O empresário é acusado de integrar e ser um dos líderes do chamado "gabinete paralelo".Reprodução
Por O Dia
Publicado 30/06/2021 12:02
O empresário Carlos Wizard presta depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira, 30. Acusado de integrar e ser um dos líderes do chamado "gabinete paralelo", que orientava as decisões do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante o combate à pandemia do novo coronavírus, Wizard tem se recusado a responder aos questionamentos dos senadores da comissão. Veja:
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No último dia 16, o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ao empresário Carlos Wizard o direito de ficar em silêncio e não produzir provas contra si no depoimento à CPI da Covid. No entanto, mesmo com a escolha de Wizard de ficar em silêncio durante seu interrogatório na CPI da Covid não impediu o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), de fazer suas perguntas ao investigado.
Mais que isso, Renan se amparou em vídeos em que o empresário fala em "forrar" o Brasil com medicamentos não comprovados cientificamente para tratar a covid-19 e relembra o mês que passou junto ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello atuando como conselheiro da pasta.
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A cada pergunta de Renan e de outros integrantes da comissão, Wizard repete a frase: "Me reservo ao direito de permanecer em silêncio", amparado pela decisão do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A situação fez com que o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), sugerisse até mesmo o uso de um gravador pelo depoente. "Veja bem, senhor Carlos Wizard, o senhor pode até ficar em silêncio em uma pergunta que possa lhe incriminar, é isso que o ministro Barroso falou para vossa excelência. E melhor ele colocar um gravador e nem precisa abrir a boca, 'me reservo aqui ao direito de ficar", criticou Omar Aziz, presidente da Comissão. Confira:
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O depoimento de Carlos Wizard havia sido marcado inicialmente para o dia 17 de junho, mas o empresário não compareceu à sessão. A CPI então requisitou à Justiça Federal a apreensão do passaporte dele. A medida foi tomada assim que Wizard desembarcou em São Paulo, nesta segunda-feira, no aeroporto de Viracopos.
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Momento de exceção
Uma exceção foi quando o relator perguntou de sua relação com a empresa Belcher Farmacêutica, representante do laboratório chinês CanSino Biologics no Brasil - responsável pela vacina Convidecia. Nesse momento, o empresário resgatou o que disse inicialmente à CPI, quando negou envolvimento no caso. "Citei esse aspecto na minha fala inicial, inclusive fiz questão de apresentar nessa mesa a juntada sobre esse assunto", disse apenas.

Outro momento em que Wizard não apelou ao silêncio foi quando a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) perguntou sobre a religião do empresário. No momento, Wizard exibiu seu próprio livro e o sugeriu a quem "tem interesse em conhecer um pouco mais da obra humanitária" que realizou em Roraima.

O empresário então levou uma nova invertida de Aziz. "Vai vender livro aqui, não", repreendeu o presidente da CPI.

Para Renan, o empresário mentiu ao fazer sua exposição à CPI, incorreu em vários crimes, inclusive de "charlatanismo". "E é por isso que está sendo investigado", disse. "Isso por si só é um crime contra a humanidade". A declaração veio logo após o relator exibir um vídeo em que Wizard defende que todos os municípios no Brasil usem o kit de tratamento precoce para combater a covid-19. Nele, o empresário faz uma "homenagem" ao prefeito da cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo, que teria assumido compromisso com a população da cidade, de que ninguém iria morrer vítima da covid-19 em razão do uso do tratamento precoce.

"(O prefeito) preparou um kit, com primeiros sintomas da doença, (paciente) recebe o tratamento, e sabe o que acontece? Ninguém morreu de covid-19 na cidade de Porto Feliz (...) Por que não podemos fazer a mesma coisa em todos os municípios desse país?", Wizard declara no vídeo.

Logo após a exibição, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, destacou que 122 pessoas morreram na cidade em razão da covid-19.
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*Com informações do Estadão Conteúdo
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