Perdidos após a derrota e reclusão de Bolsonaro após as eleições, apoiadores batem cabeça e reclamam da falta de orientaçãoAFP
Publicado 25/01/2023 12:41 | Atualizado 25/01/2023 12:42
Rio - Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão sentindo falta do chamado 'gabinete do ódio' e já não sabem como agir diante do noticiário após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. De férias em Orlando, nos Estados Unidos, Bolsonaro está cada vez mais 'offline' das redes sociais. Grupos bolsonaristas tentam manter a unidade, mas muitos reclamam de falta de orientação.

"Está cada vez mais difícil, quase inviável, porque não sabemos onde atacar para não permitir o crescimento da esquerda", disse um apoiador que é dono de três canais no Telegram que, somados, contam com mais de 50 mil usuários.
Em fevereiro de 2022, um relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu que uma milícia digital atuava para divulgar informações falsas e atacar instituições, a democracia e opositores do clã Bolsonaro, usando a estrutura do 'gabinete do ódio'. Além de assessores da Presidência, o vereador Carlos Bolsonaro (Repuplicanos-RJ), filho do ex-presidente, são suspeitos de integrarem o grupo.

Para ele, até as eleições presidenciais a dinâmica funcionava e a direita pautava o debate porque havia organização e mobilização nas redes sociais, alimentada pelo 'gabinete do ódio' e lives semanais de Bolsonaro.
"Pessoas próximas ao presidente levantavam os temas e a gente repercutia. Isso sempre deu certo", garante.

Desde a derrota, nas urnas, no entanto, Bolsonaro se fechou. "A gente precisa decifrar os códigos, muita gente desanimou por causa disso. Parece que eles não querem mais salvar o Brasil do comunismo", lamenta.

Mesmo sem a orientação do 'gabinete do ódio', que foi desmontado sem a força da máquina pública, os bolsonaristas seguem tentando espalhar fake news, mas de forma desordenada e sem atingir, de fato, a sociedade. Se antes todos os temas chegavam em praticamente todas as famílias, agora ficou mais difícil.

"Como não existe uma coordenação, cada canal fala o que quer. Algumas coisas pegam, outras nem tanto", diz o bolsonarista frustrado. Para ele, é preciso achar outro nome que organize o grupo se Bolsonaro não tomar a posição.

"Muita gente se sente abandonado pelo Bolsonaro. Ainda não entendemos o que ele fez", disse. De todo modo, a fonte ouvida pela coluna garante que não vão parar. "É pelo Brasil, não pelo Bolsonaro", conclui.
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