Para governador, houve "falha" em deixar passar redação com esse temaMarcelo Camargo/Agência Brasil
Publicado 10/02/2023 16:07
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vetou um projeto de lei que prevê validade indeterminada para laudos que atestem Transtorno do Espectro Autista. A proposta do deputado Paulo Corrêa Jr (PSD) foi aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em dezembro do ano passado.

Na justificativa, Freitas afirmou que o veto atende um pedido da Secretaria de Saúde do estado. O governador afirmou que o transtorno dos cinco aos onze anos é mutável e apontou a possibilidade de erros no diagnóstico.

“Como apontou a área técnica de saúde mental da Secretaria da Saúde ao manifestar contrariedade à propositura, o transtorno do espectro autista diagnosticado precocemente até os cinco anos e onze meses de idade é mutável, podendo mudar tanto de gravidade como até mesmo deixar de existir”, disse Tarcísio de Freitas.

A decisão repercutiu negativamente nos corredores da Alesp. Deputados já começam a debater a derrubada do veto nas próximas sessões.

Dois parlamentares ouvidos pela reportagem apontaram surpresa na decisão de Freitas. Enquanto um disse que as justificativas do governador eram ‘pífias’, outro apontou para a possibilidade de negociações com o Palácio dos Bandeirantes para reverter a proposta.

Criador do projeto, Paulo Corrêa Jr disse acreditar que Tarcísio de Freitas foi induzido ao erro.

“Tenho convicção de que o governador foi levado ao erro pelo parecer realizado pela assessoria. Sem dúvidas, o governador não teve o conhecimento anterior do parecer, não tendo assim a oportunidade de levar em consideração tais orientações para sanção do projeto de lei. Tenho a certeza absoluta da sensibilidade do governador em relação às questões de saúde, em especial ao espectro autista, visto que o mesmo me relatou isso em conversas anteriores”, disse, em nota.

Recuo de Tarcísio
Após a repercussão negativa nas redes sociais e na Assembleia Legislativa, Tarcísio de Freitas recuou e pediu desculpas pelo veto no projeto. Para ele, houve ‘falha’ em deixar passar uma redação com esse tema.

Freitas prometeu aperfeiçoar o texto aprovado pela Alesp e garantiu a inclusão de outras deficiências na proposta.

“Erramos. É importante esclarecer que o entendimento do Governo de São Paulo é que o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista é permanente e, portanto, os direitos serão definitivos. Falhamos ao deixar passar uma redação que não deixasse clara essa postura”, disse.

“Agora, vamos aperfeiçoar o projeto, ampliar e incluir outras deficiências neste laudo definitivo. Para isso, vamos chamar a sociedade civil e entidades para discutir com responsabilidade o assunto e trabalhar para avançar com políticas públicas efetivas”, concluiu Freitas.

Autismo não é mutável
Segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), há três níveis de autismo existentes atualmente:
  • Nível 1: caracterizado pela pouca necessidade de apoio no dia a dia e sintomas mais leves
  • Nível 2: Necessidade de apoio em ações do dia a dia e maior dificuldade de interação social, com conversas sucintas e pouco contato visual
  • Nível 3: Dependente de ajuda em tarefas do dia a dia

Entre os principais sintomas, está o déficit clinicamente significativo e persistentes na comunicação social e interações sociais. Os pacientes ainda contam com padrão de comportamentos repetitivos e estereotipados.

Com tratamento psicológico, os sintomas vão reduzindo, mas não desaparecem. Os pacientes ainda devem encontrar dificuldades em atividades consideradas normais.
Publicidade
Leia mais

Você pode gostar

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.

Publicidade

Últimas notícias