá, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. 
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O negacionismo e a irresponsabilidade racharam o país. Caímos no enorme buraco do medo e da incerteza, não fazemos ideia do quanto ainda despencaremos, nem se sairemos. A doença não dá trégua, o vírus se reinventa, a vacina chega a conta-gotas e milhões de brasileiros parecem anestesiados, preferem ignorar a realidade, viver (ou morrer) num mundo paralelo. Não usam máscaras, não evitam aglomerações, não deixam de frequentar festas clandestinas. Fazem como ninguém o papel de voluntárias 'bombas humanas', prestes a explodir em contaminações.
Em meio à crise sanitária, estamos no quarto ministro da Saúde, transformamos a pandemia em pandemônio diário, com falta de leitos e de insumos. Há um ano, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta alertava que, "se fizéssemos tudo errado", chegaríamos a 180 mil mortos em 2020. E como erramos! Temos 10% dos óbitos de todo o mundo. Jamais foi uma 'gripezinha'. Até para os negacionistas é bem difícil fugir do mundo real. Afinal, quem de nós não perdeu um parente, não tem um amigo que chorou a morte de alguém próximo? 
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Mas o que são 300 mil vidas? Muito difícil dar a exata medida desse trágico número em palavras. É como se desaparecessem de uma só vez todos os moradores dos bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon, Leme e Flamengo. Somente nove municípios do Estado do Rio têm mais de 300 mil habitantes. Os outros 83 sumiriam. É como se numa guerra nossas Forças Armadas fossem dizimadas, com 90% dos homens tombando no campo de batalha. Você se emocionou com os garotos que morreram no incêndio no Ninho do Urubu e tiveram interrompido o sonho no Flamengo? Pois é: 300 mil são a repetição daquela tragédia por 30 mil dias, ou 82 anos. Mas, e daí? Hoje, o Brasil vai continuar contando os seus mortos, numa rotina fúnebre e cruel demais. Você quer mesmo ser cúmplice dessa catástrofe?
LUIZ HENRIQUE MANDETTA, ex-ministro da Saúde
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ELENA LANDAU, economista
RODRIGO MAIA, ex-presidente da Câmara dos Deputados
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ANDRÉ CECILIANO, presidente da Assembleia Legislativa do Rio
RAUL VELLOSO, economista
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PATRICIA PILLAR, atriz
CARLO CAIADO, presidente da Câmara de Vereadores do Rio
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"Chegar a esse número era algo inimaginável no início da pandemia. São muitas famílias desfeitas por causa desse vírus. A vacina, alinhada com cuidados essenciais, é a nossa esperança. Desde o início da pandemia, a Câmara de Vereadores vem auxiliando a Prefeitura do Rio, através de legislações, no combate à Covid-19. Recentemente, essa Casa Legislativa aprovou uma lei, já em vigor, que autorizou o Executivo a comprar vacinas imunizantes para complementar o Plano Nacional de Imunização. Só venceremos essa batalha com esforços mútuos de todos os segmentos da sociedade.  A mesa diretora da Câmara de Vereadores aprovou o repasse de R$ 30 milhões para a Prefeitura do Rio para o combate à Covid-19. Os recursos são oriundos de economia orçamentária da Casa".
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