Jair Bolsonaro durante evento no Porto do Açu, no Rio de JaneiroAlan Santos
Publicado 31/01/2022 17:09
Rio - O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a lançar dúvidas sobre o processo eleitoral e sobre as pesquisas de intenção de voto, em entrevista à TV Record no Norte Fluminense nesta segunda-feira, 31. O mandatário afirmou que representantes das Forças Armadas, convidados para participar do processo eleitoral, já levantaram "mais de uma dezena de inconsistências" no trabalho do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"As Forças Armadas peticionaram ao ministro (Luís Roberto) Barroso sobre essas vulnerabilidades. Ele não nos respondeu em tempo hábil, dizendo que estava em recesso. Foi reiterada agora, essa questão. Cabe ao TSE, agora, mostrar e comprovar que estão certos, ou onde poderão corrigir essas inconsistências. O que mais queremos e desejamos e não abrimos mão são eleições limpas e transparentes para o corrente ano", afirmou Bolsonaro.
Segundo o presidente, se as pesquisas de intenção fossem "verídicas", ele mesmo não teria sido eleito em 2018.
"Até poucas semanas, as pesquisas davam diferença de 25 pontos do Lula em relação a mim. Agora, como eles têm que registrar no TSE as pesquisas, a diferença está bem pequena, quase na margem de erro", afirmou Bolsonaro. Ele não disse a qual pesquisa se referia. A entrevista foi transmitida, ao vivo e na íntegra, pelas redes sociais do presidente.
Bolsonaro está no Norte Fluminense para uma visita ao Porto do Açu. A viagem sela a aproximação política do presidente com o clã Garotinho, que tem base na região. O mandatário é acompanhado pela deputada federal Clarissa Garotinho (PROS-RJ), que ajudou a organizar a parte política da agenda. Clarissa esteve com o presidente também em Itaboraí, em visita ao GasLub (ex-Comperj) da Petrobrás. No norte do Estado, Bolsonaro ainda se encontrou com os ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho e com o prefeito de Campos dos Goytacazes, Wladimir Garotinho (PSD), outro filho do casal.
Vice
Na entrevista, Bolsonaro disse ainda que vai esperar para a definição do nome do candidato a vice-presidente, em sua campanha à reeleição. Segundo Bolsonaro, a definição caberá a ele, como foi combinado com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e depende do andamento de propostas do Executivo no Congresso Nacional. O presidente citou especificamente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que permitirá a redução de impostos federais sobre combustíveis.
"Vamos esperar um pouco mais. Temos algumas coisas para passar no parlamento ainda", afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro disse ainda que não haverá surpresas com o nome do candidato a vice-presidente. "Não será novidade para vocês, porque é do nosso meio", afirmou.
Bolsonaro ainda respondeu sobre a decisão de não comparecer ao depoimento na Polícia Federal, na sexta-feira passada, 28. Segundo o presidente, a decisão seguiu orientação da Advocacia-Geral da União (AGU)."A decisão foi do advogado; é como um médico pra mim", afirmou Bolsonaro. Ele acrescentou que a orientação foi esperar por uma decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). O recurso da AGU remetendo a questão ao plenário, porém, foi rejeitado por Alexandre de Moraes na própria sexta.
Orçamento secreto
Na mesma entrevista, Bolsonaro negou que tenha estimulado o orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão em maio. "Quando chegou a proposta, chamada RP9, do orçamento secreto, eu vetei. O Parlamento derrubou o veto. Depois, um partido questionou no Supremo (Tribunal Federal). O Supremo disse que está legal. Então, não tem nada de secreto. Que orçamento secreto é esse, que é publicado no Diário Oficial da União?", afirmou o mandatário.
O presidente disse ainda que o governo federal não participa das decisões sobre a destinação das emendas tipo RP9, as chamadas emendas de relator.
"Quem dá a destinação para esse dinheiro é o relator do Orçamento, não sou eu. Apenas recebemos isso e viabilizamos a execução. Não tem nada nosso. A decisão é do relator do Orçamento, sempre um deputado ou senador", completou o presidente. Na prática, como mostrou o Estadão, o pagamento desse tipo de emenda tem sido usado como moeda de troca por apoio em votações no Congresso.
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