Publicado 04/07/2022 17:19 | Atualizado 04/07/2022 17:34
Após as denúncias sobre assédios cometidos pelo ex-presidente da Caixa e amigo de Jair de Bolsonaro (PL) Pedro Guimarães, mais funcionárias relataram diversos outros casos ocorridos dentro do banco estatal.
Uma funcionária da Caixa há 11 anos afirma que a entrada de Guimarães na presidência do banco trouxe uma normalidade para a cultura do assédio. "É como se o gerente que assediava ganhasse uma estrelinha no currículo", diz.
"Existem Pedros Guimarães em cada uma dessas agências, gerenciando de uma maneira sórdida mulheres, que são mães, filhas, esposas, amigas e excelentes profissionais", afirma.
Segundo ela, as vezes em que participou de reuniões de alto escalão, as demais mulheres que não estavam presentes eram sempre chamadas como "aquela gostosa" e outras referências sexistas.
A funcionária diz que, durante a gestão de Guimarães, passou por algumas situações de assédios cometidos por colegas.
Em abril de 2020, quando a maioria dos funcionários estava de home office por causa da pandemia, ela foi chamada no Teams (ferramenta adotada pela Caixa para facilitar o trabalho em equipe). Passava das 18h e a ela já não estava mais em seu horário de trabalho.
"Boa noite. Está podendo falar?". Perguntou um superior e ela respondeu positivamente. "É algo importante...esses dias de home office, trabalha de calça e blusa normal ou de shortinho e blusinha?", perguntou o chefe.
A mulher relata que ficou totalmente sem graça. "Como assim?", perguntou. E ele: " Estou te zoando...era só pra saber se está de shortinho e blusinha". Segundo ela, esse tipo de situação era algo comum e vista como normal.
Na semana passada, Pedro Guimarães foi acusado de assediar sexualmente funcionárias durante viagens e eventos da estatal. Guimarães era o presidente da Caixa desde o início do atual governo e presença frequente em eventos ao lado de Bolsonaro.
O ex-presidente do banco deixou o cargo no último dia 29. Em sua carta de demissão, ele negou as acusações e declarou que combateu o assédio dentro da instituição. Acrescentou que foi colocado em uma "situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade".
O advogado de Guimarães, José Luis Oliveira Lima, afirma que ele teve a sua vida devassada antes de assumir a presidência da Caixa Econômica Federal e a sua conduta ilibada foi comprovada. "Pedro Guimarães nega veementemente a prática de qualquer abuso enquanto esteve à frente da instituição financeira", diz.
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