Publicado 18/04/2023 15:37 | Atualizado 18/04/2023 15:52
Um sargento e um cabo da Polícia Militar (PM) que foram filmados agredindo uma mulher no meio da rua, em Primavera, Pernambuco, foram afastados provisoriamente, por 120 dias, de qualquer trabalho na corporação. A punição foi publicada nesta terça-feira, 18, no Boletim-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS).
Os PMs foram flagrados por câmeras de celular dando socos e tapas em Nadiane Kênia da Silva Ramos, de 25 anos, no último domingo, 16. As agressões aconteceram na saída de uma festa em um clube da cidade.
Nas imagens, é possível ver que enquanto sofre as agressões, a mulher acaba sendo empurrada na direção de outro policial, que dá um tapa no rosto dela.
Nadiane relatou na delegacia que tinha ingerido bebida alcoólica e estava caminhando na rua com o irmão, quando teve a sensação de que estava sendo perseguida e se aproximou de uma viatura policial para pedir ajuda. Aos agentes, ela se apresentou como ex-companheira do sargento reformado da PM João José Soares, conhecido como João da Kombi, 61, que foi assassinado a tiros na cidade, em fevereiro de 2022. Ela também contou que também foi baleada na ocasião, mas sobreviveu.
"Comecei a chorar e pensei que tinha bandido na rua querendo matar a mim e meu irmão. Quando cheguei perto dos policiais, disse que era a esposa de 'João da Kombi'. Aí ele (o policial) disse: 'Não, você era a rapariga!'. Depois, ele (o policial) desceu do carro e começou a me agredir", disse ao portal "G1".
Segundo a vítima, após as agressões, um dos agentes lançou spray de pimenta nos olhos dela. Foi quando os PMs voltaram à viatura e deixaram o local. Com hematomas no corpo, ela disse que foi socorrida por moradores que passavam pela área.
Na segunda, 17, novas imagens mostram as agressões por outro ângulo. No mesmo dia, a SDS pediu o afastamento dos policiais e apontou que apontou que "houve um ato incompatível com a função pública".
De acordo com a secretaria, o afastamento do terceiro sargento Ademir Sena e do cabo Elias Rafael pode ser "ampliado por mais 120 dias, caso seja necessário para concluir as investigações". O documento também afirma que um processo administrativo-disciplinar foi aberto para apurar a conduta dos militares.
Ainda de acordo com a SSDS, durante o período de afastamento, os agentes ficarão sem armas e carteiras de polícia. Eles devem apenas assinar o controle de presença. No entanto, continuarão a receber os salários.
Em nota, a Polícia Militar informou que a corporação não concorda com esse tipo de conduta e que vai investigar o comportamento dos policiais.
"Ratificamos que este tipo de procedimento, agressivo, exagerado e desproporcional, não condiz com a doutrina de abordagem policial, tampouco faz parte das orientações repassadas pela corporação à sua tropa", afirmou.
Após as investigações, o caso dos PMs vai ser encaminhado para o Conselho de Disciplina. Caso fique comprovado, ao longo da tramitação do processo, que eles descumpriram o código de conduta dos militares, a corregedoria poderá pedir a expulsão deles da corporação.
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