Bolsonaristas invadem rampa do Congresso Nacional em Brasília, no Distrito FederalReprodução/Redes sociais
Publicado 08/01/2023 15:20 | Atualizado 07/04/2023 14:47
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Um grupo de manifestantes bolsonaristas radicais furaram o bloqueio feito pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF ) neste domingo, 8, invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF) e depredaram o interior dos prédios. Os atos antidemocráticos são organizados por eleitores movidos por intenções golpistas que não aceitam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas em 2022. O presidente decretou intervenção federal no Distrito Federal com o objetivo de "pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública". O secretário executivo para o cargo de interventor é Ricardo Garcia Cappelli.
Os policiais militares tentaram conter os vândalos com uso de spray de pimenta, no entanto, eles invadiram as áreas de contenção que cercava os prédios públicos. Faixas com as inscrições "Lula na cadeia", "intervenção militar", "supremo é o povo" e "Bolsonaro presidente" estão sendo erguidas no meio da manifestação.
Os bolsonaristas atacaram primeiro o prédio do Congresso, enfrentaram os policiais que mantinham bloqueios na área, subiram a rampa e, em seguida, tomaram as famosas cúpulas. Eles também quebraram o vidro entrando pelo Salão Nobre e subiram para o terceiro andar, onde fica o gabinete do presidente Lula. O térreo do local foi totalmente destruído.
Após a tomada do Congresso, um grupo menor de extremistas também se dirigiu ao Palácio do Planalto, sede do governo federal. Os bolsonaristas radicais chegaram até o quarto andar e depredaram a sede do Poder Executivo. Quebraram obras de arte, portas e uma mesa de vidro.
Os vândalos ainda foram em direção ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), principal alvo dos bolsonaristas nos últimos anos, e também conseguiram invadir o prédio. As vidraças do prédio do STF também foram quebradas e uma parte dos bolsonaristas chegou até o plenário da corte, que também foi totalmente depredado.
 
O ministro da Justiça, Flávio Dino, chamou os atos antidemocráticos de "absurdos" e afirmou que a "tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer. Dino disse ainda que o GDF informou que "haverá reforços". No último sábado, 7, o ministro autorizou o uso da Força Nacional na segurança do Distrito Federal para evitar protestos violentos no local. O reforço na segurança local deveria ocorrer até segunda-feira, 9.
O presidente do Senado e do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (PSD), disse nas redes sociais que conversou com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que informou que está concentrando os esforços de todo o aparato policial para controlar a situação. Pacheco ainda repudiou os atos golpistas e afirmou que eles "devem sofrer o rigor da lei com urgência".

Em nota, a PM informou que trabalha para "garantir a paz social". "Em momentos de manifestação popular, a PMDF busca sempre agir para que o evento ocorra de forma pacífica, mantendo-se a integridade das pessoas e patrimônio público e privado, a ordem pública e o cumprimento da legislação", diz.
A área central de Brasília foi interditada no sábado após a chegada de mais de 100 ônibus com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Manifestações estão sendo convocadas pelos bolsonaristas por meio das redes sociais e grupos de aplicativo, como WhatsApp e Telegram.
O maior grupo de manifestantes partiu do quartel-general do Exército, em Brasília, rumo à Esplanada dos Ministérios por volta das 13h30. Alguns dos bolsonaristas foram à região central da capital da República com pedaços de pau na mão.
Agentes da PMDF pararam parte dos extremistas que estavam armados e começaram a revistá-los. Algumas pessoas carregavam armas brancas. Havia manifestantes portando máscaras de gás, já prevendo eventual confronto com policiais.
Em seguida, começou a confusão. Um grande grupo de bolsonaristas radicais enfrentaram forças de segurança e invadiram ilegalmente os prédios do Congresso, do STF e do Planalto, quebrando mesas, cadeiras e obras de arte.
Nas redes sociais, os vândalos compartilham vídeos da movimentação dentro dos prédios públicos. Em uma das imagens, um bolsonarista mostra os manifestantes no chão. Segundo ele, as pessoas estão abaixadas para evitar ser atingidas por bombas de gás lacrimogêneo. No vídeo, ele ainda afirma que eles não vão sair e mostra mais bolsonaristas chegando. "Agora a tomada é completa", ele afirma.
Lula determina intervenção federal 
O presidente Lula deteminou intervenção federal no Distrito Federal após a invasão dos vândalos invadirem os prédios públicos em Brasília. O objetivo é conter o grande comprometimento da ordem pública do estado, marcado por atos de violência. Ficou nomeado para o cargo de interventor Ricardo Garcia Cappelli.
Lula que está em Araraquara, no interior de São Paulo, para onde foi neste final de semana para acompanhar danos causados pelas chuvas na região, declarou a jornalistas que as instituições criadas para defender a democracia precisam ser respeitadas. "Esses vândalos, podemos chamá-los de fascistas fanáticos, fizeram o que nunca foi feito na história deste país. É importante lembrar que a esquerda já teve gente torturada, morta e nunca, nunca vi alguma notícia em algum partido de esquerda que invadisse o Congresso Nacional, a suprema corte ou o palácio do planalto. Não tem precedente na história do país", disse.
O presidente afirmou que os participantes e os financiadores da manifestação serão punidos. "Vamos descobrir quem são e todos eles pagarão, com a força da lei, esse gesto antidemocrático, esse vandalismo", completou. Ele também informou que o interventor vai exercer controle de todos os órgãos distritais de segurança do GDF e poderá requisitar recursos financeiros, estruturais, humanos e tecnológicos do Governo do Distrito Federal. Além disso, o interventor poderá requisitar quaisquer órgãos, civis e militares, do governo federal, para alcançar os objetivos da intervenção.

Lula assinou o decreto de intervenção no Distrito Federal até o dia 31 de janeiro. "O objetivo é conter o grande comprometimento da ordem pública, marcado por atos de violência. A multidão aproveitou o silêncio do domingo, enquanto a gente ainda montava um governo, para fazer o que fizeram".
Lula se pronuncia sobre atos antidemocráticosDivulgação
Afastamento e pedido de prisão de Anderson Torres
Aproximadamente duas horas depois do início dos atos violentos promovidos por bolsonaristas radicais em Brasília, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, determinou a exoneração do secretário da Segurança Pública do DF, Anderson Torres. A Advocacia-Geral da União (AGU) também pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão em flagrante de Torres. Ele é ex-ministro da Justiça e fiel aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro.

"Determinei a exoneração do Secretário de Segurança DF, ao mesmo tempo em que coloquei todo o efetivo das forças de segurança nas ruas, com determinação de prender e punir os responsáveis. Também solicitei apoio do governo federal e coloco o GDF à disposição do mesmo", escreveu o governador em sua conta nas redes sociais.

A AGU também exige a determinação imediata às plataformas de rede social para que removam conteúdo que incita atos de vandalismo. "Igualmente, solicito que as empresas de telecomunicações, em especial as provedoras de serviço móvel pessoal, que guardem por 90 dias registros de conexão suficientes para definição ou identificação de geolocalização dos usuários que se encontram nas imediações da Praça dos Três Poderes e no Quartel General do Exército no DF", disse a AGU em nota.

Torres, que viajou aos EUA juntamente com Bolsonaro dois dias antes da posse do presidente Lula, antecipou sua viagem de volta ao Brasil.
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