O ex-ministro da Justiça Anderson Torres está preso no 4º Batalhão de Polícia Militar, no GuaráValter Campanato/Agência Brasil
Publicado 06/02/2023 18:46
Brasília - A defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL), solicitou formalmente nesta segunda-feira, 6, que o Supremo Tribunal Federal (STF) revogue a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. Torres está detido desde o dia 14 de janeiro, suspeito de omissão nos atos golpistas contra as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.
Nomeado secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, o ex-delegado da Polícia Federal desfrutava as férias em Orlando, nos Estados Unidos, no dia do ataque terrorista. Sob pressão após a desastrosa operação de inteligência e logística, o governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) o exonerou do cargo antes de ser afastado do Palácio Buriti, também por suspeição de omissão.
No pedido ao STF, os advogados de Torres argumentam que não há motivos que justifiquem a prisão do ex-ministro, se disponibilizou a entregar seu passaporte, colocar à disposição da Justiça seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, além de acatar medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica. Em depoimento, porém, Torres não convenceu à PF sobre o 'sumiço' de seu telefone na terra da Disney ou a origem da chamada 'minuta do golpe' encontrada em sua residência, em Brasília.
A suspeita é que Torres, com a participação de setores da Polícia Militar do DF e de militares, tenha facilitado a ação dos terroristas bolsonaristas. A defesa nega a versão. No documento enviado ao STF, os advogados ressaltam que a liberdade do ex-secretário não representa "qualquer risco à persecução penal", e que ainda faltam indícios da relação direta do preso com os atos golpistas do dia 8 de janeiro.

No último depoimento prestado à PF no dia 2 de fevereiro, Torres disse que houve uma "falha grave" na execução do plano de segurança do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF) e, que antes de iniciar o período de férias, se reuniu com o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, com a secretária distrital de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra, e com a subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública, Cíntia Queiroz de Castro.

Na conversa, ficou acordado que o Exército e o Governo do Distrito Federal trabalhariam, a partir do dia 10 de janeiro, para desmobilizar as pessoas em acampamentos em frente aos quartéis, começando pela população "vulnerável e moradores de rua". Entretanto, o cronograma foi atropelado pelos fatos.
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