A comunidade LGBT+ tende a ser mais presente nas regiões metropolitanas (10,9%)Divulgação
Publicado 24/09/2022 11:30
São Paulo - Pelo menos 9,3% da população brasileira se identifica como integrante da comunidade LGBT+, formada por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexo, assexuadas, pansexuais, não binárias e mais. O porcentual pode ser ainda maior, porque 8% não quiseram responder, enquanto 81% disseram não fazer parte do grupo. Os números fazem parte da Pesquisa do Orgulho divulgada esta semana pelo Instituto Datafolha.
Com metodologia semelhante à das pesquisas eleitorais, o trabalho foi realizado com 3.674 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do país - representativos da população total - entre maio e junho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O trabalho foi contratado pela ONG All Out e pela marca Havaianas.
A pesquisa revela que a proporção de pessoas que se identifica com alguma das letras da sigla LGBTQIAPN+ é bem maior entre os jovens do que entre os mais velhos. Dos 16 aos 24 anos, o porcentual de pessoas que se identifica como integrante da comunidade é de 18%. Cai para 13% na faixa dos 25 aos 34 anos. E vai caindo progressivamente até chegar a 5,3% entre aqueles com mais de 60 anos. O número alto de pessoas que não quiseram responder pode indicar tanto um receio de conversar com o entrevistador quanto simplesmente a não compreensão das opções.
"A questão de gênero tem pautado muitos debates", constata Paulo Alves, do Datafolha, responsável pela pesquisa. "Dimensionar essa comunidade é importante para orientar políticas públicas e também as ações das empresas e dos cidadãos. É natural que o porcentual seja maior entre os mais jovens, tem a ver com a liberdade de ser, de se expressar, de falar. Os mais velhos não tiveram sequer a chance de pensar nessas possibilidades. A sociedade brasileira mudou muito nos últimos anos."
Gerente de campanhas da ONG All Out, Ana Andrade concorda como colega. "O dimensionamento nos dá mais assertividade para cobrar politicas públicas e cobrar de forma específica: nessa região, o problema maior é de violência; nessa outra, é saúde. Esse é um avanço importante."
A comunidade tende a ser mais presente nas regiões metropolitanas (10,9%) do que nas cidades do interior (8,2%). O mesmo ocorre entre as pessoas com maior nível de escolaridade (11% das que têm curso superior). A maioria é solteira (59%) e não tem filhos (70%). A variação entre as diferentes regiões do País também é significativa. São 10,1% no Centro-Oeste, 9,9% no Sudeste, 9,8% no Norte, 8,7% no Sul e 8,5% no Nordeste.
Silêncio
O trabalho mostrou também que 62% da população LGBTQIAPN+ economicamente ativa não costuma falar sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero no trabalho. A hostilidade ou preconceito dentro da família é 16 pontos porcentuais mais alta do que entre o restante da população. Além disso, 17% dizem sofrer discriminação, ante 9% dos demais.
Para os 81% que disseram não fazer parte da comunidade, o Datafolha perguntou a opinião sobre a população LGBTQIAPN+. Segundo a pesquisa, 85% afirmaram respeitar as pessoas LGBTQIAPN+. O porcentual cai para 79% quando a pergunta é se a comunidade deve ter os mesmos direitos da população heteronormativa. E cai ainda mais, para 53%, quando o Datafolha indagou se os LGBTQIAPN+ têm direito de realizar demonstrações públicas de afeto. "Sabíamos que encontraríamos discriminação e visões preconceituosas, mas alguns números são muito fortes", diz Paulo Alves, do Datafolha.
Para o servidor público Bruno Ferreira, de 27 anos, que mora em Niterói, região metropolitana do Rio, o dado que indica discriminação não foi uma surpresa. "Existe esse mito de que a sociedade brasileira acolhe bem a diversidade", afirma. Ferreira já foi abordado na fila do cinema por estar de mãos dadas com o namorado. "Isso vem de uma percepção equivocada de que, quando uma população minoritária ganha direitos, o outro grupo está perdendo direitos. E não é isso que acontece. Ninguém está perdendo nada."
