Presidente Jair Bolsonaro (PL)Sergio Lima / AFP
Publicado 28/04/2022 12:22 | Atualizado 28/04/2022 12:29
Ao organizar solenidade batizada de "Ato Cívico pela Liberdade de Expressão", o Palácio do Planalto foi transformado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro em um palco de ataques ao Supremo, à imprensa e à esquerda por parte de parlamentares da base aliada e do próprio chefe do Executivo.
Na prática, o evento - organizado pelas bancadas evangélica e da segurança pública - foi um endosso ao perdão concedido por Bolsonaro ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), em decreto publicado menos de 24 horas após o Supremo Tribunal Federal (STF) condenar o parlamentar a 8 anos e 9 meses de cadeia por ataques à democracia e às instituições.
Silveira, que hoje foi nomeado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, marcou presença e recebeu aplausos ao chegar à solenidade. Ao final, foi tietado com pedidos de fotos e vídeos.
No total, 22 deputados e um senador discursaram na cerimônia, além do próprio Bolsonaro. O líder da frente parlamentar evangélica, a bancada da Bíblia, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), abriu os trabalhos com um discurso em defesa de Silveira.
"Determinados grupos se acham no direito de sobrepor suas verdades aos demais, não podendo ser contestadas. A liberdade de expressão conferida ao parlamentar está garantida pela Constituição Federal", declarou o deputado.
O deputado Capitão Augusto (PL-SP), presidente da frente parlamentar da Segurança Pública, a bancada da bala, chamou o evento de "ecumênico". "Não é para A ou B, é para todo o Brasil", afirmou. Ele também é vice-presidente nacional do PL, partido de Bolsonaro.
Já o vice-líder do governo, o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) exibiu um áudio de reportagem da CNN Brasil com a afirmação de que Silveira divulga fake news e defende golpe de Estado. Em seguida, atacou a imprensa. "Se eu me sentir ofendido, eu processo. Mas eu não tenho como mandar prender os jornalistas da CNN", declarou, arrancando aplausos da plateia de bolsonaristas. O deputado João Carlos Gurgel (PL-RJ) pediu uma reforma do Poder Judiciário.
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