Recusa de pais à vacina da covid para filhos sobe 56%Myke Sena/MS
Publicado 10/01/2023 22:31
Rio - A hesitação dos brasileiros em vacinar seus filhos contra a covid-19 aumentou 56,3% entre 2021 e 2022, na contramão do que acontece globalmente. O dado faz parte de um levantamento conduzido pelo Instituto Global de Saúde de Barcelona (ISGlobal), que analisou dados de 23 países com mais de 60% da população mundial, entre eles o Brasil. O trabalho foi publicado na revista científica Nature.
Globalmente, a disposição dos pais para vacinar seus filhos contra o novo coronavírus aumentou entre 2021, quando muitos imunizantes ainda não estavam aprovados para menores, e 2022, passando de 67,6% para 69,5%. No Brasil, a tendência foi oposta. Houve um aumento considerável de hesitação: de 8,7% em 2021 para 13,6% em 2022.
O dado pode ajudar a explicar a baixa cobertura vacinal contra a covid-19 entre as crianças brasileiras. Enquanto entre os adultos 85% têm pelo menos uma dose e 80% têm o esquema primário completo (duas doses), entre as crianças somente 39,5% estão totalmente imunizadas e 56,83% receberam ao menos uma dose, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa.
A aceitação das vacinas contra a covid-19 aumentou 5,2% entre 2021 e 2022 globalmente, segundo a revista.
Entre os infectados, 80% tomaram ivermectina
Ineficaz no tratamento da covid-19 e contraindicada por autoridades sanitárias, a ivermectina foi tomada por 79,5% dos brasileiros que tiveram sintomas da doença. A informação faz parte de um levantamento conduzido pelo Instituto Global de Saúde de Barcelona (ISGlobal), que analisou dados de 23 países, entre eles o Brasil, que representam mais de 60% da população mundial. O trabalho foi publicado na revista científica Nature.
Globalmente, 27% das pessoas disseram ter tomado ivermectina ao primeiro sintoma da doença. As principais agências sanitárias de todo o mundo não recomendam o uso do remédio no tratamento da covid-19. Diversos estudos científicos já comprovaram que o remédio, destinado ao tratamento de infecções parasitárias, é ineficaz contra a doença.
"Maiores esforços são necessários para desencorajar o uso de ivermectina e outros remédios sem eficácia comprovada e potencial efeitos tóxicos", escreveu o chefe do Grupo de Pesquisa em Sistemas de Saúde da ISGlobal, Jeffrey V. Lazarus, principal autor do levantamento.
Em março do ano passado, um grande ensaio clínico brasileiro já havia reforçado a ineficácia do medicamento. A pesquisa envolveu 1.358 pessoas infectadas pelo novo coronavírus de 12 cidades de Minas Gerais.
O resultado demonstrou que não se teve nenhuma sinalização de benefício da medicação para tratar a covid, apontaram os pesquisadores na oportunidade. O achado se juntou a outros que possuíam a mesma conclusão.
Pandemia
O trabalho revelou ainda que 40% das pessoas entrevistadas disseram que estão prestando menos atenção às novas informações sobre a pandemia. Ao todo, foram ouvidas 23 mil pessoas (mil em cada país), entre 29 de junho e 10 de julho de 2022; todos com mais de 18 anos de idade.
O trabalho foi feito na África do Sul, Alemanha, Brasil, Canadá, Cingapura, China, Coreia do Sul, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Gana, Índia, Itália, Quênia, México, Nigéria, Peru, Polônia, Rússia, Suécia, Turquia e Reino Unido.
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