A designer Luiza Ribeiro, de 28 anos, que vive em Belém, no Pará, concorda. "Eu não tenho vergonha de andar de mãos dadas com a minha namorada, mas tenho receio", afirma. "Principalmente por ser mulher. Já fomos questionadas dentro de um Uber, o motorista começou a tratar a gente de forma diferente, ficou um clima tenso no carro... Aquela agonia de estar com uma pessoa que não gosta da gente."
Dados
A violência é real e vem aumentando. Em maio deste ano, levantamento do Observatório de Mortes e Violências contra LGBT+ mostrou que pelo menos cinco pessoas da comunidade haviam sido vítimas de homicídio por semana no país. Ao todo, foram 262 assassinatos, um aumento de 21,9% em relação ao ano anterior.
Também em maio deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pela primeira vez dados oficiais sobre a orientação sexual da população brasileira. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 1,9% da população se declara homossexual ou bissexual, enquanto outros 3,4% não quiseram responder ou não sabiam.
A pesquisa não propôs questões sobre identidade de gênero e os números foram considerados subestimados. No lançamento, a coordenadora do trabalho, Maria Lúcia Franca Pontes Vieira, elogiou a iniciativa. "Ainda que os números estejam subnotificados, considero um passo importante para podermos, de alguma forma, entender as características sociodemográficas desse grupo."
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Brasil tem 9% da população identificada como LGBT+, aponta Datafolha

Observatório de Mortes e Violências revela que pelo menos cinco pessoas da comunidade são vítimas de homicídio por semana no país

A comunidade LGBT+ tende a ser mais presente nas regiões metropolitanas (10,9%)Divulgação
Publicado 24/09/2022 11:30
São Paulo - Pelo menos 9,3% da população brasileira se identifica como integrante da comunidade LGBT+, formada por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexo, assexuadas, pansexuais, não binárias e mais. O porcentual pode ser ainda maior, porque 8% não quiseram responder, enquanto 81% disseram não fazer parte do grupo. Os números fazem parte da Pesquisa do Orgulho divulgada esta semana pelo Instituto Datafolha.
Com metodologia semelhante à das pesquisas eleitorais, o trabalho foi realizado com 3.674 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do país - representativos da população total - entre maio e junho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O trabalho foi contratado pela ONG All Out e pela marca Havaianas.
A pesquisa revela que a proporção de pessoas que se identifica com alguma das letras da sigla LGBTQIAPN+ é bem maior entre os jovens do que entre os mais velhos. Dos 16 aos 24 anos, o porcentual de pessoas que se identifica como integrante da comunidade é de 18%. Cai para 13% na faixa dos 25 aos 34 anos. E vai caindo progressivamente até chegar a 5,3% entre aqueles com mais de 60 anos. O número alto de pessoas que não quiseram responder pode indicar tanto um receio de conversar com o entrevistador quanto simplesmente a não compreensão das opções.
"A questão de gênero tem pautado muitos debates", constata Paulo Alves, do Datafolha, responsável pela pesquisa. "Dimensionar essa comunidade é importante para orientar políticas públicas e também as ações das empresas e dos cidadãos. É natural que o porcentual seja maior entre os mais jovens, tem a ver com a liberdade de ser, de se expressar, de falar. Os mais velhos não tiveram sequer a chance de pensar nessas possibilidades. A sociedade brasileira mudou muito nos últimos anos."
Gerente de campanhas da ONG All Out, Ana Andrade concorda como colega. "O dimensionamento nos dá mais assertividade para cobrar politicas públicas e cobrar de forma específica: nessa região, o problema maior é de violência; nessa outra, é saúde. Esse é um avanço importante."
A comunidade tende a ser mais presente nas regiões metropolitanas (10,9%) do que nas cidades do interior (8,2%). O mesmo ocorre entre as pessoas com maior nível de escolaridade (11% das que têm curso superior). A maioria é solteira (59%) e não tem filhos (70%). A variação entre as diferentes regiões do País também é significativa. São 10,1% no Centro-Oeste, 9,9% no Sudeste, 9,8% no Norte, 8,7% no Sul e 8,5% no Nordeste.
