Publicado 05/04/2022 15:49
Brasília - Três prefeitos confirmaram as denúncias sobre o suposto esquema de corrupção na gestão de Milton Ribeiro no Ministério da Educação (MEC) em uma audição nesta terça-feira, 5, na Comissão de Educação (CE) do Senado. Os gestores municipais contaram que receberam pedido de propina dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, ambos da Assembleia de Deus, para facilitar a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
As denúncias, que vieram a público por meio da imprensa em março, foram confirmadas pelos prefeitos Gilberto Braga, de Luís Domingues (MA), José Manoel de Souza, de Boa Esperança do Sul (SP), e Kelton Pinheiro, de Bonfinópolis (GO). Por outro lado, os gestores de Rosário (MA), Calvet Filho, e de Anajatuba (MA), Hélder Aragão, negaram que tenham recebido pedido de propina, mas admitiram que entraram em contato com os pastores acusados de tráfico de influência. Tanto o município de Rosário quanto o de Anajatuba receberam recursos para obras de creches e escolas.
Os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos devem comparecer à CE nesta quinta-feira, 7, para prestar depoimento sobre o caso. O ex-ministro Milton Ribeiro também foi convidado a dar sua versão sobre os acontecimentos, porém faltou a oitiva, que estava marcada para a semana passada, sem apresentar justificativa.
Diante das denúncias, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento que convidou os prefeitos, qualificou o esquema de corrupção de "chinfrim", "cínico", "nojento" e "vulgar". Ele também elogiou a "coragem" dos prefeitos que tornaram o caso público.
Já o presidente da comissão, senador Marcelo Castro (MDB-PI), apontou inconsistências, como discrepâncias de valores, nos depoimentos dos prefeitos Calvet Filho e Hélder Aragão. Os parlamentares Alessandro Vieira (PSDB-SE) e Zenaide Maia (Pros-RN) também expressaram dúvidas em relação à lisura do processo de encaminhamento da liberação de recursos.
Durante a reunião, o senador Marcelo Castro também anunciou o cancelamento, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), de um pregão do FNDE para a compra de mais de 3 mil ônibus escolares para a rede pública na zona rural. Há suspeita de sobrepreço no valor previsto para a compra, R$ 480 mil por unidade, ante uma estimativa de que cada veículo custe R$ 270 mil no mercado.
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