Jorge Guaranho bolsonarista que matou petistaReprodução
Publicado 02/12/2022 09:59
A Justiça do Paraná decidiu na quinta-feira, 1º, que o agente penitenciário federal Jorge Guaranho deve ir a júri popular pelo assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, no dia 9 de julho em Foz do Iguaçu (PR). Guaranho está preso preventivamente desde 13 de agosto no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. 
O juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3.ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, assinou a decisão de pronúncia — aquela que aceita a acusação para encaminhar o processo ao Tribunal do Júri. A defesa do agente penitenciário pode recorrer da decisão.

A denúncia por homicídio duplamente qualificado foi oferecida pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). O órgão afirma que o crime foi motivado por "preferências político-partidárias antagônicas", o que foi considerado "motivo torpe". Guaranho pode pegar até 30 anos de prisão.
"Qualquer aprofundamento da análise deste juízo em relação às provas relacionadas à qualificadora em questão, como pretende a Defesa em memoriais, implicaria indevida intromissão no mérito da imputação e injustificada interferência na competência constitucional do Conselho de Sentença", diz a decisão.
O juiz determinou que o caso vá para a à 1ª Vara Criminal e Tribunal do Júri de Foz do Iguaçu. Advogados que representam a família de Marcelo Arruda no processo, avaliaram que o envio do caso a júri popular é coerente e que buscarão a condenação do acusado.

"Também entendemos que é importante que o acusado permaneça preso preventivamente uma vez que ficou demonstrado sua periculosidade e seu fanatismo político. Portanto o mesmo oferece risco à ordem pública", diz a nota.
O juiz também negou pedido da defesa de revogar a prisão do agente penitenciário. O magistrado afirmou que, diante da gravidade do homicídio pelo qual o policial é acusado, não há outra medida cautelar a ser aplicada que não a prisão em regime fechado. "A multiplicidade de disparos em local de confraternização pode indicar audácia do agente e desconsideração com a vida de vítimas secundárias, a demonstrar particular desprezo com o bem vida", conclui a decisão.
Jorge Guaranho publicou essa imagem nas redes sociais em 19/01/2021 - Divulgação
Jorge Guaranho publicou essa imagem nas redes sociais em 19/01/2021Divulgação


Como o ataque aconteceu
A festa de de 50 anos de Marcelo era realizada na Associação Recreativa Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi), na cidade paranaense. Segundo testemunhas, o suspeito teria parado o carro na porta da associação onde ocorria a comemoração — cujo tema era o Partido dos Trabalhadores (PT) com o salão decorado com bandeiras do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a —, e gritado "Aqui é Bolsonaro" e "mito", além de ameaçar os presentes. Ele estaria acompanhado de uma mulher e uma criança. Um dos convidados, que preferiu não se identificar, disse que o policial penitenciário deixou o local, mas prometeu voltar e "acabar com todo todo mundo".
Com receio de que o agente penitenciário retornasse, Arruda, que era da Guarda Municipal em Foz de Iguaçu, decidiu pegar sua arma no carro. Já no fim da festa, Guaranho retornou sozinho ao salão do clube e fez três disparos contra o petista. Mesmo ferido, a vítima revidou, atingindo o agressor na cabeça. Ambos foram levados para o Hospital Municipal Padre Germano Lauck, mas Arruda morreu pouco depois.
Guaranho é apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro (PL) e sócio da Associação Recreativa Esportiva Saúde Física (Aresf), onde ocorreu a festa. Ele soube da decoração, após integrantes da diretoria e com acesso às câmeras de segurança, mostrarem as imagens para o policial penal em um churrasco, próximo do aniversário.

O bolsonarista é réu por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e por colocar em risco a vida de outras pessoas presentes na festa. Após acertar dois tiros e matar Marcelo Arruda, que mesmo ferido conseguiu revidar cerca de seis tiros no policial penal, Guaranho caiu ao chão e foi atingido por vários chutes na cabeça e em outras partes do corpo, realizados por convidados da festa que retornavam ao salão após o tiroteio. Essas pessoas foram indiciadas em um inquérito à parte. Elas já foram identificadas e ouvidas.
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