Area desmatada na floresta amazônica LULA SAMPAIO / AFP
Publicado 06/05/2022 12:32
O desmatamento na Amazônia bateu um novo recorde em abril, com mais de 1 mil km² desmatados, quase o dobro do mesmo mês do ano passado sob uma "imensa pressão", segundo os defensores do meio ambiente. Os dados de satélite comunicados nesta sexta-feira (6) são ainda mais alarmantes, segundo os especialistas, porque não levam em conta o mês inteiro.
De 1º a 29 de abril, as imagens do sistema de monitoramento Deter do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram alertas de desmatamento em mais de 1 mil km², o equivalente a cerca de 1,4 mil campos de futebol. O recorde anterior era de 580 km², para todo o mês de abril de 2021.
Desde o início do ano, 1.954 km² foram desmatados, quase o dobro dos primeiros quatro meses de 2021 (1.153 km2).
Abril é o último mês da estação chuvosa, quando o desmatamento costuma ser menos severo. Mas o dado deste ano está próximo do recorde para um mês de junho, que marca o início da estação seca (1.061 km² em 2021).
"Esse número é extremamente alto para este período, mostra a imensa pressão sobre a floresta este ano", lamenta Maria Napolitano, responsável científica da ONG World Wildlife Fund (WWF) Brasil.
A situação se deteriorou principalmente desde que o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro (PL) chegou ao poder: em seus três primeiros anos no cargo, o desmatamento aumentou mais de 75% em relação à média anual da década anterior.
Um estudo publicado nesta terça-feira (3) pelo coletivo de ONGs e universidades MapBiomas mostrou que, desde que chegou ao poder em janeiro de 2019, os órgãos governamentais de proteção ambiental só intervieram em 2,17% dos alertas de desmatamento relatados pelo sistema Deter.
"Nesse momento, esses desmatadores, esses criminosos, têm um aliado como nunca tiveram antes no Brasil, que é o governo Bolsonaro. O governo Bolsonaro está a serviço do crime, do desmatamento, e o que a gente colhe são esses números terríveis, assustadores e revoltantes", comentou à AFP Marcio Astrini, do Observatório do Clima.
Na semana passada, o astro de Hollywood Leonardo Di Caprio lançou um apelo aos jovens brasileiros a se registrarem para votar nas eleições presidenciais de outubro, durante as quais Bolsonaro buscará um novo mandato.
"O Brasil abriga a Amazônia e outros ecossistemas essenciais nas mudanças climáticas (...). O que acontece lá importa para todos nós e o voto dos jovens é essencial para impulsionar mudanças para um planeta saudável", escreveu o ator no Twitter.
O presidente o "agradeceu" com ironia, dizendo que "nosso povo decidirá se quer manter nossa soberania na Amazônia ou ser governado por bandidos que servem a interesses especiais estrangeiros".
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