Publicado 08/10/2022 18:02 | Atualizado 08/10/2022 18:02
Rio - Uma pesquisa inédita, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (7), apontou que o Brasil perdeu uma área de 513,1 quilômetros quadrados de vegetação nativa entre os anos de 2000 e 2020. Os dados divulgados fazem parte do estudo "Contas Econômicas Ambientais da Terra 2000/2020", dedicado a analisar a dinâmica de ocupação do território nacional e as suas mudanças ao longo do período.
Segundo a análise, 320,7 mil quilômetros quadrados de vegetação florestal desapareceram no período observado, o equivalente a uma redução de 7,9% no seu tamanho. Outra área bastante afetada, a de vegetação campestre, que compreende os biomas da caatinga, cerrado, pantanal e pampa, registrou uma diminuição percentual ainda maior, de 10,6%, correspondente a 192,5 mil quilômetros quadrados ou pouco menos que a área do estado do Paraná.
De acordo com o IBGE, as regiões que sofreram mudanças mais intensas foram as bordas da Amazônia, o sul do Rio Grande do Sul, uma área que se estende desde o Oeste Paulista até o leste de Mato Grosso do Sul e Goiás, e o MATOPIBA, região formada por áreas majoritariamente de cerrado, nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
O Pará, estado mais afetado, perdeu 123,2 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa, ou uma área equivalente ao tamanho dos estados de Santa Catarina e Alagoas somados. O segundo maior recuo foi registrado no Mato Grosso, onde uma área de 97,9 mil quilômetros quadrados de vegetação deixou de existir. Além de Pará e Mato Grosso, outros quatro dos dez estados que mais sofreram com as reduções de vegetação nativa segundo o estudo, estão localizados na Amazônia Legal, casos de Rondônia, Tocantins, Amazonas e Maranhão.
O IBGE atribuiu a causa das mudanças ao avanço das áreas dedicadas a agricultura, pastagem com manejo e a silvicultura no país. Conforme apontou o estudo, no período analisado, a extensão dedicada a agricultura aumentou 50,1% de tamanho, ocupando um espaço de 229,9 mil km², enquanto a área da silvicultura no país cresceu 71,4%, equivalente a 36 mil km², e a de pastagem com manejo registrou um aumento de 27,9% ou 247 mil km².
Segundo apontou Ivone Batista, gerente de Contas Estatísticas Ambientais do IBGE, a pesquisa "mostra uma tendência de conversão de uso", com destaque para a expansão de áreas agrícolas e de pastagem com manejo avançando sobre as de vegetações campestres e florestais. "Ao observarmos esse período de 20 anos, as maiores mudanças se dão com a substituição de vegetação florestal e campestre por cultivos e também pastagens com manejo e silvicultura”, destacou Batista.
*Reportagem do estagiário Jorge de Mello, sob supervisão de Bruno Ferreira
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