Coronel da reserva Marcelo Blanco depõe na CPI da Covid Divulgação Senado Federal
Publicado 04/08/2021 12:07 | Atualizado 04/08/2021 14:00
Brasília - Com o direito obtido por meio de um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), o coronel da reserva Marcelo Blanco, ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, afirmou que só negociou a compra de vacinas da AstraZeneca com o policial militar Luiz Dominguetti para o mercado particular.
De acordo com ele, as conversas que teve com o representante da Davati no Brasil só ocorreram em fevereiro, um mês depois de ter deixado o ministério. Blanco afirmou que pretendia a “construção de modelo de negócio no meio privado”.
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Em seguida, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) rebateu. Ele afirmou que a negociação de imunizantes para particulares “era uma atividade absolutamente irregular”.
Com a possibilidade de se manter em silêncio para não incriminá-lo, em outro momento da sessão, o coronel da reserva explicou que foi indicado ao então ministro da Saúde Eduardo Pazuello pelo coronel Franco Duarte, amigo de Blanco há mais de 35 anos. Blanco acredita que sua experiência profissional contribuiu para que assumisse cargo de assessoramento na Diretoria de Logística da pasta.
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Jantar em Brasília
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Questionado sobre o jantar do dia 25 de fevereiro no restaurante Vasto, em Brasília, com o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, Blanco afirmou que não foi um encontro casual. O coronel da reserva disse que soube através de Dias que ele estaria no local e sugeriu ao representante da Davati Medical Supply, Luiz Dominguetti, que estava na capital, para ir no restaurante e solicitar uma agenda com a pasta.
De acordo com Dominguetti, teria sido nessa ocasião, o pedido de Dias de propina de US$ 1 para cada dose negociada na venda da vacina AstraZeneca ao governo.

Após Blanco afirmar isso, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), junto com Calheiros, afirmaram ser contraditório o coronel da reserva ter buscado contato com Dias quando o ex-diretor já não concentrava poder de decisão sobre as vacinas. Blanco admitiu ter uma "relação amistosa" com Dias, mas não tinha relação de proximidade com Pazuello. 
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Também na sessão, Blanco negou acusações por Cristiano Alberto Carvalho, vendedor da Davati no Brasil, na CPI da Covid. Segundo o vendedor da empresa, o militar seria “um assessor oficioso” de Dias. "Tinha dias que eu sequer via o general Pazuello. Eu não participava de reuniões de cunho estratégico, reuniões de gabinete de crise com outros secretários de áreas finalísticas. Meu cargo era consultivo", disse ele.
Jantar em Fevereiro
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Por diversas vezes, Blanco foi citado em depoimentos na CPI. O ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, exonerado em janeiro, participou de jantar em restaurante em Brasília onde teria sido feita a proposta de pagamento de propina na comercialização de doses da vacina Astrazeneca.
Em depoimento à CPI em 1º de julho, o policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira — que se definiu como representante da Davati Medical Supply — afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias em troca de assinar contrato de venda de vacinas AstraZeneca com o ministério.
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O pedido de propina, de acordo com o vendedor, foi feito no dia 25 de fevereiro deste ano, em jantar no restaurante Vasto, em um shopping em Brasília, onde esteve presente o coronel Blanco, que o teria apresentado a Dias.
O ex-diretor Dias, que recebeu voz de prisão ao final de seu depoimento aos senadores no dia 7 de julho, afirmou, inicialmente, que seu encontro com Dominguetti e Blanco no restaurante em Brasília foi casual, mas depois assumiu — a partir de áudios exibidos na comissão — que o coronel sabia que ele estaria no local.
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