Silêncio
O trabalho mostrou também que 62% da população LGBTQIAPN+ economicamente ativa não costuma falar sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero no trabalho. A hostilidade ou preconceito dentro da família é 16 pontos porcentuais mais alta do que entre o restante da população. Além disso, 17% dizem sofrer discriminação, ante 9% dos demais.
Para os 81% que disseram não fazer parte da comunidade, o Datafolha perguntou a opinião sobre a população LGBTQIAPN+. Segundo a pesquisa, 85% afirmaram respeitar as pessoas LGBTQIAPN+. O porcentual cai para 79% quando a pergunta é se a comunidade deve ter os mesmos direitos da população heteronormativa. E cai ainda mais, para 53%, quando o Datafolha indagou se os LGBTQIAPN+ têm direito de realizar demonstrações públicas de afeto. "Sabíamos que encontraríamos discriminação e visões preconceituosas, mas alguns números são muito fortes", diz Paulo Alves, do Datafolha.
Para o servidor público Bruno Ferreira, de 27 anos, que mora em Niterói, região metropolitana do Rio, o dado que indica discriminação não foi uma surpresa. "Existe esse mito de que a sociedade brasileira acolhe bem a diversidade", afirma. Ferreira já foi abordado na fila do cinema por estar de mãos dadas com o namorado. "Isso vem de uma percepção equivocada de que, quando uma população minoritária ganha direitos, o outro grupo está perdendo direitos. E não é isso que acontece. Ninguém está perdendo nada."
A designer Luiza Ribeiro, de 28 anos, que vive em Belém, no Pará, concorda. "Eu não tenho vergonha de andar de mãos dadas com a minha namorada, mas tenho receio", afirma. "Principalmente por ser mulher. Já fomos questionadas dentro de um Uber, o motorista começou a tratar a gente de forma diferente, ficou um clima tenso no carro... Aquela agonia de estar com uma pessoa que não gosta da gente."
Dados
A violência é real e vem aumentando. Em maio deste ano, levantamento do Observatório de Mortes e Violências contra LGBT+ mostrou que pelo menos cinco pessoas da comunidade haviam sido vítimas de homicídio por semana no país. Ao todo, foram 262 assassinatos, um aumento de 21,9% em relação ao ano anterior.
Também em maio deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pela primeira vez dados oficiais sobre a orientação sexual da população brasileira. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 1,9% da população se declara homossexual ou bissexual, enquanto outros 3,4% não quiseram responder ou não sabiam.
A pesquisa não propôs questões sobre identidade de gênero e os números foram considerados subestimados. No lançamento, a coordenadora do trabalho, Maria Lúcia Franca Pontes Vieira, elogiou a iniciativa. "Ainda que os números estejam subnotificados, considero um passo importante para podermos, de alguma forma, entender as características sociodemográficas desse grupo."
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Brasil tem 9% da população identificada como LGBT+, aponta Datafolha

Observatório de Mortes e Violências revela que pelo menos cinco pessoas da comunidade são vítimas de homicídio por semana no país

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São Paulo - Pelo menos 9,3% da população brasileira se identifica como integrante da comunidade LGBT+, formada por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexo, assexuadas, pansexuais, não binárias e mais. O porcentual pode ser ainda maior, porque 8% não quiseram responder, enquanto 81% disseram não fazer parte do grupo. Os números fazem parte da Pesquisa do Orgulho divulgada esta semana pelo Instituto Datafolha.
Com metodologia semelhante à das pesquisas eleitorais, o trabalho foi realizado com 3.674 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do país - representativos da população total - entre maio e junho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O trabalho foi contratado pela ONG All Out e pela marca Havaianas.
