Publicado 03/03/2022 20:45
Brasília - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu nesta quinta-feira (3), ao Supremo Tribunal Federal (STF) que proíba o novo diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes, de trocar delegados responsáveis por diretorias estratégicas até a conclusão dos inquéritos já iniciados contra autoridades com foro privilegiado.
O objetivo, segundo a representação enviada ao STF, é impedir que as substituições ocorram em efeito dominó e comprometam investigações em curso.
"Com a troca da alta cúpula da corporação, almeja-se obstruir as investigações em curso que envolvem o Presidente da República e seus familiares", acusa o senador.
O pedido é para blindar a Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor), que abriga sobre o seu guarda-chuva dois dos setores mais sensíveis da corporação: o que cuida de inquéritos contra políticos e autoridades e o que investiga casos de corrupção. Randolfe também sugere o veto a eventuais trocas na Diretoria de Inteligência Policial (DIP) e em órgãos subordinados.
"A PF não é uma extensão do cercadinho do Presidente da República: trata-se de um órgão de Estado, estratégico para o devido funcionamento das instituições republicanas, cujas atribuições não podem ser violadas ao bel-prazer ou para atender caprichos e interesses particulares do governante de plantão", diz outro trecho da representação enviada ao STF.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) trocou pela quarta vez o diretor-geral da Polícia Federal. Desde que assumiu o governo, passaram pelo cargo os delegados Maurício Valeixo, Alexandre Ramagem, Rolando de Souza, Paulo Maiurino e o atual titular, Márcio Nunes.
Cada substituição amplia o desgaste interno. Isso porque as mudanças no comando da corporação costumam trazer trocas adicionais a reboque: os diretores-gerais assumem com a perspectiva de montar equipes próprias. A avaliação entre a classe é que falta estabilidade para o trabalho.
O próprio presidente responde a diversas investigações a cargo da PF, inclusive por suspeita de tentar interferir politicamente na corporação para blindar aliados, como denunciou o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, hoje cotado como pré-candidato ao Planalto, ao deixar o governo.
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