Dutra depôs na última quarta-feira à Polícia FederalReprodução
Publicado 13/04/2023 15:23
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Brasília - O ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, depôs na última quarta-feira (12) à Polícia Federal. Na ocasião, ele disse que o adiamento das prisões das pessoas que invadiram e vandalizaram a Praça dos Três Poderes nos atos golpistas do dia 8 de janeiro tiveram o aval do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo as informações coletadas pela CNN, o general informou que chegou a consultar o presidente acerca da situação das pessoas que praticaram os atos criminosos na sede dos Três Poderes e que migraram para acampamentos no Quartel General do Exército. Ele disse que a consulta foi exatamente acerca de não prender os participantes dos atos imediatamente.
Foi informado que o general se reuniu com o recém-decretado interventor federal na segurança pública do DF, Ricardo Cappelli, ao qual pediu prisão instantânea dos envolvidos. Ele teria feito o pedido logo após os atos de vandalismo ocorrerem.
Cappelli teria telefonado para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para falar acerca do assunto, enquanto o general Dutra conversava com o ministro-chefe do GSI, o general Gonçalves Dias. Segundo relatos, Dias teria dito que Lula gostaria que as prisões ocorressem imediatamente, mas Dutra pediu que fosse transferido diretamente para o presidente para que pudesse explicar a situação.
Na ligação, Dutra teria dito que entendia e concordava com a necessidade da prisão, mas argumentou acreditar ser uma operação muito complexa, dizendo que as tropas estavam cansadas e que haveriam confrontos desproporcionais, reforçando que iria "morrer gente". Com isso, Lula ordenou que "cerque todo mundo, não deixe ninguém sair e prenda todo mundo [no dia seguinte]", dizendo que "seria uma tragédia".
Com isso, na manhã do dia seguinte, cerca de 1.500 pessoas foram presas preventivamente nos acampamentos. Além disso, mais de 40 ônibus foram apreendidos e levados à Superintendência da PF no DF.
O depoimento de Dutra chegou a cerca de oito horas de extensão, e foi realizado na Academia Nacional de Polícia da PF. O general chegou ao local portando os documentos, mas sem a presença de um advogado. Era esperado que ele comprovasse que em nenhum momento recebeu ordens de uma instituição ou de uma ala judicial para que desocupasse o acampamento em frente ao QG.
Dutra informou que nem antes do dia 31 de dezembro — momento em que ainda se encontrava no governo de Jair Bolsonaro (PL) — nem após a posse de Lula houve o pedido. A única menção, segundo o general, foi quando o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou a prisão e o desmonte dos acampamentos em todo o território brasileiro na noite do dia 8 de janeiro.
Ao todo, 89 militares foram convocados para depor na última quarta-feira, sendo apenas 8 que não compareceram. Eles apresentaram atestados ou alegaram desculpas que impediu a presença no depoimento. Eles devem ser chamados novamente para prestarem o depoimento.
Os principais nomes que foram ouvidos são: os generais Gustavo Henrique Dutra de Menezes, então chefe do Comando Militar do Planalto; Carlos José Russo Assumpção Penteado, então secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no dia dos atos de vandalismo de 8 de janeiro; e Carlos Feitosa Rodrigues, então general de Divisão da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI.
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