'Fez para atingir minha filha', diz avó de crianças mortas no RS; pai é suspeito

Vítimas foram sepultadas nesta quinta-feira no Cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre

David da Silva Lemos, principal suspeito dos crimesReprodução/RBS
Publicado 15/12/2022 11:00
Porto Alegre (RS) - A avó materna das quatro crianças encontradas mortas dentro de casa na terça-feira, 13, em Alvorada, região Metropolitana de Porto Alegre, afirmou que o pai e suspeito, David da Silva Lemos, de 28 anos, já havia agredido a mãe das vítimas e teria cometido o crime para atingi-lá: "Fez para atingir minha filha. (...) Ele é um covarde". Segundo a polícia, principal motivação investigada é a de vingança.
"Ele já agrediu minha filha. Já tinha acabado o relacionamento, não tinha nada mais a ver, mas ele fez pra atingir minha filha, com certeza, da pior forma que tem. Ele é um covarde", disse Idenise Martins da Silva.
"Teve uma vez que as crianças foram para casa da avó (paterna), lá de Alvorada, e ele agrediu ela. Chamei a BM (Brigada Militar), que pegou ele. E agora ele fez essa barbaridade com meus netos, que não tinham nada a ver", contou.
Segundo investigações, o suspeito possui histórico de agressões. Em setembro, a mulher já havia procurado a polícia para fazer uma queixa sobre o ex-marido. Ela contou que foi arrastada pelos cabelos e ameaçada com uma faca. Durante a confusão, ele precisou ser imobilizado pelos vizinhos.
Os dois foram casados por 12 anos e se separaram após a confusão. A mulher registrou um boletim de ocorrência, revelando aos policiais que ela era usuário de álcool e drogas. Nessa época, conseguiu medida protetiva.
Segundo o conselheiro tutelar Diego Armelito, de Alvorada, não havia nenhum relato de violência contra as crianças. A polícia acredita que o crime aconteceu entre 12 a 24 horas antes das equipes chegarem ao local. No fim da tarde de terça, o homem ameaçou a ex-companheira por mensagens. Após os assassinatos ele fugiu, mas foi preso cerca de 16 quilômetros de onde aconteceu o crime.
Os corpos das crianças foram velados na manhã desta quinta-feira, 15, no Cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre. As vítimas foram identificadas como: Yasmin Antunes Lemos, de 11 anos; Donavan Antunes Lemos, de 8 anos; Giovanna Antunes Lemos, de 6 anos; e Kimberlly Antunes Lemos, de 3 anos. De acordo com a polícia, três delas tinham marcas de facadas e uma aparentava ter sido asfixiada. 
Dois dos quatro caixões foram transportados por um carrinho do cemitério e dois carregados por familiares. Uma funcionária que trabalha no local, há mais de 30 anos, comentou sobre o momento de despedida: "É a maior tristeza que já vi aqui".
Sepultamento dos irmãos ocorreu na manhã desta quinta-feira em Porto Alegre - Reprodução: RBS
Sepultamento dos irmãos ocorreu na manhã desta quinta-feira em Porto AlegreReprodução: RBS
As vítimas deixaram a casa da mãe para passar o fim de semana com o pai. As crianças deveriam ter retornado na segunda-feira, 12. Como isso não aconteceu, a mulher foi buscá-las. Chegando no local, casa da avó paterna, ela recebeu a notícia do que havia acontecido.
Segundo a polícia, o homem teria dopado as crianças e depois as matado. Na delegacia, em depoimento e na presença de um defensor público, ele ficou em silêncio e não deu detalhes da ação. "Cada uma das crianças ele ia levando para dentro da casa, fazia a criança dormir. Ele já tinha aplicado um chá nas crianças, nos disse que foi um chá que ele deu na segunda-feira, 12, pela manhã", disse o delegado responsável pela investigação Augusto Zenon.
"Ele ia levando as crianças para casa. A criança dormia e ele sufocava a criança com o travesseiro. Isso foi feito com a criança mais nova. Nas maiores, ele fez a mesma coisa e depois deu as facadas. As crianças mais velhas foram golpeadas no peito e nas costas com mais de dez facadas", contou o delegado.
O delegado disse ainda que, apesar de não ter dado depoimento, o homem respondeu a perguntas no momento da prisão e relatou que o crime foi motivado por vingança. "Nos referiu que a motivação decorreu de desavenças com a ex-companheira e que como uma forma de causar um mal pra ela, vingança, ele cometeu esse homicídio quádruplo contra os próprios filhos", concluiu Zenon.
Em nota, a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul disse que "por seu dever constitucional irá atuar na defesa do mesmo" e que irá se manifestar "somente nos autos do processo".
Investigação
Os próximos passos incluem depoimentos de vizinhos e familiares. A Polícia Civil também quer saber qual substância o pai deu às vítimas para que elas dormissem. Uma vizinha disse que observou os irmãos na manhã de segunda, brincando no pátio de casa.
Na tarde de quarta-feira, 14, o Instituto Geral de Perícias (IGP) liberou pelo Departamento Médico-Legal os corpos das quatro crianças. Os laudos com a causa das mortes devem ser concluídos em 30 dias.
Duas equipes da perícia criminal foram acionadas para identificar e coletar os vestígios no local do crime. Os peritos observaram marcas de sangue e outros indícios que possam levar a determinação da dinâmica dos assassinatos.
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'Fez para atingir minha filha', diz avó de crianças mortas no RS; pai é suspeito

