Ministro Edson FachinMarcelo Camargo / Agência Brasil
Publicado 19/07/2022 09:37
O Tribunal Superior Eleitoral divulgou nesta segunda-feira, 18, uma lista rebatendo vinte alegações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro durante reunião com embaixadores estrangeiros, ocasião em que o chefe do Executivo voltou a repetir a tese, sem provas, de supostas fraudes no sistema eleitoral. O TSE listou uma série de mais de 20 conteúdos produzidos pela Secretaria de Comunicação e Multimídia da corte que desmontam a narrativa do chefe do Executivo. 
Sem citar o nome de Bolsonaro, mas com referência direta ao discurso que o presidente fez no Palácio da Alvorada para um grupo de embaixadores, Fachin afirmou que "é hora de dar um basta à desinformação e ao populismo autoritário". A maioria das alegações, sem provas, feitas por Bolsonaro tem relação com as urnas eletrônicas - atacadas pelo chefe do Executivo desde a campanha que o alçou ao Palácio do Planalto.
Entre as declarações rebatidas pelo TSE está a de que um hacker 'teve acesso a tudo dentro' da corte eleitoral. A narrativa é desmentida há anos, houve uma tentativa de invasão aos sistemas internos da corte, mas o ataque foi neutralizado e não afetou o sistema de totalização dos votos e, muito menos, o sistema das urnas eletrônicas, que não funcionam em rede.

Dentro da mesma seara, a Justiça Eleitoral também teve de desmontar, mais uma vez, a alegação de que o 'hacker' mencionado pelo presidente conseguia 'excluir nomes de candidatos'. Em julho de 2021, quando produziu um conteúdo para desmentir a alegação - mais uma vez, sem provas - a corte eleitoral ressaltou que, em nenhum momento as urnas eletrônicas são conectadas à internet, sendo que 'o dispositivo funciona de maneira isolada e sequer realiza a transmissão dos resultados da votação', que ainda podem ser conferidos logo após o término da eleição, com a impressão do Boletim de Urna.

A corte eleitoral também rebateu ataques feitos pelo presidente ao ex-presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e ao atual chefe da corte, Edson Fachin. Com relação ao primeiro, o chefe do Executivo disse que foi acusado de vazar inquérito sigiloso da Polícia Federal, mas que, segundo ele, não era sigiloso. A investigação em questão apurou a tentativa de ataque aos sistemas internos do TSE e foi distorcida pelo chefe do Executivo para alegar as supostas fraudes nas urnas eletrônicas. A conduta colocou Bolsonaro na mira de mais uma investigação do Supremo Tribunal Federal.

O TSE frisou que a Corregedoria da Polícia Federal disse que o inquérito era sigiloso pelo fato de ainda estar aberto. Além disso, durante as investigações sobre a conduta de Bolsonaro, a corporação viu 'atuação direta, voluntária e consciente' do presidente Jair Bolsonaro na prática do crime de violação de sigilo funcional. A Procuradoria-Geral da República pediu o arquivamento do inquérito. O ministro Alexandre de Moraes, relator, deu mais prazo para a PF concluir relatórios pendentes no âmbito das apurações. A investigação segue em tramitação.

Já quanto a Fachin, a corte eleitoral rechaçou a alegação de que o ministro 'resolveu tornar' o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegível. A decisão que restabeleceu os direitos políticos do petista foi a que reconheceu a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar as ações contra o ex-mandatário, tendo sido confirmada pelo STF. Ao comentar a alegação, o TSE afirmou que, na semana anterior a que o ministro Fachin proferiu a decisão que derrubou as condenações de Lula, 'foi aplicado o mesmo entendimento para deslocar a competência de uma investigação relacionada à Transpetro'.
VEJA AS RESPOSTAS DO TSE
Alegação 1: 'Apenas dois países do mundo usam sistema semelhante ao brasileiro'

Resposta: Outros países, além de Brasil, Butão e Bangladesh usam urnas sem voto impresso.

Alegação 2: 'Hacker teve acesso a tudo dentro do TSE'

Resposta: Tentativa de ataque hacker ao TSE não viola segurança das urnas. É falso que hacker teria atacado sistema de votação no 1º turno das Eleições Municipais de 2020. Fato ou Boato: hacker não desviou votos da urna eletrônica nas Eleições Presidenciais de 2018.

