Publicado 08/02/2022 21:01 | Atualizado 08/02/2022 21:04
Brasília - Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se manifestaram, nesta terça-feira (8), sobre o caso do apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, que durante episódio do Flow Podcast defendeu a legalização dos partidos nazistas no Brasil.
Após repercussão do fato, Gilmar Mendes expressou solidariedade à comunidade judaica e disse ser "criminosa" a declaração do influenciador. "Qualquer apologia ao nazismo é criminosa, execrável e obscena. O discurso do ódio contraria os valores fundantes da democracia constitucional brasileira. Minha solidariedade à comunidade judaica", escreveu Mendes no Twitter.
Alexandre de Moraes também usou as redes sociais para se pronunciar. "A Constituição consagra o binômio: liberdade e responsabilidade. O direito fundamental à liberdade de expressão não autoriza a abominável e criminosa apologia ao nazismo", disse o ministro.
Já o procurador da República, Augusto Aras, declarou que "todo discurso de ódio deve ser rejeitado com a deflagração permanente de campanhas de respeito a diversidade, como fazemos no Ministério Público brasileiro, para que a tolerância gere paz e afaste a violência do cotidiano."
Monark fora do Flow
Em comunicado nas redes sociais, os Estúdios Flow anunciaram a demissão do apresentador nesta tarde: "A partir deste momento, o youtuber Bruno Aiud está desligado dos Estúdios Flow [...] Lamentamos profundamento o episódio ocorrido".
Antes disso, o episódio 545, com a participação dos deputados Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP) já havia sido retirado das plataformas de vídeo e áudio.
A repercussão das falas de Monark fez com que marcas que já patrocinaram o programa, como Puma e iFood se manifestassem nas redes sociais, repudiando as declarações do apresentador. Algumas entidades judaicas, como a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita SP, também se pronunciaram sobre o caso.
Além disso, convidados antigos do podcast pediram que episódios fossem tirados do ar, como o jornalista Benjamin Bac e o cantor Lucas Silveira, da banda Fresno.
Mais cedo, Monark chegou a pedir desculpas publicamente e afirmou que "estava na hora do programa". "Eu queria pedir desculpas. Eu errei, a verdade é essa. Eu estava muito bêbado e fui defender uma ideia, que acontece em outros lugares do mundo, nos EUA por exemplo, mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado, eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Peço perdão pela minha insensibilidade, mas peço compreensão, são quatro horas de conversa, fui insensível, sim", disse ele em vídeo compartilhado nas redes sociais.
Crime contra a humanidade
O Holocausto, como ficou conhecido o genocídio de judeus pelo regime Nazista, está entre os maiores crimes cometidos contra a humanidade. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha, por meio da ideologia nazista, obrigou judeus a trabalhar de maneira forçada em campos de concentração.
Os homens vistos como os mais fortes trabalhavam obrigados, enquanto os considerados mais fracos eram enviados para serem mortos em câmaras de gás. O período foi marcado pelo extermínio de mais de 6 milhões de judeus.
Vale lembrar que, no Brasil, é crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação da ideologia nazista, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89, e a pena pode variar de um a três anos de prisão, além da aplicação de multa.
*Com informações do IG
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