Publicado 30/01/2022 15:19 | Atualizado 30/01/2022 15:31
Goiás - Um médico da cidade de Cavalcante, em Goiás, foi preso e desabafou sobre a situação que viveu em seu ambiente de trabalho. A prisão aconteceu na última quinta-feira, 27, quando Fábio Marlon Martins França se negou a dar prioridade a um delegado que testou positivo para a covid-19. Segundo o profissional, a situação foi tão "humilhante" que o fez ter vontade de ir embora da região com a família.
“Eu acho que qualquer um na minha situação não aceitaria ser preso ilegalmente. Foi um excesso, foi um abuso, foi humilhante”, afirmou Fábio em entrevista ao G1. Ele contou, ainda, que foi o apoio da população local que o fez mudar de ideia. “Eu pensei em quando sair do presídio, eu pegaria minha família e iria embora, porque eu estava com muita vergonha de tudo, não sabia como olhar para o meu povo, para minha equipe de trabalho. Foi uma situação muito humilhante e constrangedora”, acrescentou.
Na ocasião, Fábio França não aceitou dar prioridade de atendimento ao delegado Alex Rodrigues, que tinha testado positivo para a covid-19. O médico afirmou que iria continuar atendendo por ordem de gravidade dos casos, como de costume, o que gerou uma discussão. Horas mais tarde, o agente voltou ao posto de saúde acompanhado por outros e deu voz de prisão a ele, alegando que Fábio não poderia exercer a medicina por não ter um registro profissional junto ao Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego).
No entanto, Fábio atua pelo programa do governo federal "Mais Médicos" que permite atuação de profissionais nesses casos, desde que seja em postos de saúde. Logo, o médico estava no seu direito de trabalhar. Por isso, em uma audiência de custódia realizada um dia depois da prisão, o juiz Fernando Oliveira Samuel liberou o profissional e considerou que o delegado "pode realmente ter abusado de suas funções públicas", já que nada justifica a condução coercitiva executada.
“Todos têm que ser igual. Não é porque a pessoa tem um cargo melhor que vai passar por cima de pessoas que estão ali querendo atendimento, esperando sua vez. Isso eu não vou aceitar jamais. Se esse é o preço para eu cumprir, que me prenda novamente”, concluiu o médico.
Em nota, a Polícia Civil de Goiás tentou justificar a atitude do delegado e afirmou que “levantamentos técnicos acerca do registro profissional do suposto médico, Fábio França, constatou que o registro do médico junto ao Conselho Regional de Medicina de Goiás estava cancelado”. Segundo a corporação, a corregedoria vai acompanhar o caso.
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