Publicado 19/01/2023 12:01
Planalto (RS) - Alexandra Salete Dougokenski, acusada de matar o próprio filho, Rafael Mateus Winques, de 11 anos, em maio de 2020, foi condenada a 30 anos e 2 meses de prisão na noite desta quarta-feira, 18. Ela deverá cumprir pena inicialmente em regime fechado. O crime aconteceu em Planalto, no norte do Rio Grande do Sul.
Após três dias de júri popular, que teve início na segunda-feira, 16, a mulher foi declarada culpada pelos crimes de homicídio qualificado (motivo torpe, motivo fútil, asfixia, dissimulação e recurso que dificultou a defesa), ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual. A defesa informou que vai recorrer da decisão.
A Justiça também manteve a prisão preventiva de Alexandra e determinou que ela cumpra mais 6 meses de detenção e 30 dias-multa. O júri foi integrado por quatro mulheres, três homens e presidido pela juíza Marilene Parizotto Campagna, que leu a sentença por volta das 23h30.
Interrogatório
O interrogatório de Alexandra começou na manhã de quarta-feira e foi finalizado à tarde. A ré chorou por várias vezes e negou a autoria do crime. Ela e sua defesa afirmaram que o pai da criança, Rodrigo Winques, era o culpado. A mulher alegou que o ex-companheiro e um comparsa foram até a casa dela, com o objetivo de levar o menino para morar com o pai.
"O dia 14 era um dia normal. A noite também. Jantamos, os filhos foram cada um para seu quarto. Naquela madrugada, não imaginava que nossa vida ia ser destruída", iniciou a ré. "Do meu quarto, (que) tinha uma ampla janela de vidro, vi uma luz de um veículo, que parou em frente à minha casa. Em seguida, escutei um barulho na porta. Saí do quarto para ver quem estava aparecendo. Liguei a luz de fora e vi que era o Rodrigo. Ele perguntou pelo Mateus (nome do meio de Rafael). Eu disse que não era hora dele ver o Rafael, mas ele insistiu".
Segundo Alexandra, Rafael saiu do quarto e o pai pegou o menino no colo e disse que ia levá-lo. "Eu disse que não, que o meu filho ele não ia levar! A todo o momento, a ameaça maior foi contra o Anderson. Quando ele se afastou de mim, o Rafael apontou o dedo pra eu olhar pro lado. Nesse instante avistei outra pessoa", prosseguiu ela.
De acordo com o relato, um homem participou da ação. "Ele (Rodrigo) tirou uma corda do bolso da jaqueta. Estava com uma jaqueta preta e um boné bordô, estava de máscara. Tirou a corda e tentou amarrar nos braços do meu filho. Mas ele não conseguiu porque o Rafael se debatia muito. Eu não conseguia me aproximar, o cara me segurava", afirmou.
"Acho que meu filho tava sentindo que ia morrer ali. Meu filho começou a gritar e se debater: 'Para, pai. não, pai'. Foi o único momento que eu ouvi ele chamar ele de pai. Foi coisa de instantes. Meu filho começou a se debater muito. E logo em seguida ele parou. Entrei em desespero. Até hoje me pergunto 'por que ele não me matou no lugar do meu filho'?", questionou a ré.
Segundo Alexandra, Rafael saiu do quarto e o pai pegou o menino no colo e disse que ia levá-lo. "Eu disse que não, que o meu filho ele não ia levar! A todo o momento, a ameaça maior foi contra o Anderson. Quando ele se afastou de mim, o Rafael apontou o dedo pra eu olhar pro lado. Nesse instante avistei outra pessoa", prosseguiu ela.
De acordo com o relato, um homem participou da ação. "Ele (Rodrigo) tirou uma corda do bolso da jaqueta. Estava com uma jaqueta preta e um boné bordô, estava de máscara. Tirou a corda e tentou amarrar nos braços do meu filho. Mas ele não conseguiu porque o Rafael se debatia muito. Eu não conseguia me aproximar, o cara me segurava", afirmou.
"Acho que meu filho tava sentindo que ia morrer ali. Meu filho começou a gritar e se debater: 'Para, pai. não, pai'. Foi o único momento que eu ouvi ele chamar ele de pai. Foi coisa de instantes. Meu filho começou a se debater muito. E logo em seguida ele parou. Entrei em desespero. Até hoje me pergunto 'por que ele não me matou no lugar do meu filho'?", questionou a ré.
Alexandra disse ainda que teria sido obrigada a acompanhar a dupla até o terreno ao lado da casa dela, onde o corpo foi colocado.
O júri ouviu o depoimento de dez testemunhas, entre elas o pai do menino, familiares de Alexandra, professoras de Rafael e delegados do caso. Populares fizeram homenagens na entrada do fórum para Rafael.
Relembre o caso
Rafael foi morto no dia 15 de maio de 2020 por asfixia mecânica, provocada por estrangulamento com uma corda de varal. A mãe estaria inconformada com o fato de a criança estar brincando no celular até tarde, contrariando as suas ordens. Alexandra deu a criança duas doses de Diazepam, medicamento com função calmante, sob o falso pretexto de que auxiliaria o menino a dormir melhor, e, com ele desacordado, cometeu o crime.
A criminosa levou o corpo até o terreno de uma casa vizinha, e colocou-o dentro de uma caixa de papelão. O suposto desaparecimento de Rafael comoveu os vizinhos, que ajudaram nas buscas. Nesse período, alguns suspeitos, como o próprio pai do menino e o então namorado da mãe, foram investigados pela Polícia Civil.
Somente no dia 25 de maio, Alexandra mostrou aos policiais onde estava o corpo. Inicialmente, ela disse que matou o menino sem querer. Depois, em novo interrogatório, assumiu o crime. No entanto, nesta quarta-feira, negou tê-lo cometido.
O julgamento de Alexandra chegou a começar em 21 de março de 2022, mas foi cancelado antes mesmo do sorteio dos jurados, por abandono de parte dos integrantes da banca de defesa após uma discussão.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.