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Publicado 26/09/2022 09:00
 
A origem da língua brasileira - Divulgação
A origem da língua brasileiraDivulgação
Vivemos no Brasil, mas nosso idioma se chama “português”. Tal informação pode soar óbvia para nós, que estamos familiarizados com nossa história. No entanto, ela eventualmente pega de surpresa os estrangeiros que fazem aulas de português. Ao descobrirem que, além do português de Portugal, existe também o português do Brasil, surge a dúvida: qual a diferença entre as duas línguas de mesmo nome?

Falar sobre a gramática luso-brasileira também é falar de história. Por exemplo, falamos português -- enquanto quase todos os nossos vizinhos falam espanhol -- porque nosso território foi colonizado pelos “patrícios”. Mas a viagem pela história está apenas começando. Para entendermos as diferenças que um oceano inteiro separa, precisamos voltar ainda mais no tempo.

A origem da língua portuguesa
Não é novidade que a língua portuguesa deriva do Latim, assim como, por exemplo, o espanhol. Mas em sua definição mais exata, dizemos que o português é uma língua da família indo-europeia, do grupo das línguas itálicas, do subgrupo das línguas românicas e inserida entre as línguas românicas ocidentais.

Podemos ir ainda mais além e classificá-la, numa ordem de hierarquia, como “Galo-ibérica, Ibero-românica, Ibero-ocidental e, por fim, Galaico-portuguesa”. Assim como todas as línguas românicas, o português também tem como ancestral o Latim.

Um ancestral “vulgar”
O que viria a se tornar o português surgiu a partir do Latim, que chegou à Península Ibérica por meio das conquistas romanas. Os soldados do império difundiram o Latim Vulgar, uma versão da língua utilizada pelas camadas mais baixas da sociedade romana.

Em solo ibérico, a língua se misturaria com dialetos locais, principalmente de origem céltica, e daria origem a novos dialetos que, posteriormente, se tornariam idiomas diferentes. No século XII surge a versão arcaica do idioma, chamada de Galego-Português.

Para resumir a história toda, que é muito longa e cheia de detalhes, o Galego-Português se dividiu em dois, o galego, falado atualmente na região espanhola da Galícia, e o português, que tomou formas próprias em Portugal.

Nos próximos séculos, nosso idioma passaria por mudanças graças ao seu contato com outros povos e línguas, como o espanhol e o árabe.

As transformações do Galego-português até os dias atuais
Na tabela a seguir, você poderá ver as diferenças entre o português arcaico (Galego-português) e o português e galego atuais:
 
Tabela 1Divulgação
Tabela 2Divulgação
Por que o português de Portugal é diferente do brasileiro?
Assim como em Portugal o idioma passou por diversas transformações ao longo dos séculos, o mesmo se deu do outro lado do Atlântico, em solo brasileiro. É comum dizer que o idioma é algo vivo, que se altera naturalmente através de gerações.

Podemos entender as principais diferenças entre o portugês de Portugal e do Brasil pelo seu contato com outros povos, idiomas e costumes:

Línguas indígenas
Algumas décadas após o Descobrimento (termo este cada vez mais polêmico), Portugal começa a colonizar o que atualmente chamamos de Brasil. Por aqui, o português entra em contato com os idiomas falados pelos diferentes povos indígenas, principalmente as do tronco tupi. Surgia assim a Língua Geral, um dialeto falado entre portugueses e indígenas que, atualmente, está extinto.

Deste contato surgem não só novas palavras, como tatu, tucano, mandioca, paçoca e samambaia, mas também novos sotaques. É o caso do “dialeto caipira”, forma da língua portuguesa falada no interior do estado de São Paulo e em outros estados.

Línguas africanas
Junto com os povos africanos escravizados, chegaram no Brasil palavras e sotaques que também se incorporaram ao português que, no futuro, seria chamado de Português Brasileiro. Farofa, moleque, cafuné, cachimbo e fubá são exemplos das influências africanas.

Línguas dos imigrantes
A partir do século 19, começou no Brasil um movimento migratório de milhões de pessoas. Vindas de países europeus, como a Itália, Espanha, França e Alemanha, e de outros continentes, como o Japão e a Coreia, esses povos também deixaram seu legado na fala dos brasileiros. A presença estrangeira acabaria tornando o português do Brasil ainda mais diferente do português de Portugal.

É possível ver essa influência na fala do paulistano da capital e região metropolitana. A forma anasalada e o jeito de falar o “r” no “sotaque paulistano” são heranças da grande presença de italianos por lá.

As principais diferenças entre o português de Portugal e do Brasil
Após essa aventura pela história, chegou a hora de mostrarmos, na prática, quais são as principais diferenças entre o português de Portugal e do Brasil. Para facilitar a leitura, vamos dividir essas diferenças em tópicos.

Vocabulário
Muitas palavras se diferem entre os “portugueses”:
 
Tabela 3Divulgação
Pronúncia e sotaques
A pronúncia e os sotaques são as diferenças que percebemos imediatamente ao escutar um português e um brasileiro falando.

A fala em Portugal é mais rápida que a tupiniquim, e geralmente deixa de pronunciar as vogais átonas, enfatizando as vogais tônicas. No Brasil, a fala tende a ser mais cadenciada, e os dois grupos de vogais são claramente pronunciados. É comum que os não-falantes de português adjetivem o idioma brasileiro como “cantado” e “aberto”.

Outras características das pronúncias são do “l” e do “u” ao final das palavras. Enquanto no Brasil se fala “papeu”, em Portugal a letra “l” é pronunciada e destacada. Costumamos, também, substituir o “o” pelo “u”, como em martelo -- pronunciado “martelu”.

Os sotaques da língua portuguesa são muitos, e a diferença no Brasil é bastante visível. O modo que um gaúcho fala é muito diferente de um paulistano, que, por sua vez, se difere de um pernambucano. Em comum, todos esses sotaques divergem dos de Portugal.

Uso de pronome e gerúndio
No português de Portugal, o uso de pronomes se dá, normalmente, após o verbo: “Dá-me uma caneta”. No Brasil, o pronome é empregado no início de uma sentença: “Me dá uma caneta”.

Sobre o gerúndio, no Brasil o utilizamos para expressar eventos que acontecem no presente. “Estou escrevendo uma poesia”.

Em Portugal, a preferência é pelo uso do verbo em sua forma infinitiva, precedida por uma preposição: “Estou a escrever uma poesia”.

Gostou de conhecer mais sobre a história e as diferenças da língua portuguesa no Brasil e em Portugal? Esperamos que ela seja o início de uma jornada ainda mais longa pelo nosso idioma!
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