Publicado 17/03/2022 14:21
O pagamento de R$ 400 do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda, que foi iniciado em janeiro, pode ter influenciado a opinião pública a respeito do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 18 pesquisas eleitorais divulgadas desde o início do ano, o mandatário cresceu levemente ou oscilou para cima dentro da margem de erro. Esse efeito, porém, é pouco expressivo até o momento. No máximo, o candidato à reeleição subiu três pontos percentuais.
O movimento coincide com o recuo do ex-juiz Sérgio Moro (Podemos), que apresenta baixa nos mesmos levantamentos. É como se parte de seus simpatizantes estivesse migrando ou voltando para o bolsonarismo. Líder na corrida eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou praticamente estável na maioria das pesquisas em 2022.
A mais recente foi publicada nesta quarta-feira, 16. Segundo o instituto Quaest, Lula figura com 46% das intenções de voto. Bolsonaro tem 26% e é seguido por Ciro Gomes (PDT), com 7%, e Moro, com 6%. Esses valores se referem às médias de cada candidato nos três cenários testados. Na série de três pesquisas que o Quaest fez desde janeiro, Bolsonaro subiu três pontos, enquanto Lula oscilou um ponto para cima.
Ao acabar com uma das principais marcas dos governos petistas, o Bolsa Família, e criar o Auxílio Brasil, programa mais abrangente e com pagamentos mais elevados, embora sem garantia de continuidade, Bolsonaro tinha a expectativa de capturar o eleitorado mais fiel a Lula, o de menor renda. Até o momento, no entanto, não houve mudanças expressivas nesse segmento.
Na pesquisa Quaest, o petista tem 35 pontos percentuais de vantagem sobre o presidente (54% a 19%) entre os eleitores com renda de até dois salários mínimos. No mês passado, o placar era de 55% a 16%. O instituto não divulgou o detalhamento por renda em janeiro.
O Auxílio Brasil não foi o único fator a influenciar o eleitorado desde o início do ano, período marcado pelo aumento da inflação e por um novo agravamento da pandemia de covid-19. Em março, segundo a Quaest, quase metade dos eleitores (47%) apontaram a economia como o principal problema do país. O termo agrega temas como desemprego, inflação e crescimento. Em janeiro, a economia causava menos preocupações, foi citada por 37% como o pior problema.
Retorno
Para o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria, Bolsonaro não está roubando, mas recuperando votos perdidos. "O que a gente está observando é a volta dos que não foram. Aquele eleitor que foi do Bolsonaro, que tentou sair dele à procura de um candidato, mas não conseguiu decidir-se em nenhum nome e agora está voltando para o lugar de onde nunca saiu", disse.
Marco Antonio Carvalho Teixeira, pesquisador do Centro de Estudos de Administração Pública e Governo da Fundação Getúlio Vargas, concorda. "Bolsonaro volta a índices próximos de avaliação do governo", disse.
O Quaest, contratado pela corretora de investimentos Genial, fez 2.000 entrevistas presenciais em 120 municípios. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o protocolo BR-06693/2022.
O PoderData também divulgou ontem pesquisa, que mostrou Lula com 40% e Bolsonaro com 30%. Diferentemente do Quaest, o PoderData faz pesquisas por telefone. Em comparação com as presenciais, os levantamentos por ligação tradicionalmente atribuem resultados piores para Lula e melhores para os adversários.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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