Mortes foram causadas, na maioria dos casos, por desnutrição, pneumonia e diarreiaDivulgação/Condisi-YY
Publicado 21/01/2023 19:07 | Atualizado 21/01/2023 22:14
Brasília - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou a abertura de um inquérito para apurar supostos crimes ambientais e de genocídio contra os povos indígenas Yanomamis, após uma comitiva do governo federal, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ter ido até Boa Vista, capital de Roraima, para acompanhar a situação dos indígenas, na manhã deste sábado, 21.
"O presidente Lula determinou que as leis sejam cumpridas em todo o país. E vamos fazer isso em relação aos sofrimentos criminosos impostos aos Yanomami. Há fortes indícios de crime de genocídio, que será apurado pela PF", afirmou Dino.
A partir da próxima segunda-feira, 23, a Polícia Federal começará a atuar no caso, por ordem do ministro. O Ministério da Saúde decretou, na última sexta-feira, 20, emergência em saúde pública em decorrência da desassistência do povo Yanomami.
A ministra da Pasta, Nisia Trindade, que esteve na comitiva que visitou capital roraimense, afirmou que seu Ministério está determinado "a resolver as emergências". Nas redes sociais, a ministra também se manifestou e considerou que a situação no território Yanomami "é grave"
"O Ministério da Saúde registrou três óbitos de crianças entre 24 e 27/12, e 11.530 casos de malária no último ano. Diante disso, embarcamos para Roraima, em comitiva com o presidente Lula e a ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara", escreveu Trindade.
De acordo com dados do Ministério dos Povos Originários, ao menos 99 crianças da comunidade indígena Yanomami já morreram devido o avanço do garimpo ilegal na região.
As mortes foram causadas, na maioria dos casos, por desnutrição, pneumonia e diarreia. As vítimas são crianças de um a quatro anos, e os dados são referentes ao ano de 2022.
Ainda de acordo com a Pasta, há uma estimativa de que, ao menos, 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome no território.
Além das mortes, em 2022 foram confirmados cerca de 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, que estão distribuídos entre 37 Polos Base. As faixas etárias mais afetadas são de pessoas de 50 anos, seguido de jovens de 18 a 49 e crianças de 5 a 11 anos.
Na coletiva em Boa Vista, o presidente Lula, quando perguntado sobre quais medidas o governo tomará para retirar os garimpeiros ilegais da reserva, afirmou que "não vai mais existir garimpo ilegal" na região.
"O que eu posso dizer para você é que não vai mais existir garimpo ilegal. E eu sei da dificuldade de se tirar o garimpo ilegal, já se tentou outras vezes, mas eles voltam. O que eu posso dizer é que nós vamos tirar", declarou.
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