Publicado 23/05/2022 16:28 | Atualizado 23/05/2022 17:18
Um mês depois de receber o indulto de Jair Bolsonaro (PL), o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) não recua em suas críticas ao Poder Judiciário e, em linha com o presidente, alerta para um processo eleitoral "conturbado".
O ex-policial do Rio de Janeiro, que se tornou um herói do bolsonarismo, garante que o indulto foi concedido "maestricamente" por Bolsonaro para devolver a "liberdade das ideias" aos brasileiros, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) o condenou a mais de oito anos de prisão por promover atos antidemocráticos.
Em declarações à AFP, Silveira levantou o fantasma da fraude nas eleições de outubro, assim como Bolsonaro, que está em segundo lugar nas pesquisas atrás do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"O resultado sempre vai ser aceito, não existe hipótese como os próprios ministros do TSE tanto falam de golpe (...) eles ficam tentando levantar uma narrativa que não existe, o presidente não é um golpista. É claro que ele sempre vai defender a pátria e a segurança nacional. Se houver caso concreto, com materialidade, e existir uma fraude, um roubo, ele vai organizar as coisas, com certeza. Eu organizaria, qualquer líder organizaria", afirmou da Câmara dos Deputados.
Para Silveira, o processo eleitoral pode ser "conturbado" se o Tribunal Superior Eleitoral "não aceitar" novas medidas de "transparência" antes de 2 de outubro, apesar de nunca ter demonstrado falhas no sistema de urnas eletrônicas, que Bolsonaro questiona há meses.
"Pode ser conturbado, sim, se não houver essa aceitação por parte do tribunal superior. Pode ser conturbada pela indignação do povo, pode haver o debate acalorado entre poderes, pode haver discussões midiáticas", afirmou.
O aliado do presidente disse ainda que as pesquisas são manipuladas e que Bolsonaro possui os "votos necessários para se reeleito".
Silveira ainda tem contas pendentes com a Justiça, apesar do indulto que o liberou da pena por publicar um vídeo com ameaças a dois ministros do STF.
O relator de seu processo, Alexandre de Moraes, impôs a ele uma multa de mais de 600 mil reais e bloqueou suas contas depois que o deputado se recusou a usar tornozeleira eletrônica.
"Todo o processo é uma piada jurídica, essa é a verdade, é uma brincadeira de mau gosto... Dentro da lei, ele (Moraes) deveria ser preso, não eu".
Moraes determinou ainda que Silveira não pode se candidatar nas eleições deste ano, o que o impediria de concorrer ao Senado pelo Rio de Janeiro.
O deputado afirmou que vai registrar sua candidatura "normalmente", porque se considera "amparado pela lei".
Silveira tem um amplo histórico de má conduta: como policial acumulou 60 sanções em seis anos, segundo a imprensa, e em 2018 quebrou uma placa em homenagem a Marielle Franco, pouco depois que a ex-vereadora de esquerda foi assassinada.
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