Publicado 30/12/2022 16:32 | Atualizado 30/12/2022 16:33
Brasília - Sumido das redes sociais, principal canal de comunicação e de troca de informações com seus apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro (PL) decepcionou seus seguidores na última live do ano realizada nesta sexta-feira, 30. A poucas horas do embarque para Orlando, nos Estados Unidos, o chefe do Executivo, até a meia-noite deste sábado, 31, frustrou os patriotas que esperavam um bombástico pronunciamento capaz de causar uma reviravolta (ilegal) no resultado das eleições.
Muitos apoiadores acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília se ajoelharam para rezar durante a live. Outros caíram no choro quando perceberam o tom menos belicoso adotado pelo presidente. A cada frase do presidente, as teorias de golpe como intervenção militar, anulação do resultado do pleito ou de que Lula não tomaria posse no domingo, 1º de janeiro de 2023, ruíram.
Contrariados, muitos reclamaram que Bolsonaro "jogou a toalha" e, entre lágrimas e orações, algumas dezenas de bolsonaristas iniciaram desmontagem do acampamento. Outros, ainda presos ao transe da narrativa golpista, defenderam que Bolsonaro ainda tem um plano para voltar ao poder e que a causa golpista não está perdida.
A teoria não teve eco nas redes sociais. Internautas manifestaram sentimentos de "nervoso" e de "socorro" e pediram a Bolsonaro: "não frustre o povo" e "não nos decepcione". Dezenas de apoiadores pediram, nos comentários da live, a aplicação do artigo 142 da Constituição. O dispositivo tem sido citado desde as eleições como uma suposta forma de manutenção do poder de Bolsonaro.
O artigo 142 versa sobre a função das Forças Armadas no país, mas é entendido pela extrema-direita como uma autorização constitucional para que Exército, Marinha e Aeronáutica atuem como um "poder moderador", se convocados a uma "intervenção militar". Esta interpretação é rechaçada por juristas.
O dispositivo, na verdade, é responsável pela regulamentação dos fins e da estrutura das Forças Armadas em sua atuação em solo brasileiro. O artigo 142 afirma que as Forças Armadas - Marinha, Exército e Aeronáutica - são instituições "permanentes e regulares" que respondem à "autoridade suprema do Presidente da República" e se destinam "à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".
Entretanto, para bolsonaristas, o fato de o dispositivo constitucional dizer que os militares respondem à autoridade presidencial significa que o Bolsonaro teria a prerrogativa de convocar as Forças Armadas para destituírem outros Poderes, caso considere tal ato necessário para a manutenção da lei e da ordem no País.
Decepção
Conforme o pronunciamento foi sendo feito e Bolsonaro não agiu conforme alguns apoiadores esperavam, os comentários mostraram a decepção dos bolsonaristas. "Se nada for feito, acabou", afirmou uma seguidora.
"Nada vai fazer", questionou outro.
"Queremos ação", escreveu mais um.
"Eu vou ter ir pro hospital, estou mal!!! Meu Deus!!!", afirmou uma internauta.
Em meio aos decepcionados, houve quem agradecesse a Bolsonaro e quem visse uma suposta mensagem dele nas entrelinhas. O presidente disse aos apoiadores que "o Brasil não vai se acabar no dia 1º", data da posse de Lula.
"Olha a fala subliminar, o Brasil não vai acabar em janeiro", escreveu um apoiador, sem se aprofundar.
Próximo ao fim da transmissão, Bolsonaro quis saber como estavam os comentários nas redes sociais. "Não precisa me falar, não. Dá um positivo ou negativo", pediu. As imagens não mostraram a resposta do assessor do presidente, que emendou outro assunto em seguida.
Após o fim do pronunciamento, a deputada estadual eleita em Santa Catarina, Ana Campagnolo (PL), deixou uma reclamação escrita no perfil de Bolsonaro. A aliada do presidente foi a parlamentar mais votada do Estado, com 196.571 votos. "Faltou ser claro num ponto. Tinha que dizer com todas as letras que o Exército está contra o povo", escreveu a deputada.
Desde a derrota de Bolsonaro, apoiadores do atual governo tem acampado no quartel general do Exército, em Brasília, e em outros prédios vinculados aos militares em diversas cidades do País. Sem aceitar a vitória de Lula, alguns insistem em pedir um golpe das Forças Armadas para impedir que o petista assuma o governo.
