Coronel Cid, à esquerda de Jair Bolsonaro, atuava como braço direito do ex-presidente da RepúblicaAlan Santos/PR
Publicado 20/01/2023 19:17 | Atualizado 20/01/2023 19:20
Brasília - Braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid foi exonerado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 5 de janeiro, mas não saiu do radar do Supremo Tribunal Federal (STF). Desta vez, como peça-chave no 'gerenciamento' de um possível esquema de caixa 2 dentro do Palácio do Planalto. A descoberta foi feita por meio de um levantamento feito pela Polícia Federal por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). As informações foram publicadas pelo jornalista Rodrigo Rangel, no portal de notícias 'Metrópoles'. 
De acordo com a reportagem, o esquema seria alimentado com dinheiro vivo, proveniente de saques feitos dos cartões corporativos do ex-presidente na agência do Banco do Brasil localizada dentro do Palácio do Planalto, e por transações realizadas por militares lotados em quartéis das Forças Armadas.
Em setembro de 2022, como revelou a 'Folha de S.Paulo', Alexandre de Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal e autorizou a quebra de sigilo bancário e telefônico do coronel Cid, como é tratado nos bastidores, após suspeitas na movimentação bancária, que incluía despesas pessoais do próprio Bolsonaro, como da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Entre as informações colhidas pela PF está o pagamento em dinheiro vivo de faturas de cartão de crédito emitido no nome de uma amiga íntima da primeira-dama, e que era usado para despesas pessoais de Michelle. 
A investigação complica ainda mais a situação do ex-chefe do Executivo. De férias em Orlando, nos Estados Unidos, ele foi incluído no inquérito que apura os responsáveis, intelectuais e financeiros, pelos atos golpistas protagonizados nas sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Afinal, o clã Bolsonaro é tem investigações paradas relacionadas à prática de 'rachadinhas'.

Tenente-coronel do Exército, Mauro Cid era o 'faz tudo' de confiança de Bolsonaro, ao ponto de atender e responder mensagens pelo telefone em nome do ex-presidente da República. O próprio Bolsonaro criticou a atuação da PF, a quem acusou de "comer na mão de Moraes", quando o encarregado teve a quebra de sigilo confirmada sem o seu consentimento. 
Entre os inúmeros pagamentos realizados por Cid, os policiais encontraram faturas de um cartão de crédito emitido em nome de uma amiga pessoal de Michelle Bolsonaro (Rosimary Cardoso Cordeiro), mas que era usado para custear despesas da ex-primeira-dama. Em setembro, a planilha de pagamento, com dinheiro vivo, de despesas do clã presidencial já chamava a atenção da PF.

modus operandi remeteu ao caso do senador Flávio Bolsonaro (PL), investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro pela prática de 'rachadinhas', envolvendo saques em dinheiro na boca do caixa e 'gerenciado' por funcionários de confiança da família. Tal prática, levanta indícios de lavagem de dinheiro. No caso do filho 01, Fabrício Queiroz, operava o suposto esquema.
O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid é íntimo da família Bolsonaro. Seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid, foi colega do ex-presidente no curso de formação de oficiais do Exército. Em 2019, foi para a reserva, mas ganhou do governo o cargo de chefe do escritório da Apex, a agência brasileira de promoção de exportações, em Miami, com salário em dólares, na faixa de R$ 80 mil na conversão.

Cid filho, o ajudante de ordens, também ascendeu na carreira durante o governo passado. Era major e foi promovido a tenente-coronel. Tido como um dos mais radicais auxiliares do ex-presidente, o oficial já havia aparecido em várias das frentes de investigação a cargo de Moraes no STF.
Publicidade
Leia mais