Diretor de farmacêutica, Jailton Batista depõe na CPI da Covid nesta quarta-feira, 11Jefferson Rudy/Agência Senado
Publicado 11/08/2021 11:55 | Atualizado 11/08/2021 13:02
Brasília - Nesta quarta-feira, o empresário Jailton Batista confirmou à CPI da Covid que a farmacêutica Vitamedic vendeu ivermectina ao governo em "kit covid" mesmo sem conduzir nenhum estudo sobre a eficácia do medicamento no tratamento da doença. Ele afirmou, ainda, que a empresa patrocinou propaganda da Associação Médicos pela Vida sobre "medicamentos contra covid-19".
Acompanhe a sessão ao vivo:
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Questionado pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Batista disse que a farmacêutica "ainda" não teria promovido nenhuma pesquisa sobre o tema. Assista:
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O depoente afirmou também que a Merck, primeira fabricante da ivermectina, informou em comunicado não haver evidência de que o produto funcione contra a covid-19. "Vocês vendiam e não diziam em bula que a ivermectina não salva vidas contra a covid-19. Isso levou a morte de muitos amazonenses, e isso não ficará impune", reagiu o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM).
Em resposta a Calheiros, Jailton disse que a farmacêutica gastou R$ 717 mil para patrocinar médicos a recomendarem a ivermectina. Sobre o manifesto do Médicos pela Vida, o empresário atribui a responsabilidade aos médicos que assinaram o documento. As afirmações do depoente chocaram Aziz, que lembrou que o manifesto foi publicado após o caos sanitário em Manaus no início do ano.
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"Nem isso [o caos] sensibilizou o laboratório. Visou lucro mancomunado com médicos. Se isso não é crime, não tem nenhum crime para investigar", disse Omar, acrescentando que o faturamento da empresa saltou de R$ 200 milhões para R$ 534 milhões, à custa da vida de brasileiros .
Batista confirmou, ainda, que a empresa continuou vendendo o medicamento mesmo após a constatação e que não pode medir efeito das declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre vendas: "Não temos como medir. Antes que houvesse alguns pronunciamentos, desde a eclosão da pandemia, quando os primeiros estudos in vitro apontaram que a ivermectina, tinha alguma ação, isso desencadeou o interesse pelo produto. Ele passou a ter visibilidade maior. Mas não temos como medir o que impactou a fala do presidente no nosso negócio".
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Segundo Jailton Batista, a farmacêutica continuou vendendo compridos porque "produz o que o mercado demanda". Veja o momento: 
O relator Renan Calheiros quis saber detalhes sobre a bula da ivermectina. Jailton Batista, então, especificou que o medicamento é um produto antiparasitário consagrado terapeuticamente, há 35 anos no mercado, usado no tratamento contra verminose e tentou amenizar o momento ao informar dizer que o fármaco teria baixo impacto de efeitos colaterais. 
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Já o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) afirmou que o relator não pode responsabilizar a farmacêutica Vitamedic por ter elevado a produção e a venda do medicamento.

"Em 2020, surgiu o grupo Médicos pelo Brasil. Foram mais de 2,5 mil médicos que recomendavam [a ivermectina]. O relator não está querendo acreditar que houve a manifestação de milhares de médicos recomendando o uso da ivermectina no tratamento inicial para diminuir a carga viral. Não pode cobrar da empresa", disse.

O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), contestou a afirmação e disse que o uso, de acordo com o que foi recomendado pelo chamado "tratamento precoce", com doses altas contínuas, levavam a toxicidade no fígado.
Calheiros questionou também qual seria a relação da Vitamedic com a Precisa Medicamentos. De acordo com o relator, a farmacêutica chegou a receber R$ 250 mil da Nutriex, empresa que teria uma sócia em comum com a Precisa. Jailton Batista disse que a Vitamedic vendeu uma máquina usada para a Nutriex, mas que desconhecia qualquer relação com a Precisa.
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