Alegação 3: 'Hacker poderia excluir nomes de candidatos'

Resposta: Entrevista com hacker preso é desinformação: urnas não podem ser manipuladas via internet.

Alegação 4: 'Logs foram apagados'

Resposta: TSE esclarece acerca de inquérito que apura ataque ao sistema interno.

Alegação 5: 'PSDB disse que sistema é inauditável'

Resposta: Auditoria do PSDB não encontrou fraude nas eleições de 2014.

Alegação 6: 'TSE não imprime voto mesmo com recomendação da Polícia Federal'

Resposta: Não é verdade que o TSE se nega a cumprir lei que determina impressão do voto.

Alegação 7: 'Observadores internacionais não conseguirão analisar a integridade do sistema, pois não há voto impresso'

Resposta: Organismos internacionais especializados em observação, como OEA e IFES, já iniciaram análise técnica sobre a urna eletrônica. Contarão com peritos em informática, com acesso ao código-fonte e todos os elementos necessários para avaliarem a transparência e integridade do sistema eletrônico de votação.

Alegação 8: 'Ministro Fachin resolveu tornar Lula elegível'

Resposta: O ministro Luiz Edson Fachin ficou vencido no tema da execução da pena após a condenação em segunda instância e na competência da justiça eleitoral para julgar as ações oriundas de grandes esquemas de corrupção. Vencido, no entanto, não se furtou em aplicar a posição consolidada pelo Plenário. Sobre o tema do habeas corpus do ex-Presidente, na semana anterior a que o ministro Fachin proferiu a decisão, foi aplicado o mesmo entendimento para deslocar a competência de uma investigação relacionada à Transpetro.

Alegação 9: 'Ministro Barroso indevidamente acusou Bolsonaro de vazar inquérito sigiloso, quando ele não era sigiloso'

Resposta: Corregedoria da PF disse que o inquérito era sigiloso pelo fato de ainda estar aberto.

Alegação 10: É uma empresa terceirizada que conta os votos

Resposta: 'O sistema de totalização é feito no TSE e é apresentado às entidades fiscalizadoras com um ano de antecedência bem como é lacrado em cerimônia pública'. Supercomputador do TSE não é serviço de nuvem terceirizado.

Alegação 11: 'Ministro Fachin diz que auditoria não serve para questionar resultados'

Resposta: Frase retirada de contexto.

Alegação 12: 'O Ministro Fachin foi advogado do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra)'

Resposta: O ministro Luiz Edson Fachin nunca foi advogado do MST.

Alegação 13: 'O próprio TSE disse que em 2018 números podem ter sido alterados'

Resposta: O TSE nunca emitiu tal informação.

Alegação 14: 'TSE não acolheu as sugestões das Forças Armadas'

Resposta: Mais de 70% das propostas da CTE foram acolhidas para as Eleições 2022. Veja os aprimoramentos do processo eleitoral a partir das sugestões da CTE. 
Eleições 2022: conheça as entidades que podem fiscalizar e auditar o processo eleitoral. TSE esclarece acerca de inquérito que apura ataque ao sistema interno

Alegação 15: 'Inconstitucionalidade do voto impresso'

Resposta: Voto impresso é menos seguro que o eletrônico e significará "usina de problemas", avalia Barroso.

Fato ou Boato: vídeo que circula nas redes faz afirmações falsas sobre o voto impresso

Alegação 16: 'Supercomputador'

Resposta: Nota de esclarecimento sobre nuvem para contabilizar votos.

Alegação 17: 'Urna autocompleta voto'

Resposta: Esclarecimentos sobre informações falsas veiculadas nas eleições 2018 - urna autocompleta voto.

Alegação 18: 'Transparência do voto'

Resposta: Resultados de eleições e boletins de urna estão disponíveis para consulta no Portal do TSE

Alegação 19: 'Confiabilidade do sistema eleitoral'

Resposta: Fachin faz balanço do semestre e destaca diálogo institucional com Poderes da República. Auditoria do TCU conclui que não há riscos relevantes à realização das Eleições 2022.

Alegação 20: 'A Polícia Federal disse que o TSE é um queijo suíço, como uma peneira'

Resposta: A Justiça Eleitoral não tem conhecimento de tal afirmação feita pela Polícia Federal.
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