Em dezembro, Paes de Andrade aceitou o convite do então governador eleito de SP, Tarcísio de Freitas, para integrar a gestão estadualMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Publicado 04/01/2023 11:15
O presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, renunciou ao cargo e à cadeira no Conselho de Administração, o qual aprovou a decisão durante reunião na manhã desta quarta-feira, 4. Na noite de terça-feira, 3, a empresa divulgou que recebeu um ofício Ministério das Minas e Energia, com a indicação de Jean-Paul Terra Prates para assumir a vaga.
No entanto, a estatal informou que, por conta da vacância cargo, "nomeou como presidente interino da companhia o Diretor Executivo de Desenvolvimento da Produção, João Henrique Rittershaussen", até a eleição e posse do novo responsável.

Ainda sobre Jean-Paul Terra Prates, a Petrobras disse, em nota, que o nome dele "foi encaminhado à Casa Civil da Presidência da República e, tão logo a documentação seja analisada e retorne ao Ministério das Minas e Energia, será encaminhada à companhia".

"A indicação, após efetivada, será submetida ao processo de governança interna, observada a Política de Indicação de Membros da Alta Administração, para a análise dos requisitos legais e de gestão e integridade e posterior manifestação do Comitê de Elegibilidade", afirmou a estatal.
Na última sexta-feira, 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já havia informado, pelas redes sociais, que Prates seria o designado para o cargo.
"Gostaria de anunciar a indicação do Jean Paul Prates para a presidência da Petrobras. Advogado, economista e um especialista no setor de energia, para conduzir a empresa para um grande futuro", escreveu Lula na ocasião.
No dia 6 de dezembro, a empresa publicou um comunicado afirmando que Paes de Andrade havia aceitado o convite do então governo eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para compor a equipe da gestão estadual.
À época, a Petrobras informou que "nas próximas semanas, o presidente Caio seguirá na atual função e não participará da transição em São Paulo".
O texto acrescentou ainda que, "como presidente da Petrobras, continuará dando exclusiva atenção à passagem de comando que ocorrerá na companhia, colaborando em conjunto com os demais diretores executivos para uma transição profissional, transparente e aderente às boas regras de governança".
Em setembro, foi divulgada a informação de que Paes de Andrade dera início ao tratamento de carcinoma, um tipo de câncer na cabeça e pescoço. Segundo a companhia, que preferiu não falar abertamente sobre a doença, os cuidados não impediriam o executivo de continuar exercendo suas funções.
Conheça o presidente interino
João Henrique Rittershaussen é graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e em Engenharia de Petróleo pela Petrobras, com MBA em Gestão de Negócios pela Coppead (UFRJ) e Advanced Management Program pela Insead (Institut Européen d'Administration des Affaires) na França.
Atua na Petrobras há 35 anos, desempenhando diversas funções gerenciais. Ocupou a Gerência Executiva de Sistemas de Superfície e em de novembro de 2018 tornou-se gerente executivo de Sistemas de Superfície, Refino, Gás e Energia, área que responde pela construção dos novos ativos da companhia nas áreas de E&P e RGN.
Quem é Jean-Paul Prates, indicado por Lula
Advogado, economista e senador pelo PT do Rio Grande do Norte, Jean-Paul Prates tem 54 anos — e mais de 30 anos de experiência nas áreas de petróleo, gás natural, biocombustíveis, energia renovável e recursos naturais.
Prates foi integrante da equipe de transição e responsável por coordenar o subgrupo de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do grupo técnico de Minas e Energia. Ele chegou a dar declarações sobre o futuro da estatal.
“Não teremos, no Governo Lula, preconceito contra a cooperação inteligente e moderada entre a indústria e o Estado. O desenvolvimento econômico e social não se dá por geração espontânea, como costumam pensar alguns”, afirmou o senador no último dia 12, durante o Encontro Anual da Indústria Química.
“Em todo o mundo, e em toda a história de sucesso e desenvolvimento econômico e social, houve participação do Estado, por meio de diretrizes eficazes, de incentivos apropriados e de financiamento à produção” acrescentou Prates, que foi representando a equipe de transição.
Ele, que nasceu em Botafogo, bairro na Zona Sul do Rio de Janeiro, cursou Direito na UERJ e Economia na PUC/RJ. Nos Estados Unidos, tornou-se mestre em Planejamento Energético e Gestão Ambiental pela Universidade da Pennsylvania. Na França, obteve o segundo mestrado, em Economia de Petróleo, Gás e Motores, pelo Instituto Francês do Petróleo.

Foi membro da assessoria jurídica da Petrobras Internacional (Braspetro), no fim da década de 1980. Em 1991 fundou a primeira consultoria brasileira especializada em petróleo, chegando a ter 120 consultores associados. Em 1997, participou da elaboração da Lei do Petróleo. Também foi o redator do Contrato de Concessão oficial brasileiro e do Decreto dos Royalties, que beneficiou inúmeras cidades e estados brasileiros.

Iniciou um plano de planejamento energético para o Rio Grande do Norte em 2001. Em 2003, sua proposta de desenvolvimento para a árear, com fontes renováveis e a revitalização do setor de petróleo, foi adotada pela então governadora Wilma de Faria. 
Em 2014, foi eleito primeiro suplente da senadora Fátima Bezerra (PT-RN) para o período 2015-2022. Em janeiro de 2019, assumiu a cadeira no Senado e, durante seu mandato foi autor de marcos legais envolvendo a transição energética e práticas sustentáveis. Entre elas estão a lei que regulamenta as atividades as atividades em que regula a captura e o armazenamento de carbono (CO2).
Além disso, atuou como relator do Marco Legal das Ferrovias, das novas leis sobre a produção de biogás em aterros sanitários e a nova lei de mobilidade urbana sustentável.

Entre outros títulos, foi premiado com o reconhecimento empresarial Petrobras/Shell; PanCanadian/Encana, Chevron/Petrobras, entre outros, por contribuir para a viabilização de empreendimentos de petróleo na bacia de Campos. Também foi personalidade homenageada pelo Fórum Nacional Eólico, pela contribuição ao desenvolvimento do setor eólico nacional.
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