Publicado 17/11/2022 21:03
Brasil - É enganosa uma publicação que alega que o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), tenha publicado uma “Carta à Nação” após o resultado do 2º turno das eleições, na qual acusaria todos os outros governantes antes dele de serem de esquerda e diria que ele e seus apoiadores teriam desmascarado “que as ‘diferenças’ do passado não eram nada além de 50 tons de vermelho”. O texto, de fato, foi publicado por Bolsonaro, mas no dia 29 de setembro, e não por meio de nota oficial, mas sim em sua conta no Twitter. A última “Declaração Oficial à Nação” feita pelo atual presidente foi em 9 de setembro de 2021, após ter atacado instituições nos atos do Dia da Independência do Brasil daquele ano.
Conteúdo investigado: Vídeo com imagens de manifestações bolsonaristas e áudio com narração de suposta “Carta à Nação” de Jair Bolsonaro. Sobre as imagens, há uma legenda que diz: “carta a (sic) nação brasileira”.
Onde foi publicado: TikTok e Instagram.
Conclusão do Comprova: É enganoso um vídeo que alega que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha publicado uma “Carta à Nação”, tipo de documento oficial que demonstra um posicionamento acerca de determinado assunto, na qual teria afirmado que todos os antigos governantes do Brasil eram de esquerda e que era de sua responsabilidade desmascarar “esse teatro”.
Com imagens de manifestações bolsonaristas realizadas após a eleição e uma narração em voice-over, a gravação reproduz um texto publicado na conta oficial do Twitter de Bolsonaro, no dia 29 de setembro, antes do 1º turno das eleições. Os protestos pós-eleição defendem um golpe de estado após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa para a presidência.
Como foi publicado antes das eleições, o texto de Bolsonaro não se refere aos atos recentes. Ele escreveu a declaração em resposta a uma foto de Lula ao lado de apoiadores da sua candidatura, antes do primeiro turno das eleições, que aconteceu no dia 2 de outubro.
O último texto divulgado oficialmente como Carta à Nação do presidente, divulgada pelo governo, foi de 9 de setembro de 2021, sob redação do ex-mandatário Michel Temer (MDB). Nela, Bolsonaro se retratou após discurso de cunho golpista que realizou durante as manifestações do Dia da Independência daquele ano.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até a manhã de 17 de novembro, a postagem enganosa somava mais de 461,5 mil visualizações e 24,5 mil curtidas no TikTok.
O que diz o responsável pela publicação: A conta do criador do conteúdo verificado no TikTok não permite o envio de mensagens. A reportagem procurou o mesmo usuário em outras redes, mas não encontrou nenhum perfil correspondente.
Como verificamos: Procuramos no Google pelo termo “Carta à Nação”, como o vídeo do TikTok intitula o texto narrado, mas só apareceram notícias da “Declaração Oficial à Nação”, de Jair Bolsonaro, de 9 de setembro de 2021.
Em seguida, para achar a origem do texto utilizado na postagem, com auxílio do aplicativo “Transkriptor”, transcrevemos as falas do narrador do post e pesquisamos os trechos no Google, que nos levou para os tuítes publicados no perfil oficial de Bolsonaro no Twitter – que corresponde exatamente ao que é dito no conteúdo investigado.
O narrador do áudio usado no vídeo do TikTok se identifica como Nando Pinheiro. Com isso, procuramos o nome dele no Twitter e achamos a sua conta oficial. Nela, havia um link que nos redirecionava para o seu WhatsApp. O Comprova mandou uma mensagem para o número dele que respondeu prontamente e reconheceu a autoria do áudio que foi utilizado na peça verificada, mas que havia sido gravado para outro vídeo.
Última Carta à Nação de Bolsonaro
Onde foi publicado: TikTok e Instagram.
Conclusão do Comprova: É enganoso um vídeo que alega que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha publicado uma “Carta à Nação”, tipo de documento oficial que demonstra um posicionamento acerca de determinado assunto, na qual teria afirmado que todos os antigos governantes do Brasil eram de esquerda e que era de sua responsabilidade desmascarar “esse teatro”.
Com imagens de manifestações bolsonaristas realizadas após a eleição e uma narração em voice-over, a gravação reproduz um texto publicado na conta oficial do Twitter de Bolsonaro, no dia 29 de setembro, antes do 1º turno das eleições. Os protestos pós-eleição defendem um golpe de estado após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa para a presidência.
Como foi publicado antes das eleições, o texto de Bolsonaro não se refere aos atos recentes. Ele escreveu a declaração em resposta a uma foto de Lula ao lado de apoiadores da sua candidatura, antes do primeiro turno das eleições, que aconteceu no dia 2 de outubro.
