Sérgio Camargo, presidente da Fundação PalmaresFundação Palmares/Divulgação
Publicado 31/03/2022 15:34 | Atualizado 31/03/2022 16:58
Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, foi exonerado do cargo para disputar as eleições deste ano. A sua saída foi publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 31, e assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
No entanto, o texto não informou quem será o substituto de Camargo. Na terça-feira, 29, ele anunciou a filiação no mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, o Partido Liberal (PL). O agora ex-presidente da Fundação Palmares deve disputar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições deste ano. 
"Filiei-me ao PL! Negros não precisam ser vítimas. Negros são livres. Pretos e brancos unidos. Palmares digna. Bolsonaro até 2026. Sigamos, patriotas!", disse Camargo, em uma publicação nas redes sociais, com uma foto em que aparece ao lado de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. 
O período em que Camargo esteve à frente do cargo na Fundação Palmares foi cercada de polêmicas. O ex-presidente deu diversas declarações discriminatórias e racistas. Uma das mais recentes foi em fevereiro deste ano, quando ele foi alvo de diversos pedidos judiciais depois de afirmar que o refugiado congolês Moïse Kabagambe, espancado até a morte no Rio, era "vagabundo morto por vagabundos mais fortes".
No começo da pandemia do coronavírus, já com milhares de mortes pela doença, Camargo minimizou o perigo da doença e criticou as medidas de isolamento: "Confinaram 99% da população em casa para vencer um vírus que mata em torno de 1% dos infectados. O isolamento, exceto para os que são do grupo de risco, precisa ser imediatamente suspenso. É a maior imbecilidade da história da humanidade! Ao trabalho, brasileiros!", publicou.
Em abril do ano passado, em reunião com servidores da Fundação Palmares, Camargo ironizou o Dia da Consciência Negra, xingou Zumbi dos Palmares e chamou o movimento negro de "escória maldita". 
Ao completar dois anos como presidente da fundação, Camargo comemorou nunca ter recebido representantes da causa. "Não tenho que dialogar com escravos", disse. Segundo ele, líderes de movimentos negros são "escravos esquerdismo que degrada e rebaixa o negro".
"O movimento negro não representa os negros decentes do Brasil. É apenas, e tão somente, uma militância rancorosa e fracassada", disse. 
Outra polêmica de Camargo foi em torno da mudança do nome da fundação para o da princesa Isabel. Ele deixou claro o desejo pela troca, pois, segundo ele, "Zumbi" não merece ser homenageado.

Um dos escândalos mais citados ocorreu quando Camargo retirou diversos nomes de personalidades negras importantes da Fundação Palmares. Entres eles estão: Elza Soares, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Benedita da Silva, Martinho da Vila, Sandra de Sá, Marina Silva, entre outros. Ao todo, foram excluídas 27 personalidades.
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