Publicado 27/04/2022 20:05
Brasília - Políticos e influenciadores bolsonaristas apontaram um aumento de seguidores em seus perfis no Twitter e atribuíram o crescimento à compra da plataforma pelo bilionário Elon Musk, alegando que vinham sendo "censurados" pelas diretrizes da empresa. Dados do site SocialBlade, que monitora o desempenho dos usuários, confirmaram o crescimento acima da média desses perfis nesta segunda-feira, 25. Não há, porém, qualquer informação oficial da plataforma sobre alteração em suas regras de publicação.
O ex-ministro do Turismo Gilson Machado afirmou ter conseguido um número recorde de seguidores na segunda-feira, apesar de não ter feito nenhuma publicação naquele dia. O SocialBlade mostra que 6.754 novos usuários chegaram ao seu perfil entre ontem e hoje, número muito superior à média dos dias anteriores, que girava em torno de 404 seguidores diários.
O mesmo foi relatado por Mário Frias, ex-secretário da Cultura. Ele ganhou dez vezes mais seguidores que no dia anterior. Foram 1.843 na segunda, ante 140 no domingo. Pré-candidato a deputado federal por São Paulo, ele disse estar sentindo "cheiro de liberdade" na plataforma após a aquisição por Elon Musk.
"Hoje meu número de seguidores voltou a crescer. Curiosamente, vejo que várias contas de direita voltaram a ganhar seguidores também. Parece que agora o algoritmo está impossibilitado de frear nosso alcance. Imaginem o quanto perdemos durante todo esse tempo!", publicou.
Seja por decisões judiciais ou violação das regras da plataforma, diversos perfis de personalidades ligadas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) já foram suspensos do Twitter. Entre eles, o blogueiro Allan dos Santos e o deputado federal Daniel Silveira, que tiveram suas contas removidas por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Elon Musk chegou à direção da rede social com a promessa de flexibilizar critérios e ampliar a liberdade de expressão na plataforma. Em uma publicação compartilhada por bolsonaristas, inclusive por Mário Frias, o bilionário diz esperar que até seus "piores críticos permaneçam no Twitter, pois isso é o que significa liberdade de expressão".
O humorista Carioca, apoiador do presidente Bolsonaro, repetiu a alegação de Gilson Machado e Mário Frias. "Tomara que essa plataforma pare de censurar pessoas e de tirar o direito da expressão. Elon Musk é uma esperança no meio das Bigs. Que sirva de lição para as outras!", publicou.
O perfil humorístico Joaquin Teixeira, também bolsonarista, fez publicações em tom de comemoração dizendo acreditar que, agora, será mais fácil se opor à comunidade LGBT na plataforma. "Eu nunca me senti tão livre aqui", escreveu. "Só ontem ganhei uns 6 mil seguidores. Isso levava meses". O influenciador Monark, demitido do Flow Podcast após defender a criação de um partido nazista no País, também relatou crescimento.
O Estadão questionou o Twitter se de fato houve mudança de conduta na plataforma após a aquisição que pudesse justificar esse aumento de seguidores. A empresa se limitou a encaminhar nota em que Musk exalta a importância da liberdade de expressão como "base da democracia funcional" e descreve a rede como "a praça pública digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade", mas não explicou o crescimento dos perfis apontados.
Porém, em nova manifestação enviada nesta quinta-feira, 27, o Twitter afirmou que está analisando "as recentes variações na contagem de seguidores de perfis no Twitter globalmente. Ao que tudo indica, essas oscilações parecem ter sido, em grande parte, resultado de um aumento na criação de novas contas e desativação de outras, organicamente".
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