Valdemar Costa Neto, presidente do PLEVARISTO SA / AFP
Publicado 03/01/2023 22:38 | Atualizado 03/01/2023 22:39
São Paulo - Após eleger as maiores bancadas da Câmara e do Senado, o PL mudou o estatuto para reforçar laços com bandeiras bolsonaristas. O objetivo é se apresentar como o principal partido de oposição do País e manter o recall de 58 milhões de votos do ex-presidente Jair Bolsonaro, que viajou para os Estados Unidos sem data ainda para voltar.
O partido tinha no programa um viés mais econômico e não era conectado com a pauta de costumes. No estatuto original, já constavam o fortalecimento da empresa privada, o reconhecimento à propriedade e a reforma tributária, além da importância dos direitos das minorias - trecho suprimido das novas diretrizes.
As mudanças foram aprovadas na convenção nacional, em dezembro. O documento ao qual o Estadão teve acesso, porém, só será divulgado após a homologação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O novo estatuto tem a liberdade de expressão como uma peça central e inclui temas como defesa da vida, família e equilíbrio entre os Poderes. Já no campo da economia, reforçou as diretrizes como a mínima intervenção do Estado.
Com o lema "Não existe democracia sem liberdade", o documento faz um contra-ataque à narrativa de "golpismo" feita pelos adversários de Bolsonaro e defende o "fortalecimento do estado democrático de direito". Durante a campanha, bolsonaristas acusaram o Supremo Tribunal Federal (STF) de censura por causa do inquérito das fake news e da prisão de militantes suspeitos de planejar atos antidemocráticos.
Liberdade
Em discurso, Bolsonaro afirmou que as pessoas podem viver sem oxigênio, mas não sem liberdade. "Para o Partido Liberal, os direitos de ir e vir, de ser, pensar, agir e falar são invioláveis", diz o novo programa. Em uma das passagens mais contundentes, o PL afirma que a liberdade "é tão importante quanto a própria vida": "Não se negociam a liberdade nem a vida!".
A defesa da liberdade não se confunde com arroubos de Bolsonaro. Em conversas reservadas, integrantes da sigla presidida pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto admitem que as posições controversas do ex-presidente e a retórica incontrolável causaram desgastes que levaram à derrota.
A ideia agora é construir uma narrativa mais palatável. "Passamos por guerras e pandemia, tudo banhado pela constante luta entre a verdade de cada cidadão e suas narrativas", diz a apresentação. Porém, as urnas são criticadas de forma velada. "O processo eleitoral deve ser transparente e auditável", afirma o texto.
Há ainda acenos aos evangélicos. "Resguardamos e defendemos os valores conservadores da sociedade brasileira. Reafirmamos nossa crença na vida e na liberdade em todas as suas vertentes, direitos naturais e inalienáveis", diz. O documento termina com um tom religioso: "Deus abençoe o nosso país".
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