Publicado 16/02/2022 18:28 | Atualizado 16/02/2022 18:28
Brasília - O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, afirmou, nesta quarta-feira, 16, que, até a segunda-feira, 14, a autarquia recebeu 458 ameaças ou críticas à aprovação da vacinação infantil contra a covid-19. O mandatário ressaltou que, antes da regulamentação, o órgão só tinha recebido três e-mails com reclamações.
Durante a sessão da Comissão de Direitos Humanos do Senado desta quarta-feira, o presidente informou que, além das ameaças recebidas pela Anvisa, tem recebido também relatos de servidores da agência afirmando que, devido às "acusações" do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a idoneidade da instituição, agora temem por sua segurança.
"Nas primeiras 48 horas após a aprovação das vacinas, o número de ameaças por e-mail — e-mails intimidadores, termos agressivos —, ultrapassou 124, para ser preciso. Ou seja, saltamos de 3 antes da reunião para 124... Obviamente, ao impacto inicial de insegurança, somou um outro impacto, agora o servidor tem que se preocupar com a sua segurança", disse.
"Nas primeiras 48 horas após a aprovação das vacinas, o número de ameaças por e-mail — e-mails intimidadores, termos agressivos —, ultrapassou 124, para ser preciso. Ou seja, saltamos de 3 antes da reunião para 124... Obviamente, ao impacto inicial de insegurança, somou um outro impacto, agora o servidor tem que se preocupar com a sua segurança", disse.
Por conta das ameaças iniciais, Barra Torres solicitou uma reunião com o diretor-geral da Polícia Federal antes do encontro para decidir o futuro da vacinação das crianças.
"Quando chegamos à data de aprovação das vacinas, eu tive o cuidado de, na véspera, solicitar uma audiência com o diretor-geral da Polícia Federal onde pontuei que estava para acontecer a reunião que poderá ser foco de ações criminosas", afirmou.
"Quando chegamos à data de aprovação das vacinas, eu tive o cuidado de, na véspera, solicitar uma audiência com o diretor-geral da Polícia Federal onde pontuei que estava para acontecer a reunião que poderá ser foco de ações criminosas", afirmou.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede- AM) lembrou as falas do presidente Bolsonaro sobre a aprovação da vacinação das crianças, e questionou também qual seria o interesse do chefe de estado na não vacinação. "No dia 6 de janeiro, o presidente da republica mais uma vez atacou a vacinação infantil. Qual interesse de Bolsonaro em sabotar a vacinação infantil?", perguntou.
Randolfe explicou também que não levou o neto para se vacinar, pois o menino estava infectado com o novo coronavírus. Infecção que, segundo o senador, poderia ter sido evitada, caso a aprovação da vacinação infantil tivesse acontecido antes.
"Não levei porque desde o dia 10 de janeiro ele foi infectado pela covid, e foi infectado porque não teve vacina, então, devido a recomendações médicas, ainda não teve tempo para se vacinar. Meu neto está bem, mas é uma circunstância pessoal. A mesma coisa não aconteceu com outras famílias que perderam filhos devido a não vacinação", afirmou o senador.
Barra torres aproveitou o questionamento sobre as falas de Bolsonaro para afirmar que não há nada por trás da aprovação da vacinação infantil, a não ser o "interesse público, o interesse fazer o seu trabalho, para que este estado que assola o Brasil e o mundo tenha fim".
Ainda durante a sessão, a pré-candidata à presidência da República pelo MDB e senadora Simone Tebet (MS) classificou o procurador-geral da República, Augusto Aras, como “covarde e desonesto”.
A parlamentar iniciou sua fala com um agradecimento à Anvisa, em nome de todas as mães brasileiras, e afirmou que a aprovação não se trata de política, mas sim de vidas.
"Eu gostaria de agradecer em nome de todas as mães do Brasil. Os senhores salvaram vidas, e nada mais importante do que isso. 'Isso não se trata de política, isso se trata de vidas, estupido.' É isso que eu gostaria de poder dizer ao presidente da república. Isso não se trata de política nem de processo eleitoral", afirmou.
Simone também criticou Aras por dizer, em entrevista à CNN Brasil, que os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigou a condução da pandemia de Covid-19, não apresentaram provas de irregularidades cometidas por autoridades.
"O procurador-geral da República se recusou a vir, talvez tenhamos que entrar com um requerimento de convocação a partir de agora. O que eu vi de uma entrevista para um veiculo de imprensa grande do Brasil foi de uma covardia e de uma desonestidade intelectual sem precedentes. O procurador está sendo de uma desonestidade intelectual com o Senado Federal, com os senadores que foram eleitos pelo povo que eu não imaginava. Covardia e desonestidade porque ele mentiu", completou.
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