Defensoria Pública da União pede a criação de gabinete de crise em Atalaia do NorteReprodução
Publicado 10/06/2022 17:58
A Defensoria Pública da União (DPU) cobrou do governo federal nesta sexta-feira (10) a instalação de um gabinete de crise na região onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips desapareceram na manhã do último domingo (5). A área fica próxima à fronteira com o Peru e não permite acesso fácil à capital do Amazonas, Manaus.
Até o momento, as autoridades não confirmaram o paradeiro do indigenista brasileiro e do jornalista britânico. Eles faziam uma expedição no Vale do Javari, perto do município de Atalaia do Norte, quando foram vistos pela última vez.

Em nota divulgada nesta sexta-feira, a DPU afirma que é fundamental a presença de, no mínimo, um representante da Equipe de Vigilância da União Indígena do Vale do Javari (Unijava), em cada embarcação envolvida nas buscas, pois "os povos indígenas do Vale do Javari possuem um maior conhecimento empírico de toda a região".

O único suspeito preso até agora é Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como "Pelado". Na lancha onde ele foi detido, foram encontrados vestígios de sangue encaminhados para perícia na capital amazonense. O exame identificará se o material coletado é sangue de animal ou de humanos. A família de Bruno já foi notificada para fornecer o material genético que será utilizado para comparações.
Bruno já trabalhou na Funai e entende ao menos quatro das várias línguas indígenas das etnias locais e tem profundo conhecimento da região. Dom, que é colaborador no Brasil do jornal inglês The Guardian, também já conhecia a Floresta Amazônica e é casado com uma brasileira. Os dois eram monitorados pela Unijava, que registrou o mais recente sinal telefônico da dupla na manhã do domingo.

Nota da DPU:

A Defensoria Pública da União (DPU) pediu a criação de um gabinete de crise para articulação dos atores governamentais envolvidos nas buscas pelo indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira e pelo jornalista britânico Dom Philips. A sala de situação deve ser instaurada em Atalaia do Norte (AM), que concentra os trabalhos de busca dos dois desaparecidos desde o último domingo (5).

A solicitação está em ofício encaminhado para a Polícia Federal nesta sexta-feira (10). A sala de situação, de acordo com a DPU, deve reunir os órgãos, no mínimo, uma vez por dia, com o objetivo de informar como foram as buscas e alinhar estratégias de atuação. Devem estar presentes: o Exército Brasileiro; a Marinha do Brasil; a Polícia Federal; o 8ª Batalhão da Polícia Militar de Tabatinga; o Batalhão Ambiental da Polícia Militar; a Polícia Civil de Tabatinga, o Corpo de Bombeiros; a Fundação Nacional do Índio (FUNAI); a Defesa Civil; a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava).

A instituição também aponta como fundamental a presença de "no mínimo, um indígena da Equipe de Vigilância da Univaja (EVU)", em cada embarcação envolvida nas buscas, já que "os povos indígenas do Vale do Javari possuem um maior conhecimento empírico de toda a região, assim, é muito importante que acompanhem as buscas com as autoridades".

Reforço nas buscas

Na quarta-feira (8), a Justiça atendeu pedido da DPU e da Univaja e determinou que o Governo Federal efetivasse imediatamente a viabilização de reforços para auxiliar no resgate do jornalista e do indigenista. As instituições cobraram o uso de helicópteros, embarcações e equipes de buscas da Polícia Federal, das Forças de Segurança ou das Forças Armadas (Comando Militar da Amazônia).
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