O ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira DiasMarcos Oliveira/Agência Senado
Por O Dia
Publicado 07/07/2021 15:45 | Atualizado 07/07/2021 16:12
Em depoimento à CPI da Covid no Senado, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, afirmou nesta quarta-feira, 7, que o coronel Élcio Franco, ex-número 2 da pasta na gestão do general Eduardo Pazuello, substituiu quadros da diretoria de logística por militares e admite intervenções do secretário.
Após ser questionado pelo relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), o ex-diretor afirmou que seu relacionamento com o então secretário-executivo da pasta Élcio Franco era de "pouco contato".
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Dias completou dizendo que não sabia o motivo do secretário ter substituído dois funcionários da pasta por militares, mas admitiu intervenções do coronel no departamento de logística do Ministério da Saúde. Confira no vídeo:
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Roberto Dias também afirmou desconhecer o motivo do pedido de Franco para que se exonerasse dois funcionários da pasta. "Não sei porque. Desconheço. Entendo que elas foram exoneradas injustamente. Elas trabalhavam muito bem".
Segundo o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), Elcio também teria solicitado a exoneração de Dias. "Por que essa divergência com ele?", pergunta Omar.
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"Peço que o senhor faça a pergunta a ele inclusive. Desconheço", responde Dias. De acordo com o depoimento de Dominghetti, Elcio Franco não tinha conhecimento do suposto pedido de propina. "Ele estranhou", disse Dominghetti durante sua oitiva na última quinta-feira (1º).
No início do depoimento, Dias negou ter pedido propina e chamou Dominguetti de "picareta". "Nunca pedi nenhuma vantagem ao senhor Dominguetti e a ninguém", disse Roberto Dias.
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Dias afirma que negociação de vacina Covaxin coube a Élcio Franco
Durante o depoimento, Roberto Dias disse que foi o coronel Élcio Franco quem coordenou todo o processo de negociação do governo para aquisição da Covaxin, vacina indiana contra o coronavírus. A compra do imunizante é investigado após um servidor da pasta apontar suspeitas de irregularidades, como pressão de superiores para acelerar a compra e a tentativa de pagamento antecipado.
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"No âmbito da covid-19, todas essas tratativas foram feitas exclusivamente na Secretaria Executiva", disse Dias. O ex-diretor, que é ligado ao atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), foi demitido na semana passada em meio às suspeitas de corrupção na pasta.
No depoimento, Dias citou que Élcio centralizou as negociações de vacinas no início do ano. Como revelou o Estadão, em 29 de janeiro, Elcio, que era secretário executivo do ministério, enviou ofício a 16 secretarias e diretorias do ministério, dando ciência sobre a concentração das ações.
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Dias também afirmou que não cabia ao seu departamento, mas à Secretaria Executiva, fazer uma pesquisa de preço para saber se o valor cobrado pela Covaxin estava em acordo com o mercado internacional. Como revelou o Estadão, o preço aumento de US$ 10 para US$ 15 por dose durante as negociações. O custo por unidade da vacina indiana é o mais alto dentre os imunizantes comprados até agora pelo governo.
"No caso de vacinas covid-19, esse preço já havia sido aferido pela Secretaria Executiva (comandada por Élcio Franco). O Departamento de Logística não participou de nenhuma execução, de nenhuma negociação", afirmou em referência a negociação pelo imunizante indiano.
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O Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou na segunda-feira, 5, do Ministério da Saúde uma série de explicações sobre a compra da Covaxin, entre elas o motivo do aumento no preço e a ausência de tentativas de negociação.
Calheiros anunciou que o colegiado vai convocar novamente Élcio Franco para depor e também sugeriu uma acareação com Dias. O ex-secretário já havia sido ouvido no início de junho, antes do colegiado focar em irregularidades na compra da vacina indiana.
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Para Calheiros, embora haja suspeitas sobre Élcio, avaliou que Dias não foi convincente ao dizer que não participava do processo de negociação de vacinas. "As mensagens de e-mails e atuação dos vendedores de vacina demonstram que ele participava das negociações diretamente. O depoente, inclusive, recebeu proposta de venda de vacinas para o governo federal por e-mail e, depois, entrou em contato diretamente com o empresário para tratar do assunto", escreveu o relator em sua manifestação sobre o depoimento.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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