A pesquisa revela que a proporção de pessoas que se identifica com alguma das letras da sigla LGBTQIAPN+ é bem maior entre os jovens do que entre os mais velhos. Dos 16 aos 24 anos, o porcentual de pessoas que se identifica como integrante da comunidade é de 18%. Cai para 13% na faixa dos 25 aos 34 anos. E vai caindo progressivamente até chegar a 5,3% entre aqueles com mais de 60 anos. O número alto de pessoas que não quiseram responder pode indicar tanto5.300781 85.300781s-38.199219 85.300781-85.300781 85.300781zm0 0"/>
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Para o servidor público Bruno Ferreira, de 27 anos, que mora em Niterói, região metropolitana do Rio, o dado que indica discriminação não foi uma surpresa. "Existe esse mito de que a sociedade brasileira acolhe bem a diversidade", afirma. Ferreira já foi abordado na fila do cinema por estar de mãos dadas com o namorado. "Isso vem de uma percepção equivocada de que, quando uma população minoritária ganha direitos, o outro grupo está perdendo direitos. E não é isso que acontece. Ninguém está perdendo nada."
A designer Luiza Ribeiro, de 28 anos, que vive em Belém, no Pará, concorda. "Eu não tenho vergonha de andar de mãos dadas com a minha namorada, mas tenho receio", afirma. "Principalmente por ser mulher. Já fomos questionadas dentro de um Uber, o motorista começou a tratar a gente de forma diferente, ficou um clima tenso no carro... Aquela agonia de estar com uma pessoa que não gosta da gente."
Dados
A violência é real e vem aumentando. Em maio deste ano, levantamento do Observatório de Mortes e Violências contra LGBT+ mostrou que pelo menos cinco pessoas da comunidade haviam sido vítimas de homicídio por semana no país. Ao todo, foram 262 assassinatos, um aumento de 21,9% em relação ao ano anterior.
Também em maio deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pela primeira vez dados oficiais sobre a orientação sexual da população brasileira. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 1,9% da população se declara homossexual ou bissexual, enquanto outros 3,4% não quiseram responder ou não sabiam.
A pesquisa não propôs questões sobre identidade de gênero e os números foram considerados subestimados. No lançamento, a coordenadora do trabalho, Maria Lúcia Franca Pontes Vieira, elogiou a iniciativa. "Ainda que os números estejam subnotificados, considero um passo importante para podermos, de alguma forma, entender as características sociodemográficas desse grupo."
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Publicado 24/09/2022 11:30
São Paulo - Pelo menos 9,3% da população brasileira se identifica como integrante da comunidade LGBT+, formada por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexo, assexuadas, pansexuais, não binárias e mais. O porcentual pode ser ainda maior, porque 8% não quiseram responder, enquanto 81% disseram não fazer parte do grupo. Os números fazem parte da Pesquisa do Orgulho divulgada esta semana pelo Instituto Datafolha.
Com metodologia semelhante à das pesquisas eleitorais, o trabalho foi realizado com 3.674 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do país - representativos da população total - entre maio e junho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O trabalho foi contratado pela ONG All Out e pela marca Havaianas.