O último texto divulgado oficialmente como Carta à Nação do presidente, divulgada pelo governo, foi de 9 de setembro de 2021, sob redação do ex-mandatário Michel Temer (MDB). Nela, Bolsonaro se retratou após discurso de cunho golpista que realizou durante as manifestações do Dia da Independência daquele ano.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até a manhã de 17 de novembro, a postagem enganosa somava mais de 461,5 mil visualizações e 24,5 mil curtidas no TikTok.
O que diz o responsável pela publicação: A conta do criador do conteúdo verificado no TikTok não permite o envio de mensagens. A reportagem procurou o mesmo usuário em outras redes, mas não encontrou nenhum perfil correspondente.
Como verificamos: Procuramos no Google pelo termo “Carta à Nação”, como o vídeo do TikTok intitula o texto narrado, mas só apareceram notícias da “Declaração Oficial à Nação”, de Jair Bolsonaro, de 9 de setembro de 2021.
Em seguida, para achar a origem do texto utilizado na postagem, com auxílio do aplicativo “Transkriptor”, transcrevemos as falas do narrador do post e pesquisamos os trechos no Google, que nos levou para os tuítes publicados no perfil oficial de Bolsonaro no Twitter – que corresponde exatamente ao que é dito no conteúdo investigado.
O narrador do áudio usado no vídeo do TikTok se identifica como Nando Pinheiro. Com isso, procuramos o nome dele no Twitter e achamos a sua conta oficial. Nela, havia um link que nos redirecionava para o seu WhatsApp. O Comprova mandou uma mensagem para o número dele que respondeu prontamente e reconheceu a autoria do áudio que foi utilizado na peça verificada, mas que havia sido gravado para outro vídeo.
Última Carta à Nação de Bolsonaro
Na intitulada “Declaração Oficial à Nação”, divulgada em 9 de setembro de 2021, o presidente Bolsonaro se retratou dos ataques proferidos no dia 7 de Setembro contra o Supremo Tribunal Federal e, em especial, contra o ministro Alexandre de Moraes, na tentativa de apaziguar o clima entre os Poderes da República. Na ocasião, Bolsonaro disse que o sistema eleitoral brasileiro não é seguro e chamou Moraes de “canalha”.
O texto, redigido pelo ex-presidente Michel Temer e assinado pelo atual mandatário, afirma que Bolsonaro nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes”.
Texto da suposta carta é sequência de tuítes de Bolsonaro
O texto, redigido pelo ex-presidente Michel Temer e assinado pelo atual mandatário, afirma que Bolsonaro nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes”.
Texto da suposta carta é sequência de tuítes de Bolsonaro
O texto usado para a narração do vídeo é, na verdade, uma sequência de tuítes publicados por Bolsonaro em 29 de setembro deste ano, antes do primeiro turno da eleição, realizado em 2 de outubro.
O post contém, além do texto opinativo do chefe do Executivo, uma foto do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato, ao lado de apoiadores.
Além de Lula, na foto, aparecem Geraldo Alckmin (PSB) e os candidatos à presidência de anos anteriores: Guilherme Boulos (PSOL), Luciana Genro (PSOL), Cristovam Buarque (Cidadania), Marina Silva (Rede), Fernando Haddad (PT), Henrique Meirelles (União Brasil) e João Goulart Filho (PCdoB). Bolsonaro fez diversas críticas a esses políticos e apoiadores de Lula, os acusando por “falsa diversidade” para que a “ideologia de esquerda” imperasse o país.
Quem é o autor do áudio usado no vídeo verificado
O post contém, além do texto opinativo do chefe do Executivo, uma foto do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato, ao lado de apoiadores.
Além de Lula, na foto, aparecem Geraldo Alckmin (PSB) e os candidatos à presidência de anos anteriores: Guilherme Boulos (PSOL), Luciana Genro (PSOL), Cristovam Buarque (Cidadania), Marina Silva (Rede), Fernando Haddad (PT), Henrique Meirelles (União Brasil) e João Goulart Filho (PCdoB). Bolsonaro fez diversas críticas a esses políticos e apoiadores de Lula, os acusando por “falsa diversidade” para que a “ideologia de esquerda” imperasse o país.
Quem é o autor do áudio usado no vídeo verificado
Em seu site e nas redes sociais, Nando Pinheiro se apresenta como “ator, locutor, palestrante e referência em locução no Brasil”. Ele tem mais de 20 anos de atuação no ramo da narração. Seu canal no YouTube tem 2,1 milhões de inscritos. Na plataforma, Pinheiro publica diversos vídeos religiosos e motivacionais.
