Publicado 11/05/2021 10:06
Rio - O cardápio das Forças Armadas em 2020 não teve apenas centenas de milhares de quilos de picanha e muita cerveja, mas também milhares de quilos de lombo de bacalhau, uísques 12 anos e garrafas de conhaque. As novas informações foram reunidas pelos deputados do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e divulgadas pelo Terra neste sábado (13).
A descoberta será anexada à representação que o partido fez à Procuradoria-Geral da República (PGR). Os deputados pedem esclarecimentos a respeito dos gastos alimentares das Forças Armadas, que inclui muitos pratos caros.
Os dados oficiais foram obtidos no Painel de Preços do Ministério da Economia, que divulga informações repassadas pelos próprios militares. Em 2020, foram comprados 140 mil quilos de lombo de bacalhau, além de 9,7 mil quilos de filé do peixe. Um dos pedidos, para a aquisição de 500 quilos de lomboo de bacalhau, cotava a carne a R$ 150 o quilo.
Além das carnes, bebidas caras também foram compradas. O 38º Batalhão da Infantaria, por exemplo, comprou dez garrafas de uísque 12 anos Ballantine's, com preço de R$ 144,13 por garrafa. Já o Comando da Marinha adquiriu 15 garrafas de Johnnie Walker 12 anos, cotado a R$ 164,18 por garrafa.
Por sua vez, o Batalhão Naval da Marinha aprovou a compra de até 660 garrafas de conhaque das marcas Presidente e Palhinha, com preço unitário de R$ 27,06.
"É um poço sem fundo. Quanto mais investigamos, mais absurdos e irregularidades encontramos. Se não bastasse o governo comprar picanha e cerveja, ainda tem o corte mais caro do bacalhau, uísque e conhaque e com indícios de superfaturamento", diz ao Terra o deputado Elias Vaz de Andrade (PSB-GO), que está entre aqueles que assinam a representação enviada ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para que investigue os gastos militares.
"Além da PGR, eu e mais nove deputados do PSB vamos levar essas informações ao Tribunal de Contas da União. Também estamos discutindo propor a instalação da CPI das compras do governo na Câmara Federal", complementa.
Questionado pela reportagem do Terra, o Ministério da Defesa disse que "reitera seu compromisso com a transparência e a seriedade com o interesse e a administração dos bens públicos" e que "eventuais irregularidades são apuradas com rigor".
Ainda segundo a pasta, "apresentar valores totais de processos licitatórios homologados como sendo valores efetivamente gastos constitui grave equívoco". No documento enviado à PGR, porém, os deputados exibem não apenas processos licitatórios, mas também dados detalhados com a identificação da compra, bem como o fornecedor.
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