Publicado 30/03/2023 17:01
Mais de 90% dos casos de violência contra crianças no Brasil acontecem no ambiente doméstico. Destas ocorrências, 72,7% acontecem onde mora a vítima e o acusado da agressão, 15,7% na casa da vítima e 5,2% na casa do acusado.
Esses são dados divulgados pela Pesquisa Nacional da Situação de Violência Contra Crianças no Ambiente Doméstico, desenvolvida pelo ChildFund Brasil, com o apoio da The LEGO Foundation.
O recorte do local onde ocorrem as agressões aponta ainda para ocorrências em via pública (1,5%), casa de familiares (1%), ambiente virtual (0,8%), estabelecimento de ensino (0,5%) e de saúde (0,3%).
“O objetivo da pesquisa foi identificar possíveis lacunas e entraves na prevenção e no enfrentamento das violências contra as crianças e auxiliar na identificação de possibilidades de atuação, tanto do Estado, quanto da sociedade civil e das organizações da sociedade civil na erradicação desse problema”, afirmou Maurício Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil.
O estudo também lançou luz sobre quais os tipos de violência que mais infringem os jovens. As violências contra a integridade física das crianças são registradas em 37,1% dos casos, enquanto 18,7% das ocorrências verificam violências contra a integridade psíquica.
O levantamento destaca ainda que tortura psíquica, ameaça e alienação parental em terceiro representam 15,4%, insubstância afetiva 11%, negligência 7,2%, violação de direitos sociais 4,3%, violências sexuais 4% e condição análoga à escravidão 1,2%.
A pesquisa foi realizada entre outubro de 2022 e janeiro de 2023 e escutou 698 pessoas, entre crianças, adolescentes, familiares e professores de crianças de zero a oito anos.
“As violências físicas são, comumente, de melhor compreensão e identificação por parte das pessoas, sejam elas as próprias vítimas ou pessoas externas ao domicílio, como vizinhos, outros parentes e amigos. Mas é importante destacar que, habitualmente, elas não ocorrem de forma isolada, mas estão inseridas em algum ciclo de violência, somando-se a agressões e ameaças, por exemplo, ou agressões e privações de liberdade”, ressalta Cunha.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera a violência doméstica um sério problema de saúde pública. A entidade afirma que três em cada quatro crianças com idades entre dois e quatro anos, cerca de 300 milhões, são regularmente submetidas a disciplina violenta por parte de seus cuidadores.
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