A pesquisa revela que a proporção de pessoas que se identifica com alguma das letras da sigla LGBTQIAPN+ é bem maior entre os jovens do que entre os mais velhos. Dos 16 aos 24 anos, o porcentual de pessoas que se identifica como integrante da comunidade é de 18%. Cai para 13% na faixa dos 25 aos 34 anos. E vai caindo progressivamente até chegar a 5,3% entre aqueles com mais de 60 anos. O número alto de pessoas que não quiseram responder pode indicar tantoargin:10px auto 0 auto;padding:0}main .time-article{display:-webkit-box;display:-ms-flexbox;display:flex;-webkit-box-align:center;-ms-flex-align:center;align-items:center;font-size:14px;font-family:Open-Sans-Regular,sans-serif;color:#000}main .time-article time+time{margin-left:3px}.article-body{padding:20px;padding-top:10px;padding-bottom:0;-webkit-box-sizing:border-box;box-sizing:border-box;background:#fff}.article-body.croped{max-height:800px;overflow:hidden;position:relative}.article-body.croped:after{content:"";position:absolute;background:-webkit-gradient(linear,left top,left bottom,color-stop(0,rgba(255,255,255,0)),color-stop(50%,#f7f7f7),to(#f9f9f9));background:linear-gradient(180deg,rgba(255,255,255,0) 0,#f7f7f7 50%,#f9f9f9);height:140px;width:100%;bottom:0;z-index:1}.article-body.croped .read-more-article{position:absolute;bottom:0;z-index:9;width:90%;margin:0 auto;left:0;right:0}.article-body.not-croped 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Brasil tem 9% da população identificada como LGBT+, aponta Datafolha

Observatório de Mortes e Violências revela que pelo menos cinco pessoas da comunidade são vítimas de homicídio por semana no país

A comunidade LGBT+ tende a ser mais presente nas regiões metropolitanas (10,9%)Divulgação
Publicado 24/09/2022 11:30
São Paulo - Pelo menos 9,3% da população brasileira se identifica como integrante da comunidade LGBT+, formada por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexo, assexuadas, pansexuais, não binárias e mais. O porcentual pode ser ainda maior, porque 8% não quiseram responder, enquanto 81% disseram não fazer parte do grupo. Os números fazem parte da Pesquisa do Orgulho divulgada esta semana pelo Instituto Datafolha.
Com metodologia semelhante à das pesquisas eleitorais, o trabalho foi realizado com 3.674 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do país - representativos da população total - entre maio e junho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O trabalho foi contratado pela ONG All Out e pela marca Havaianas.
A pesquisa revela que a proporção de pessoas que se identifica com alguma das letras da sigla LGBTQIAPN+ é bem maior entre os jovens do que entre os mais velhos. Dos 16 aos 24 anos, o porcentual de pessoas que se identifica como integrante da comunidade é de 18%. Cai para 13% na faixa dos 25 aos 34 anos. E vai caindo progressivamente até chegar a 5,3% entre aqueles com mais de 60 anos. O número alto de pessoas que não quiseram responder pode indicar tanto um receio de conversar com o entrevistador quanto simplesmente a não compreensão das opções.
"A questão de gênero tem pautado muitos debates", constata Paulo Alves, do Datafolha, responsável pela pesquisa. "Dimensionar essa comunidade é importante para orientar políticas públicas e também as ações das empresas e dos cidadãos. É natural que o porcentual seja maior entre os mais jovens, tem a ver com a liberdade de ser, de se expressar, de falar. Os mais velhos não tiveram sequer a chance de pensar nessas possibilidades. A sociedade brasileira mudou muito nos últimos anos."
Gerente de campanhas da ONG All Out, Ana Andrade concorda como colega. "O dimensionamento nos dá mais assertividade para cobrar politicas públicas e cobrar de forma específica: nessa região, o problema maior é de violência; nessa outra, é saúde. Esse é um avanço importante."
A comunidade tende a ser mais presente nas regiões metropolitanas (10,9%) do que nas cidades do interior (8,2%). O mesmo ocorre entre as pessoas com maior nível de escolaridade (11% das que têm curso superior). A maioria é solteira (59%) e não tem filhos (70%). A variação entre as diferentes regiões do País também é significativa. São 10,1% no Centro-Oeste, 9,9% no Sudeste, 9,8% no Norte, 8,7% no Sul e 8,5% no Nordeste.
Silêncio
O trabalho mostrou também que 62% da população LGBTQIAPN+ economicamente ativa não costuma falar sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero no trabalho. A hostilidade ou preconceito dentro da família é 16 pontos porcentuais mais alta do que entre o restante da população. Além disso, 17% dizem sofrer discriminação, ante 9% dos demais.
Para os 81% que disseram não fazer parte da comunidade, o Datafolha perguntou a opinião sobre a população LGBTQIAPN+. Segundo a pesquisa, 85% afirmaram respeitar as pessoas LGBTQIAPN+. O porcentual cai para 79% quando a pergunta é se a comunidade deve ter os mesmos direitos da população heteronormativa. E cai ainda mais, para 53%, quando o Datafolha indagou se os LGBTQIAPN+ têm direito de realizar demonstrações públicas de afeto. "Sabíamos que encontraríamos discriminação e visões preconceituosas, mas alguns números são muito fortes", diz Paulo Alves, do Datafolha.
