Pai de santo é preso suspeito de estuprar enteadas

A Polícia Civil prendeu na última quarta-feira, 5, um pai de santo, de 59 anos, suspeito de estuprar três enteadas em Belo Horizonte. De acordo com a denúncia, uma das vítimas era abusada desde os oito anos de idade. Corporação também investiga outros casos.

Segundo investigações, os crimes eram cometidos por Carlos Valério Barbosa de Souza na casa dele, onde também funcionava um centro religioso. Uma das vítimas contou para a mãe sobre o crime em 2019, na época com 18 anos, mas a mulher não teria acreditado. 

Em março deste ano, outra enteada, 15, disse à mãe que foi abusada por ele. Os estupros teriam começado quando ela tinha 8 anos. A partir daí, a mulher acreditou nas filhas. Após o crime acontecer novamente, a mãe das meninas foi até a delegacia e fez a denúncia. Uma terceira vítima também acabou denunciando os abusos. Logo, as investigações tiveram início no mês passado.

"Neste ano ele fez de novo. Descobri o que ele fez com a minha irmã, e aí eu consegui contar para minha mãe. Eu nunca contei antes porque ele foi a minha figura paterna", afirma uma das enteadas.

De acordo com a polícia, as investigações também revelaram que há outras vítimas, mulheres que buscavam ajuda espiritual e que acabavam sendo violentadas. "Ele se valia da religião para ludibriar diversas mulheres, entre elas adolescentes. Nós estamos aguardando toda e qualquer vítima, a Polícia Civil está de portas abertas para fazer o seu acolhimento", disse delegado Eduardo Vieira, chefe da Divisão Especializada em Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente.

Uma mulher, que frequentava o terreiro onde eram realizados os rituais religiosos, também denunciou que foi estuprada por Carlos Valério e afirma que muitas outras mulheres também foram abusadas. "A gente sabe que são 14 vítimas pelo menos, mas é muito difícil se abrir sobre isso, mesmo que estejamos oferecendo acolhimento", contou.

A delegada Larissa Mayerhofer explicou que o homem se valia do posto religioso e de intimidações para cometer os crimes. Diante de "fortes indícios", ele foi preso preventivamente e encaminhado ao sistema prisional depois de ser localizado na casa de uma pessoa conhecida em Ribeirão das Neves, de onde planejava fugir.

"O investigado admitiu a prática das relações sexuais, mas alegou que elas foram consensuais. Essas pessoas iam até ele (no terreiro) para procurar uma cura para alguma enfermidade física ou aconselhamento espiritual. Durante as sessões, ele as molestou. Esse homem colocava um temor reverencial e dizia às vítimas que nunca seria preso. Intimidadas, muitas não fizeram denúncia", afirmou a delegada.