'Oposição', 'cara', 'capenga'
Bolsonaro se referiu ao seu sucessor como "oposição" e "cara" e ao futuro governo como "capenga". Em uma hora e meia, Bolsonaro não pronunciou o nome de Luiz Inácio Lula da Silva a quem se recusa a passar a faixa no dia primeiro. Nas suas últimas horas de mandato, Bolsonaro também não tratou a posse como algo certo. Só se referiu ao ato como algo "previsto" para ocorrer.
O artigo 142 versa sobre a função das Forças Armadas no país, mas é entendido pela extrema-direita como uma autorização constitucional para que Exército, Marinha e Aeronáutica atuem como um "poder moderador", se convocados a uma "intervenção militar". Esta interpretação é rechaçada por juristas.
O dispositivo, na verdade, é responsável pela regulamentação dos fins e da estrutura das Forças Armadas em sua atuação em solo brasileiro. O artigo 142 afirma que as Forças Armadas - Marinha, Exército e Aeronáutica - são instituições "permanentes e regulares" que respondem à "autoridade suprema do Presidente da República" e se destinam "à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".
Entretanto, para bolsonaristas, o fato de o dispositivo constitucional dizer que os militares respondem à autoridade presidencial significa que o Bolsonaro teria a prerrogativa de convocar as Forças Armadas para destituírem outros Poderes, caso considere tal ato necessário para a manutenção da lei e da ordem no País.
Decepção
Conforme o pronunciamento foi sendo feito e Bolsonaro não agiu conforme alguns apoiadores esperavam, os comentários mostraram a decepção dos bolsonaristas. "Se nada for feito, acabou", afirmou uma seguidora.
"Nada vai fazer", questionou outro.
"Queremos ação", escreveu mais um.
"Eu vou ter ir pro hospital, estou mal!!! Meu Deus!!!", afirmou uma internauta.
Em meio aos decepcionados, houve quem agradecesse a Bolsonaro e quem visse uma suposta mensagem dele nas entrelinhas. O presidente disse aos apoiadores que "o Brasil não vai se acabar no dia 1º", data da posse de Lula.
"Olha a fala subliminar, o Brasil não vai acabar em janeiro", escreveu um apoiador, sem se aprofundar.
Próximo ao fim da transmissão, Bolsonaro quis saber como estavam os comentários nas redes sociais. "Não precisa me falar, não. Dá um positivo ou negativo", pediu. As imagens não mostraram a resposta do assessor do presidente, que emendou outro assunto em seguida.
Após o fim do pronunciamento, a deputada estadual eleita em Santa Catarina, Ana Campagnolo (PL), deixou uma reclamação escrita no perfil de Bolsonaro. A aliada do presidente foi a parlamentar mais votada do Estado, com 196.571 votos. "Faltou ser claro num ponto. Tinha que dizer com todas as letras que o Exército está contra o povo", escreveu a deputada.
Desde a derrota de Bolsonaro, apoiadores do atual governo tem acampado no quartel general do Exército, em Brasília, e em outros prédios vinculados aos militares em diversas cidades do País. Sem aceitar a vitória de Lula, alguns insistem em pedir um golpe das Forças Armadas para impedir que o petista assuma o governo.
'Oposição', 'cara', 'capenga'
Bolsonaro se referiu ao seu sucessor como "oposição" e "cara" e ao futuro governo como "capenga". Em uma hora e meia, Bolsonaro não pronunciou o nome de Luiz Inácio Lula da Silva a quem se recusa a passar a faixa no dia primeiro. Nas suas últimas horas de mandato, Bolsonaro também não tratou a posse como algo certo. Só se referiu ao ato como algo "previsto" para ocorrer.
*Com informações do Estadão
O presidente embarca nas próximas horas para Orlando, destino conhecido pelos parques da Disney. Dados oficiais mostram que os brasileiros ficaram em quinto lugar entre os que mais visitaram Orlando em 2021, quando 59,3 milhões de pessoas de todo mundo estiveram por lá. O governador da Flórida, Ron DeSantis, é apadrinhado de Donald Trump, parceiro ideológico de Bolsonaro.
O presidente embarca nas próximas horas para Orlando, destino conhecido pelos parques da Disney. Dados oficiais mostram que os brasileiros ficaram em quinto lugar entre os que mais visitaram Orlando em 2021, quando 59,3 milhões de pessoas de todo mundo estiveram por lá. O governador da Flórida, Ron DeSantis, é apadrinhado de Donald Trump, parceiro ideológico de Bolsonaro.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.