Vítimas foram sepultadas nesta quinta-feira no Cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre

David da Silva Lemos, principal suspeito dos crimesReprodução/RBS
Publicado 15/12/2022 11:00
Porto Alegre (RS) - A avó materna das quatro crianças encontradas mortas dentro de casa na terça-feira, 13, em Alvorada, região Metropolitana de Porto Alegre, afirmou que o pai e suspeito, David da Silva Lemos, de 28 anos, já havia agredido a mãe das vítimas e teria cometido o crime para atingi-lá: "Fez para atingir minha filha. (...) Ele é um covarde". Segundo a polícia, principal motivação investigada é a de vingança.
"Ele já agrediu minha filha. Já tinha acabado o relacionamento, não tinha nada mais a ver, mas ele fez pra atingir minha filha, com certeza, da pior forma que tem. Ele é um covarde", disse Idenise Martins da Silva.
"Teve uma vez que as crianças foram para casa da avó (paterna), lá de Alvorada, e ele agrediu ela. Chamei a BM (Brigada Militar), que pegou ele. E agora ele fez essa barbaridade com meus netos, que não tinham nada a ver", contou.
Segundo investigações, o suspeito possui histórico de agressões. Em setembro, a mulher já havia procurado a polícia para fazer uma queixa sobre o ex-marido. Ela contou que foi arrastada pelos cabelos e ameaçada com uma faca. Durante a confusão, ele precisou ser imobilizado pelos vizinhos.
Os dois foram casados por 12 anos e se separaram após a confusão. A mulher registrou um boletim de ocorrência, revelando aos policiais que ela era usuário de álcool e drogas. Nessa época, conseguiu medida protetiva.
Segundo o conselheiro tutelar Diego Armelito, de Alvorada, não havia nenhum relato de violência contra as crianças. A polícia acredita que o crime aconteceu entre 12 a 24 horas antes das equipes chegarem ao local. No fim da tarde de terça, o homem ameaçou a ex-companheira por mensagens. Após os assassinatos ele fugiu, mas foi preso cerca de 16 quilômetros de onde aconteceu o crime.
Os corpos das crianças foram velados na manhã desta quinta-feira, 15, no Cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre. As vítimas foram identificadas como: Yasmin Antunes Lemos, de 11 anos; Donavan Antunes Lemos, de 8 anos; Giovanna Antunes Lemos, de 6 anos; e Kimberlly Antunes Lemos, de 3 anos. De acordo com a polícia, três delas tinham marcas de facadas e uma aparentava ter sido asfixiada. 
Dois dos quatro caixões foram transportados por um carrinho do cemitério e dois carregados por familiares. Uma funcionária que trabalha no local, há mais de 30 anos, comentou sobre o momento de despedida: "É a maior tristeza que já vi aqui".
Sepultamento dos irmãos ocorreu na manhã desta quinta-feira em Porto AlegreReprodução: RBS
As vítimas deixaram a casa da mãe para passar o fim de semana com o pai. As crianças deveriam ter retornado na segunda-feira, 12. Como isso não aconteceu, a mulher foi buscá-las. Chegando no local, casa da avó paterna, ela recebeu a notícia do que havia acontecido.
Segundo a polícia, o homem teria dopado as crianças e depois as matado. Na delegacia, em depoimento e na presença de um defensor público, ele ficou em silêncio e não deu detalhes da ação. "Cada uma das crianças ele ia levando para dentro da casa, fazia a criança dormir. Ele já tinha aplicado um chá nas crianças, nos disse que foi um chá que ele deu na segunda-feira, 12, pela manhã", disse o delegado responsável pela investigação Augusto Zenon.
"Ele ia levando as crianças para casa. A criança dormia e ele sufocava a criança com o travesseiro. Isso foi feito com a criança mais nova. Nas maiores, ele fez a mesma coisa e depois deu as facadas. As crianças mais velhas foram golpeadas no peito e nas costas com mais de dez facadas", contou o delegado.
O delegado disse ainda que, apesar de não ter dado depoimento, o homem respondeu a perguntas no momento da prisão e relatou que o crime foi motivado por vingança. "Nos referiu que a motivação decorreu de desavenças com a ex-companheira e que como uma forma de causar um mal pra ela, vingança, ele cometeu esse homicídio quádruplo contra os próprios filhos", concluiu Zenon.
Em nota, a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul disse que "por seu dever constitucional irá atuar na defesa do mesmo" e que irá se manifestar "somente nos autos do processo".
Investigação
Os próximos passos incluem depoimentos de vizinhos e familiares. A Polícia Civil também quer saber qual substância o pai deu às vítimas para que elas dormissem. Uma vizinha disse que observou os irmãos na manhã de segunda, brincando no pátio de casa.
Na tarde de quarta-feira, 14, o Instituto Geral de Perícias (IGP) liberou pelo Departamento Médico-Legal os corpos das quatro crianças. Os laudos com a causa das mortes devem ser concluídos em 30 dias.
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