Para o servidor público Bruno Ferreira, de 27 anos, que mora em Niterói, região metropolitana do Rio, o dado que indica discriminação não foi uma surpresa. "Existe esse mito de que a sociedade brasileira acolhe bem a diversidade", afirma. Ferreira já foi abordado na fila do cinema por estar de mãos dadas com o namorado. "Isso vem de uma percepção equivocada de que, quando uma população minoritária ganha direitos, o outro grupo está perdendo direitos. E não é isso que acontece. Ninguém está perdendo nada."
A designer Luiza Ribeiro, de 28 anos, que vive em Belém, no Pará, concorda. "Eu não tenho vergonha de andar de mãos dadas com a minha namorada, mas tenho receio", afirma. "Principalmente por ser mulher. Já fomos questionadas dentro de um Uber, o motorista começou a tratar a gente de forma diferente, ficou um clima tenso no carro... Aquela agonia de estar com uma pessoa que não gosta da gente."
Dados
A violência é real e vem aumentando. Em maio deste ano, levantamento do Observatório de Mortes e Violências contra LGBT+ mostrou que pelo menos cinco pessoas da comunidade haviam sido vítimas de homicídio por semana no país. Ao todo, foram 262 assassinatos, um aumento de 21,9% em relação ao ano anterior.
Também em maio deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pela primeira vez dados oficiais sobre a orientação sexual da população brasileira. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 1,9% da população se declara homossexual ou bissexual, enquanto outros 3,4% não quiseram responder ou não sabiam.
A pesquisa não propôs questões sobre identidade de gênero e os números foram considerados subestimados. No lançamento, a coordenadora do trabalho, Maria Lúcia Franca Pontes Vieira, elogiou a iniciativa. "Ainda que os números estejam subnotificados, considero um passo importante para podermos, de alguma forma, entender as características sociodemográficas desse grupo."
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  • fortes", diz Paulo Alves, do Datafolha.
    Para o servidor público Bruno Ferreira, de 27 anos, que mora em Niterói, região metropolitana do Rio, o dado que indica discriminação não foi uma surpresa. "Existe esse mito de que a sociedade brasileira acolhe bem a diversidade", afirma. Ferreira já foi abordado na fila do cinema por estar de mãos dadas com o namorado. "Isso vem de uma percepção equivocada de que, quando uma população minoritária ganha direitos, o outro grupo está perdendo direitos. E não é isso que acontece. Ninguém está perdendo nada."
    A designer Luiza Ribeiro, de 28 anos, que vive em Belém, no Pará, concorda. "Eu não tenho vergonha de andar de mãos dadas com a minha namorada, mas tenho receio", afirma. "Principalmente por ser mulher. Já fomos questionadas dentro de um Uber, o motorista começou a tratar a gente de forma diferente, ficou um clima tenso no carro... Aquela agonia de estar com uma pessoa que não gosta da gente."
    Dados
    A violência é real e vem aumentando. Em maio deste ano, levantamento do Observatório de Mortes e Violências contra LGBT+ mostrou que pelo menos cinco pessoas da comunidade haviam sido vítimas de homicídio por semana no país. Ao todo, foram 262 assassinatos, um aumento de 21,9% em relação ao ano anterior.
    Também em maio deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pela primeira vez dados oficiais sobre a orientação sexual da população brasileira. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 1,9% da população se declara homossexual ou bissexual, enquanto outros 3,4% não quiseram responder ou não sabiam.
    A pesquisa não propôs questões sobre identidade de gênero e os números foram considerados subestimados. No lançamento, a coordenadora do trabalho, Maria Lúcia Franca Pontes Vieira, elogiou a iniciativa. "Ainda que os números estejam subnotificados, considero um passo importante para podermos, de alguma forma, entender as características sociodemográficas desse grupo."
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