O vídeo em questão afirma que o áudio é narrado por Nando Pinheiro, que foi candidato a deputado federal pelo PL e é conhecido por gravar vídeos motivacionais em seu canal no YouTube e por fazer narrações profissionais.
Nando Pinheiro confirmou ao Projeto Comprova, em mensagens pelo WhatsApp, ser o autor da narração do vídeo. No entanto, ele afirma que fez um outro vídeo com o áudio para compartilhar entre amigos e seguidores de Bolsonaro em grupos do WhatsApp. Segundo ele, o áudio viralizou e foi utilizado por outras pessoas em diferentes publicações.
O narrador ainda disse que não se lembrava exatamente da data em que fez a gravação, mas que teria sido entre 15 e 30 de setembro. Nando também afirmou que apenas “reproduziu” a publicação de Jair Bolsonaro nas redes sociais para compartilhar com os apoiadores do atual presidente da República.
Segundo Pinheiro, a gravação foi feita espontaneamente, sem que houvesse pedido da campanha do presidente. “Áudio normal como gravo para milhares [de pessoas]. Só que pegaram minha voz e reproduziram em outros vídeos que não sou autor”, constatou sobre os outros vídeos que já circulavam nas redes usando o mesmo áudio.
Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Mesmo após as eleições, materiais falsos e enganosos ainda circulam para desacreditar o sistema eleitoral, figuras políticas e as instituições brasileiras. Manifestações nesse sentido, com alegações infundadas, tentam tirar a credibilidade do processo e atingir a democracia.
Outras checagens sobre o tema: Sobre o texto publicado por Jair Bolsonaro em sua conta oficial no Twitter acusando que todos os demais políticos brasileiros são, assim como Lula, “vermelhos”, o veículo de checagens Aos Fatos também realizou checagem de publicação que dizia que o texto havia postado após Bolsonaro não se reeleger no segundo turno eleitoral, em 30 de outubro. Em outras checagens, o Comprova já explicou sobre o Artigo 142, que não prevê intervenção militar nem federal; e sobre as auditorias que atestam a confiabilidade do sistema eleitoral.
O vídeo em questão afirma que o áudio é narrado por Nando Pinheiro, que foi candidato a deputado federal pelo PL e é conhecido por gravar vídeos motivacionais em seu canal no YouTube e por fazer narrações profissionais.
Nando Pinheiro confirmou ao Projeto Comprova, em mensagens pelo WhatsApp, ser o autor da narração do vídeo. No entanto, ele afirma que fez um outro vídeo com o áudio para compartilhar entre amigos e seguidores de Bolsonaro em grupos do WhatsApp. Segundo ele, o áudio viralizou e foi utilizado por outras pessoas em diferentes publicações.
O narrador ainda disse que não se lembrava exatamente da data em que fez a gravação, mas que teria sido entre 15 e 30 de setembro. Nando também afirmou que apenas “reproduziu” a publicação de Jair Bolsonaro nas redes sociais para compartilhar com os apoiadores do atual presidente da República.
Segundo Pinheiro, a gravação foi feita espontaneamente, sem que houvesse pedido da campanha do presidente. “Áudio normal como gravo para milhares [de pessoas]. Só que pegaram minha voz e reproduziram em outros vídeos que não sou autor”, constatou sobre os outros vídeos que já circulavam nas redes usando o mesmo áudio.
Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições presidenciais. Mesmo após as eleições, materiais falsos e enganosos ainda circulam para desacreditar o sistema eleitoral, figuras políticas e as instituições brasileiras. Manifestações nesse sentido, com alegações infundadas, tentam tirar a credibilidade do processo e atingir a democracia.
Outras checagens sobre o tema: Sobre o texto publicado por Jair Bolsonaro em sua conta oficial no Twitter acusando que todos os demais políticos brasileiros são, assim como Lula, “vermelhos”, o veículo de checagens Aos Fatos também realizou checagem de publicação que dizia que o texto havia postado após Bolsonaro não se reeleger no segundo turno eleitoral, em 30 de outubro. Em outras checagens, o Comprova já explicou sobre o Artigo 142, que não prevê intervenção militar nem federal; e sobre as auditorias que atestam a confiabilidade do sistema eleitoral.
*Conteúdo investigado por Estadão, UOL e Imirante.com. E verificado por O DIA, Plural Curitiba, Crusoé, Metrópoles, A Gazeta, CBN Cuiabá e Folha de S.Paulo.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.