Marcos do Val, senador pelo Espírito SantoMarcelo Camargo/Agência Brasil
Publicado 06/05/2023 08:28
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Indicado como integrante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos Golpistas, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) usa o Telegram para tentar impedir que o também senador Eduardo Braga (MDB-AM) assuma o posto de relator da CPMI.
Do Val, ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), distribuiu num grupo da rede social com mais de 12 mil membros o número do celular de Braga para que as pessoas ligassem para o senador e se manifestassem contra a pretensão dele de ter um posto de comando na comissão parlamentar.
"Não podemos deixar isso acontecer (que Braga seja relator)!! Pedi a minha assessoria para levantar no regimento alguma possibilidade de bloquearmos isso. Vocês podem fazer pressão com o senador Eduardo Braga!", escreveu. Depois, compartilhou uma imagem de Braga na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante as eleições. "Não podemos permitir!" Procurado, Braga disse não ter conhecimento do vazamento e preferiu não comentar.
Sniper
No grupo de Telegram, Do Val compartilha conteúdos próprios para serem impulsionados e bastidores de articulação. No fim de abril, por exemplo, ele postou um vídeo dando um tiro com um rifle sniper com a legenda "treinando para a CPMI". A atitude expõe como deverá ser os trabalhos da comissão, que, assim como a CPI da Covid, usará as plataformas na guerra de narrativas entre apoiadores de Lula e de Bolsonaro.
Do Val foi um dos mais fervorosos defensores da instalação da CPMI. O objetivo é envolver o governo petista na apuração. Ele foi um dos primeiros a visitar os presos pela invasão e depredação de dependências do Supremo Tribunal Federal (STF), do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional.
'Guerra'
No grupo do Telegram, ele costuma atacar membros do governo, como o ministro da Justiça, Flávio Dino, a quem chama de "bandido" e "lixo". Publicou ainda uma montagem em que ele aparece posando em frente a Lula algemado. "A guerra está apenas começando", disse.
Receoso de que o governo possa assumir a presidência ou a relatoria da CPMI, ele também já divulgou o telefone de gabinete dos líderes partidários e pediu para que os seguidores ligassem cobrando que o indicassem como relator do colegiado.
Neste momento, congressistas dizem que a oposição não conseguirá ter o controle nem da presidência, que deve ficar com Arthur Maia (União Brasil-BA), mais ligado ao Centrão. Um nome mais próximo do governo, como Eduardo Braga, poderá assumir a relatoria.
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