Elisabete Tenreiro, 71 anos, morreu após ser esfaqueada por aluno em escola da Vila Sônia Reprodução/ Redes sociais
Publicado 27/03/2023 22:05 | Atualizado 27/03/2023 22:09
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São Paulo - Funcionária pública por toda a vida, a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, fez carreira no Instituto Adolfo Lutz, onde ingressou em 1971, e se aposentou havia três anos. Formada em Química, trabalhava com testes e controle de qualidade no Centro de Alimentos da instituição. Foi também autora de pesquisas científicas publicadas em periódicos especializados. Não queria se aposentar.
Passou a dar aulas em 2015 e atuava na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, desde o começo do ano. Foram oito anos na docência, até ser morta a facadas na manhã desta segunda-feira, dentro da sala de aula, por um aluno de 13 anos. Imagens de câmera de segurança mostram que a professora parece não perceber a aproximação do assassino, que a golpeia pelas costas. Ela cai em seguida. Um aluno que testemunhou o ataque relatou que Elisabeth fazia a chamada quando foi atingida. Outras quatro pessoas, três professoras e um aluno, ficaram feridas.
Estudantes do colégio se lembraram dela em homenagens nas redes sociais como carinhosa e dedicada ao ensino e aos alunos. Nas publicações, relembraram os momentos em sala de aula. "Obrigada por muitas risadas naquela sala, muitas brincadeiras. A senhora vai sempre ser lembrada. Te amamos muito", dizia um deles. "Descanse em paz, Beth. Vou sentir muito a sua falta", comentava outra. Avó, Elisabeth também é descrita como uma mulher apaixonada pelos netos e sempre bem-humorada.
FALANTE
Ela voltava todo dia de táxi da escola para casa. A professora ligava para um ponto de táxi na região, ao lado da Estação Vila Sônia do Metrô, e ia para a esquina da escola para facilitar para os motoristas, já que é uma rua sem saída. "A última vez que fiz uma corrida com ela foi na quinta-feira", disse o taxista Aurélio Albuquerque, de 43 anos. "Era uma pessoa atenciosa, muito legal. Falante, conversava, perguntava da vida da gente, falava dela. Era gente ‘boníssima’", disse.
Com carinho, Aurélio conta que, em uma das vezes que a foi buscar na esquina da escola, duas estudantes estavam esperando um carro de aplicativo chegar. "Ela fez eu esperar até que o carro delas chegasse, para não terem problema." As corridas eram feitas por volta de 14h, segundo os taxistas. "Quando dava perto desse horário, a gente já ficava esperando", disse. Como ela mora perto da escola, com a filha, levava por volta de 10 minutos e não dava mais do que R$ 15.
A notícia da morte chocou os taxistas do ponto. "A gente já passa por tanto problema trabalhando na rua, que é uma vida tão difícil, imagina ter isso dentro de uma escola, que é o único lugar que a gente imagina não ter violência", disse Aurélio. "É uma tragédia."
RECONHECIMENTO
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que o titular da pasta, Eleuses Paiva, lamentou profundamente a morte da professora. "A profissional contribuiu ativamente ao longo de quatro décadas de trabalho na área de planejamento e desenvolvimento de atividades. O secretário se solidariza com todos os familiares e amigos da vítima." 
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