Publicado 28/03/2022 17:22
Rio de Janeiro - O ministro da Educação, Milton Ribeiro, entregou seu pedido de exoneração ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira, 28. O afastamento já era esperado desde a divulgação do áudio em que o ministro afirmava ter sido orientado pelo chefe do Executivo a favorecer municípios indicados pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no repasse de verbas da pasta.
Na carta que entregou a Bolsonaro, Milton afirma que: "Jamais realizou um único ato de gestão na pasta que não fosse pautado pela correção, pela probidade e pelo compromisso com o erário". Ele também disse estar interessado, “mais que ninguém”, em uma investigação completa e longe de dúvidas sobre sua interferência nos inquéritos.
No documento, ele também alegou que pediu à Controladoria-Geral da União (CGU) que apurasse uma denúncia anônima que recebeu sobre o suposto esquema de propina no Ministério da Educação (MEC) em agosto de 2021. Milton também afirmou que solicitou à CGU que auditasse as liberações de recursos de obras do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O ministro encerrou a carta dizendo: “Assim sendo, não me despedirei, direi um até breve, pois depois de demonstrada minha inocência estarei de volta, para ajudar meu país e o presidente Bolsonaro na sua difícil mas vitoriosa caminhada”.
A demissão de Milton Ribeiro foi cobrada pelos aliados do governo, que tentam preservar a imagem de Bolsonaro durante o ano eleitoral. Em uma tentativa de convencer o presidente a demitir Ribeiro, eles teriam alegado que o caso estava gerando muito desgaste político e que novas denúncias poderiam vir à tona, o que tornaria a situação do mandatário, que se elegeu com um discurso anticorrupção, mais complicada.
A decisão também foi cobrada por lideranças evangélicas, que não queriam ser associadas ao escândalo no MEC. Nos últimos dias, o ministro tentou encontrar apoio em figuras dos Três Poderes, mas não foi bem sucedido. Até o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, evitou Ribeiro, seu afilhado político.
Mais cedo, o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) tornou público o desejo dos aliados do governo ao publicar uma mensagem a Milton em seu perfil no Twitter.
"Quando o senhor precisou, em sua indicação, eu o defendi. Quando errou empregando esquerdistas, eu o repreendi. Hoje peço, por favor, se licencie até o término das investigações, pois nós, evangélicos, estamos sangrando. Sendo provada a inocência, retorne ao cargo", escreveu o deputado.
Também antes do pedido de demissão do ministro, o líder da bancada evangélica no Congresso, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), chegou a falar que Milton deveria se afastar da pasta “para nunca mais voltar”.
Com a exoneração de Milton Ribeiro, o Ministério da Educação deve passar a ser chefiado pelo secretário-executivo da pasta, Victor Godoy. Essa é a quarta troca de ministros do órgão desde o início do governo Bolsonaro.
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