Sindicato do Crime rivaliza com o PCC no RN e aposta no confronto. Ao menos dois ônibus foram incendiados em Natal na terça-feira (14)Reprodução/redes sociais
Publicado 15/03/2023 21:41 | Atualizado 15/03/2023 21:42
Natal e São Paulo - Ônibus incendiados, prédios públicos depredados, tiros a bases da polícia. O caos que assusta moradores do Rio Grande do Norte há alguns dias tem um principal suspeito: o Sindicato do Crime (SDC), que comanda as cadeias potiguares. Criado há dez anos para fazer frente ao domínio do Primeiro Comando da Capital (PCC) nos presídios do Estado, o grupo incorporou métodos da organização paulista e hoje tem no modus operandi episódios recorrentes de violência urbana, como forma de pressionar o poder público.
"Fundado em 2013 e com o lema principal 'o certo pelo certo', o SDC controla grande parte das unidades prisionais e das quebradas da grande Natal. Apesar de pouco tempo de existência, a facção deixou um legado considerável no que concerne ao seu domínio territorial e à sua afronta a um comando que existe internacionalmente, que é o PCC", escreveu a pesquisadora Natália Firmino Amarante, em sua dissertação de mestrado apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em 2019.
Em janeiro de 2017, o nome Sindicato do Crime ganhou repercussão quando pelo menos 26 dos seus integrantes foram mortos na maior chacina já registrada em uma unidade prisional no Rio Grande do Norte. Membros do PCC arrombaram grades da Penitenciária Rogério Coutinho Madruga, considerada de segurança máxima, e invadiram pavilhões da Penitenciária Estadual de Alcaçuz. Ambas as facções dividiam o mesmo terreno em uma região de dunas na Grande Natal
Guerra
Hoje, conforme dados de fontes ligadas à segurança pública no Rio Grande do Norte, o Sindicato do Crime é a maior facção do Estado, com mais de mil "sindicalizados" presentes em quase todas as unidades prisionais. O domínio do tráfico e a disputa pelo poder dentro das detenções com os remanescentes do PCC ainda configuram uma guerra urbana local no Estado.
"Não é a primeira ação que a gente tem desse tipo. Não é um problema localizado", diz a antropóloga Andressa Morais, da Universidade de Brasília (UnB). A atuação da facção nas ocorrências desta semana está sob investigação das autoridades potiguares.
Publicidade
Leia mais