Publicado 17/08/2022 12:46 | Atualizado 17/08/2022 12:53
São Paulo - O maestro Diogo Pacheco morreu na madrugada desta quarta-feira, 17, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em consequência de uma hemorragia, segundo informações da família. O músico estava internado para tratamento de problemas pulmonares e faleceu devido a uma hemorragia. Diogo Pacheco deixa a esposa e um filho.
O sepultamento de Pacheco será nesta quarta, às 16h, no Cemitério da Consolação, em São Paulo.
O músico mantinha Grande Concerto, um programa semanal na Rádio Cultura FM de São Paulo. Foi sua mais recente atuação na mídia, característica que cultivou com determinação e muito talento. Diogo, como os que o conheceram o tratavam carinhosamente, foi assistente do maestro Eleazar de Carvalho na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) nos anos 1980/90. Ele também dirigiu o projeto Concertos de Natal Votorantim, executando concertos na cidade de São Paulo nos finais de ano. Entre 1991 e 1992 foi diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Recife.
Sua atuação extrapolou o fechado mundo clássico. Fez da democratização do acesso de toda a população à música clássica seu mantra. Com um detalhe fundamental: Diogo tinha um humor fino. E uma coragem artística extraordinária.
A trajetória de Diogo Pacheco se iniciou na música coral. Ele regeu muitos corais e fortaleceu o movimento coral no estado paulistano. Décadas mais tarde, nos anos 1990, foi o responsável pelo programa Concertos Internacionais na Rede Globo. Antes disso, criou e manteve um programa semanal na Rádio Eldorado de muito sucesso e repercussão, inclusive fora dos limites da música clássica.
O acontecimento de maior repercussão em sua carreira foi, sem dúvida, quando, em 1964, Diogo colocou Elizeth Cardoso, no palco dos teatros municipais de São Paulo e Rio. E para entoar a cantilena das Bachianas Brasileiras n.º 5, de Villa-Lobos.
A imprensa deu conta da polêmica que o gesto provocou. Como? Uma cantora popular nestes ilustres palcos eruditos? O gesto abalou preconceitos arraigados, abriu as comportas para os "atores" da vida musical erudita enxergarem seus entornos populares. Afinal, música não pode ter adjetivo.
Um emblemática aventura libertária de Diogo, um espírito inquieto e sempre de bom humor, disposto a quebrar preconceitos. Fez isso com clareza no artigo "Como o brasileiro vai gostar de música clássica se não há meios de chegar até ela?", para a revista Viva Música. Assim como levou Elizeth para o Municipal, Diogo batalhou muito no sentido de fazer com que os grandes compositores - Bach, Beethoven, Mozart, Chopin, os populares e os contemporâneos - chegassem a toda a população.
"Não é preciso ser entendido nem ser de uma classe especial para 'entender' o famoso 'tchan tchan tchan' de Beethoven (...) O dia em que houver maior possibilidade de se entrar em contato com a música clássica, não tenho dúvidas de que seu consumo aumentará, sem necessidade de teorias ou análises que provem algo a favor ou contra. Precisamos acabar com os entendidos que dão palpite sem saber onde é o dó. Santas e agudas palavras."
Diogo será lembrado por gestos simbólicos como o de levar Elizeth ao Municipal e batalhar pela popularização da música clássica.
Sua atuação extrapolou o fechado mundo clássico. Fez da democratização do acesso de toda a população à música clássica seu mantra. Com um detalhe fundamental: Diogo tinha um humor fino. E uma coragem artística extraordinária.
A trajetória de Diogo Pacheco se iniciou na música coral. Ele regeu muitos corais e fortaleceu o movimento coral no estado paulistano. Décadas mais tarde, nos anos 1990, foi o responsável pelo programa Concertos Internacionais na Rede Globo. Antes disso, criou e manteve um programa semanal na Rádio Eldorado de muito sucesso e repercussão, inclusive fora dos limites da música clássica.
O acontecimento de maior repercussão em sua carreira foi, sem dúvida, quando, em 1964, Diogo colocou Elizeth Cardoso, no palco dos teatros municipais de São Paulo e Rio. E para entoar a cantilena das Bachianas Brasileiras n.º 5, de Villa-Lobos.
A imprensa deu conta da polêmica que o gesto provocou. Como? Uma cantora popular nestes ilustres palcos eruditos? O gesto abalou preconceitos arraigados, abriu as comportas para os "atores" da vida musical erudita enxergarem seus entornos populares. Afinal, música não pode ter adjetivo.
Um emblemática aventura libertária de Diogo, um espírito inquieto e sempre de bom humor, disposto a quebrar preconceitos. Fez isso com clareza no artigo "Como o brasileiro vai gostar de música clássica se não há meios de chegar até ela?", para a revista Viva Música. Assim como levou Elizeth para o Municipal, Diogo batalhou muito no sentido de fazer com que os grandes compositores - Bach, Beethoven, Mozart, Chopin, os populares e os contemporâneos - chegassem a toda a população.
"Não é preciso ser entendido nem ser de uma classe especial para 'entender' o famoso 'tchan tchan tchan' de Beethoven (...) O dia em que houver maior possibilidade de se entrar em contato com a música clássica, não tenho dúvidas de que seu consumo aumentará, sem necessidade de teorias ou análises que provem algo a favor ou contra. Precisamos acabar com os entendidos que dão palpite sem saber onde é o dó. Santas e agudas palavras."
Diogo será lembrado por gestos simbólicos como o de levar Elizeth ao Municipal e batalhar pela popularização da música clássica.
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